2. Um Começo Ousado

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Sábado a tarde. Felipe decide tirar a tarde para tentar solucionar o problema do começo de suas psicografias. O que fazer? Não se cansa de perguntar. Resolve estudar a Revista Espírita de Allan Kardec. Lê os índices das revistas que tem em seu computador. Quem sabe encontra alguma resposta, alguma pista de como começar. Pensa. Depois de ler sobre a fascinante vida em Júpiter, encontra um relato de Kardec sobre a mediunidade na infância, é a história de Gabriel Delanne! Felipe empolga-se! Está na Revista Espírita, de outubro de 1865, Variedades: vossos filhos e vossas filhas profetizarão.

VARIEDADES

VOSSOS FILHOS E VOSSAS FILHAS PROFETIZARÃO.

O Sr. Delanne [Pai do Gabriel], que muitos de nossos leitores já conhecem, tem um filho com a idade de oito anos [Gabriel Delanne]. Esse menino que ouve a cada instante falar de Espiritismo em sua família, e que frequentemente assiste às reuniões dirigidas por seu pai e sua mãe, assim se achou iniciado em boa hora na Doutrina, e, às vezes surpreende com a justeza com a qual raciocina os princípios. Isto nada tem de surpreendente, uma vez que é o eco das ideias nas quais foi embalado, também não é o objetivo desse artigo; o que o trouxe na matéria do fato que vamos reportar, é que tem seu propósito nas circunstâncias atuais.

As reuniões do Sr. Delanne são graves, sérias e mantidas com uma ordem perfeita, como devem ser todas aquelas às quais se quer fazer tirar frutos. Se bem que as comunicações escritas ali tenham o primeiro lugar, ocupa-se também acessoriamente, e a título de instrução complementar, de manifestações físicas e tipológicas, mas como ensinamento, e jamais como objeto de curiosidade. Dirigidas com método e recolhimento, e sempre apoiadas em algumas explicações teóricas, estão nas condições desejadas para levar a convicção pela impressão que elas produzem. É em tais condições que as manifestações físicas são realmente úteis; elas falam ao Espírito e impõem silêncio à zombaria; sente-se em presença de um fenômeno do qual se entrevê a profundeza, e que se afasta até da ideia do gracejo. Se essas espécies de manifestações, das quais se tem tanto abusado, tivessem sempre se apresentado dessa maneira, em lugar de ser como divertimento e pretexto de questões fúteis, a crítica não as teria taxado de malabarismos; infelizmente, frequentemente, não se tem senão lhe dado ensejo.

O filho do Sr. Dalanne [ o Gabriel ] se associa freqüentemente a essas manifestações, e influenciado pelo bom exemplo, as considera como coisa séria.

Um dia se achava na casa de uma pessoa de seu conhecimento, jogavam no pátio da casa com sua pequena prima, com idade de cinco anos, dois pequemos garotos, um de sete anos outro de quatro. Uma senhora moradora no térreo, convidou-os a entrar em sua casa, e lhes deu bombons. As crianças, como delas se pensa bem, não se fizeram de rogadas.

Essa senhora disse ao filho do Sr. Delanne: Como te chamas, meu filho?

— Resp. Eu me chamo Gabriel, senhora.

— Que faz teu pai?

— R. Senhora, meu pai é Espírita. -Eu não conheço essa profissão.

— R. Mas, senhora, isso não é uma profissão; meu pai não é pago por isso; ele o faz com desinteresse e para fazer o bem aos homens.

— Meu homenzinho, não sei o que quereis dizer.

— R. Como! jamais ouvistes falar das mesas girantes?

– Pois bem, meu amigo, eu muito gostaria que teu pai viesse aqui para fazê-las girar.

— R. É inútil [Não é preciso que ele esteja aqui], senhora, tenho a força de fazê— las girar eu mesmo.

— Então, queres tentar, e me fazer ver como se procede? — R. De bom grado, senhora.

Dito isto, sentou-se junto de uma mesinha de salão, e fez colocar seus três pequenos companheiros, e hei-los todos os quatro pousando seriamente suas mãos em cima. Gabriel fez uma evocação de um tom muito sério e com recolhimento; apenas terminou-a, com a grande estupefação da senhora e das crianças, a mesa se levantou e bateu com força.

— Perguntai, senhora, disse Gabriel, quem vem responder pela mesa.

– A vizinha interroga, e a mesa soletra as palavras: teu pai.

— Essa senhora torna-se pálida de emoção. Ela continua: Pois bem! meu pai, quereis me dizer se devo enviar a carta que acabo de escrever?

— A mesa respondeu: Sim, sem falta.

— Para me provar que és bem tu, meu bom pai, quem está aqui, gostaria que me dissésseis há quantos anos morrestes?

— A mesa bateu logo oito golpes bem acentuados. Era justo o número de anos.

– Gostarias de me dizer teu nome e o da cidade onde morreste? — A mesa soletrou esses dois nomes.

As lágrimas jorraram dos olhos dessa senhora que não pôde continuar, tanto foi alterada por essa revelação e dominada pela emoção.

(...)

De resto, não é a primeira vez que a mediunidade se revela nas crianças, na intimidade das famílias. Não é isso o cumprimento desta palavra profética: Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. (Atos dos Apóstolos, cap. II, v. 17.)

Felipe mal pode sem acreditar! A coragem de Gabriel e o amparo espiritual dele é surpreendente. E que sorte, seu pai realizava reuniões sérias em sua casa! Pensa Felipe e se dá conta de algo curioso, por que será que ele se apresenta com dez anos? Será que ele está também encarnado?! Ah, isso eu vou descobrir... Pensa e volta ao seu problema central: como iniciar a psicografia.

Ele sabe que não deve fazê-lo sem a orientação de alguém experiente...Mas quem? Se for ao centro espírita que conhece, vão chamá-lo de louco...Vão proibir, ao invés de apoiar. Eles agem diferentes de Kardec em relação a mediunidade. Será que eles sabem como o codificador agiu com Gabriel Delanne? Entristece-se um pouco, mas lembra de Chico e sente que, de alguma forma, será ajudado. Resolve continuar estudando... Subitamente lhe vem uma ideia: por que não procurar na internet? Quem sabe encontraria alguém que o pudesse ajudar... Felipe pesquisa vários sites e fóruns, são muito bons, mas encontrar alguém que lhe possa orientar é outra questão... Está quase desistindo, quando um nome lhe chama a atenção e resolve entrar no site... Lê artigos, assiste alguns vídeos, parece interessante... Felipe pensa, será que alguém daquele grupo poderia lhe ajudar? Quem sabe irá fazer amigos que tenham as mesmas experiências... Ali falam de Eurípedes Barsanulfo, seriam seguidores honestos? Apoiariam a mediunidade em jovens... Resolve enviar um e— mail falando de seu interesse. Não custava nada, quem sabe não responderiam? Teria encontrado amigos de Eurípedes no mundo? Ao ler a mensagem de Eurípedes falando da Nova Geração teve a sensação de ter encontrado o colégio Allan Kardec virtual. Salvou o endereço, www.grupomarcos.com.br Decidiu aguardar a resposta de seu e-mail.

— Todos os globos que circulam no espaço são habitados?

— Sim, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. Há, entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Creem que Deus criou o Universo somente para eles.

(Livro dos Espíritos, questão 55)

Despertar - Se a Mediunidade Falasse 3Onde histórias criam vida. Descubra agora