Capítulo 8

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Os dois, unicórnio e tritão, me olharam como se meu cérebro tivesse criado asas e voado para bem longe distante de minha cabeça.

— Você pretende me largar com o unicórnio? — Vin perguntou, soando magoado e irritado.

Não sou burro de carga, Senhora. — Sombra sussurrou em minha mente.

Fechei as mãos na cintura, encarando os dois.

— O peso dele não é nada para você. — Falei para Sombra, que observou Vin com um olhar crítico e bufou.

Tem razão. Está pele e osso.

Vin ferveu de raiva e tive que morder a língua para não rir.

E eu não largarei você com ninguém. Me virei para Vin, que me encarava com as sobrancelhas franzidas, um profundo vinco entre elas. Não faria a loucura de deixar vocês dois sozinhos, eu irei junto, acalmem-se.

Parecia que um peso havia sido tirado das costas de ambos, e o recinto pareceu mais leve de repente.

Então, será um prazer ser montado por você, Senhora. Suspirou Sombra. Embora o tritão seja leve, não parece possível que possa segurar-se sozinho em mim.

Vin estava prestes a lançar um comentário maldoso ao unicórnio, quando Castiel entrou em um espetáculo de luzes e cores no estábulo, os cabelos ruivos desgrenhados e o rosto corado pela magia.

Que bom que consegui alcançá-los à tempo. O mago ofegou, parando na minha frente com as mãos nos joelhos. Francis está com o Limbo, eles estão vindo atrás de você, Kol. Ele te denunciou. Castiel disse entre respirações pesadas.

Meu rosto se tornou inexpressivo.

O que ele disse? Perguntei baixinho. Vin se aprumou e Sombra bateu os cascos, nervoso com meu tom de voz.

Que você infringiu a regra de não levar seres ao quartel, e o agrediu para evitar que contasse. Agora eles pensam que você não registrou o tritão para que pudesse vendê-lo por baixo dos panos.

Isso é mentira.

Castiel se ergueu, batendo o pó do sobretudo.

Eu sei, tentei avisá-los, mas parece que Francis andava dizendo coisas de você para o conselho, e eles não parecem nem um pouco contentes com isso. E como você é um ser mágico... bem, sempre soubemos que eles sempre temiam o dia em que você fosse se virar contra eles. Ele disse, a contragosto.

Eu dei a minha vida pela causa. Murmurei, com ódio pela injustiça. Francis não deu nada. Eles deveriam confiar em mim.

Ele deu o dinheiro.

Bufei uma risada de escárnio.

Dinheiro. O único poder que os humanos jamais terão. Eu disse, amargurada.

Os humanos não possuíam qualquer poder mágico. Garras ou presas afiadas. Eles usam dinheiro como forma de poder. E dinheiro pode ser queimado. Destruído. Perdido.

Fui eu quem o apagou. Vin se pronunciou, recebendo um olhar espantado de Castiel, mas apenas arqueou uma sobrancelha para ele. A demônia não queria, mas insisti. Ele estava nos fazendo perder tempo.

Castiel o olhou da mesma forma que Sombra. Analisando agora um oponente digno.

Bom trabalho. Ele sorriu maldosamente. Mas poderia ter feito melhor e quebrado o nariz dele.

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