Fica Comigo

Prólogo | Sobre o início

Rose Rosewood observou o objeto metálico escorregar lentamente de suas mãos trêmulas, encontrando o chão perto de seus pés. Seus olhos perdidos e assustadoramente inchados encararam seus sapatos. O All Star rosa de cano longo, apesar de surrado exalava perfeição.

O sapato velho era apenas uma das coisas que mostravam para a garota que sua vida havia mudado completamente.

Ela se abaixou com calma, o corpo estranhamente dolorido. Sentiu uma pressão desgostosa e familiar no coração, quando pegou seu chaveiro de estrela do chão.

Não tardou para que abrisse a porta do 404, entrando no lugar que por meses fora algo de se orgulhar, mas que naquele momento, servia apenas para mostra-la o quanto estava solitária em Dubbleville.

Rose jogou todas as suas coisas na mesa, desinteressada. Andou até a parede de lousa que ornamentava sua sala e seus olhos correrem por todas as frases que ali estavam escritas com sua letra, não conseguindo manter o foco. Contrariando o que sua mãe chamaria de bons modos, deitou-se no chão gelado; as costas nuas pelo vestido que usava, a impedia de fechar os olhos em completa desolação e desespero.

Tentava se lembrar das coisas belas que lhe foram alcançadas em seus quase vinte anos, mas só conseguia pensar em como tudo se desmoronou de forma agressiva e gradativa em sua vida.

As paredes em tom rosa claro não atraíam mais a atenção da garota. Os quadros artísticos e abstratos de seu tio John não lhe despertavam tamanha curiosidade para devenda-los, e, até mesmo o sofá estampado com capas de revistas, que ela havia se esforçado tanto para comprar já não lhe era tão mais agradável assim.

Ela se encontrava em um estado que muitos definiriam como desgostosa da vida.

Estava ferida e cansada. Cansada de viver em círculos autodestrutivos.

Não se sentia mais uma lutadora. Onde estava sua vontade de mover montanhas? De mudar o mundo?

Sentia medo. Sentia dor.

Se perguntava mentalmente como fora capaz de perder o rumo total de sua vida. Rose Rosewood tinha certeza de apenas uma coisa: Se pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente.

Mas, infelizmente, era tarde demais.