Capítulo 9 - PRT 1 +18

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Depois de horas na garupa de Sombra, paramos em uma floresta perto de um vilarejo para passar a noite. A cidade grande ficava a alguns kilômetros, mas ninguém que não estivesse procurando por problemas sairia atrás de nós àquela hora.

Vincey desmontou assim que os cascos de Sombra tocaram o chão, se afastando logo em seguida, cambaleante.

Preocupada, deslizei das costas do unicórnio quando ele gentilmente se ajoelhou.

Acariciei seu focinho macio e fui atrás de Vin, que havia se sentado numa rocha.

- Tome conta dele, Senhora.

Me virei para trás quando Sombra soprou em meu ouvido, seus olhos negros brilharam na escuridão.

- Ele está a muito tempo fora da água, e como está fraco isso pode ser fatal. Mesmo para Ele.

Se Sombra estava tomando o cuidado de me alertar, ele deveria ter sentido alguma coisa muito grave por meio da conexão entre ele e Vin. Assenti e me agachei ao lado do tritão.

- Venha comigo. - Eu disse, e quando ele não olhou para mim, insisti. - Sobrevoamos um lago a alguns metros daqui, é agua doce, mas vai servir.

Vin bufou alguma coisa que não entendi, mas fez força para se levantar, imediatamente minha mão o apoiou e fomos em direção ao barulho distante de água.

- Voltarei quando ele estiver se sentindo melhor. - Eu disse, de costas para o Unicórnio.

- Estarei sempre à sua espera. - Respondeu Sombra, e eu sabia ser verdade quando nos afastamos.

Andamos por vários minutos entre o dossel de árvores como dois bêbados voltando para casa de manhã. Com Vincey depositando todo o seu peso em mim, me obriguei a ir mais rápido quando ele começou a ofegar.

Quando pensei que pegara o caminho errado o luar refletiu na superfície do lago, transformando-o em um espelho do céu e suas estrelas na base da terra.

Vincey ao sentir o cheiro da água, se afastou de mim e tropeçou em direção a borda, tirando as roupas com uma velocidade que me deixou impressionada.

Ele devia ter odiado mesmo as roupas de adolescente do Castiel.

Segurei o riso e subi em uma rocha no meio da água sem me molhar.

- Cuidado para não se afogar. - Falei apenas para quebrar aquele silêncio que nos acompanhava desde a visita ao santuário.

Vincey nu olhou para mim pelas costas e pulou na água com agilidade. Seus músculos todos se moveram com uma graciosidade que deixou apenas ondulações leves onde as mãos partiram a água. Observei-o tomar a forma de tritão como um falcão observa sua caça antes de o prender com as garras.
Ele subiu novamente para a superfície e sua calda ficou oculta pela água, apenas seu tórax vigoroso veio atona quando ele se aproximou de mim.

Os músculos do abdômen oscilaram em sincronia com o movimento. Era como se ele estivesse flutuando na água. Seu corpo encharcado ao luar convidou suas delicadas escamas à cintilarem como minúsculas jóias de prata por todo seu ombro. Incapaz de deixar de olhar, apreciei a vista até encontrar seus olhos, que desta vez estavam de um cobalto amigável.

Cerrei os olhos.

Agora que estava livre para se mover, ele estava se exibindo.

- Cuidado, vou acabar me derretendo e sujando a água. - Brinquei, me esticando em minha pedra e pegando meus cabelos para pentear com os dedos. Enfim livre da cartola meus chifres o cumprimentaram.

- Então a água ficaria ainda mais agradável ao acrescentar seu gosto salgado.

Bufei desconsiderando o insulto.

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