Syrena

Capítulo 7 ☆ Vincey

Quando Vin e Koltrix atravessaram o portal a visão daquilo que estava do outro lado fez as pernas humanas de Vin fraquejarem e seus pulmões perderem o fôlego. E a causa daquilo não tinha nada a ver com a fraqueza de seu corpo.

Seres mágicos de todos os tipos e espécies andavam, rastejavam e voavam livremente por um campo ensolarado que parecia não ter fim. Ao olhar mais ao longe o tritão enxergou as montanhas azuis à distância formando uma muralha em círculo ao redor daquele espaço como uma grande tigela protegendo quem estavam  dentro daqueles que estavam do lado de fora.

Koltrix observava com um sorriso fascinado os olhos brilhantes de Vin, quando uma criatura com cabeça, braços e dorso de um ser humano e com corpo e pernas de cavalo, aproximou-se mansamente deles.

— Esta é Hyla, das montanhas do Norte. Ela é a guardiã. — Koltrix disse sem olhar para confirmar.

— Senhora. — Hyla, a centáuride, fez uma mesura tocando seus joelhos eqüinos no chão e voltando à sua altura de mais de dois metros para observar Vincey de cima. — Que novo ser você nos trouxe?

— Ele é um tritão. — Koltrix respondeu suavemente, fazendo os olhos de Vin se desviarem para sua boca vermelha que estava tentadoramente próxima da dele momentos atrás.

Sua voz era como uma carícia delicada descendo por sua espinha desde que falou pela primeira vez em sua presença. Mesmo através daquele tanque odioso era possível sentir a atração que o levava a querer tocá-la sempre que falava algo. Abraçá-la para sentir as vibrações de seu ronronar, misturar seus cheiros, tocar os lábios naquela pele macia e proibida.

Foi uma tentação ardente não fazer nada com ela durante os minutos em que dormia pacificamente em seus braços, com aqueles espasmos que faziam seus corpos roçarem um no outro. Seu rosto ardeu ao relembrar aquele momento em que ela percebeu o quão excitado ficou ao dividirem a cama.

A centáuride bateu os cascos no chão, ansiosa.

Vin tirou os olhos de Koltrix tempo suficiente para analisar Hyla do mesmo modo que ela fazia com ele. Sua parte humana era esguia, com apenas uma pequena blusa feita de couro para tapar os seios, seu cabelo era tão castanho e tão selvagem quanto seu rabo de cavalo. Seus olhos marrons eram apenas dois tons mais escuros que sua pelagem caramelo. Um cinto de couro atravessava sua cintura segurando uma espada larga prateada que zumbia com algum tipo de força misteriosa que, Vin não tinha dúvidas, causaria muito mais estrago do que a lâmina afiada.

Vin abaixou a cabeça respeitosamente para a guardiã.

— Vincey, do Atlântico Sul. — Ele disse com a voz sussurrante, sedutora, notando de relance a expressão alarmada de Koltrix e saboreando seu espanto.

Vin sorriu perversamente, arqueando uma sobrancelha para ela.

— Algum problema? — Cantarolou, espaçando cada palavra.

Koltrix franziu a testa para ele e notou a reação divertida de Hyla.

— Você não enlouqueceu. — Koltrix disse, esbaforida.

— Tritões podem escolher se vão enfeitiçar ou não uma pessoa. — Hyla assegurou, cautelosa ao notar a irritação de sua Senhora. — Pensei que soubesse disso.

Koltrix fulminou Vin com o olhar negro que aqueceu as partes abaixo de sua cintura ao notar o perigo por trás dele, e ele desejou que aquele vestido vermelho que tapava seu corpo sumisse e eles pudessem rolar na grama para se entenderem.

— Apenas sereias não tem controle sobre o poder de sua voz. — Vin confessou, sem esconder sua presunção. — Então, se você achar uma beldade muda andando por aí, tenha certeza de que é uma sereia.