Acordei mais cedo que o normal, o bebê ainda dormia, enchi a banheira mais uma vez e o acordei com calma.
-Eu sempre falei que se tivesse um filho, ele se chamaria Miguel - Acaricio a pequena cabeça e o vejo dar um sorrisinho - Você gosta de Miguel? - Sorrio - Vamos por uma roupa Miguelzinho.
Liguei para Pedro e informei que atrasaria um pouco, graças à reunião com Giovani, ele nem pediu explicações.
- Mariana Morgado? - a moça baixa de cabelos curtos que carregava uma pasta nos braços perguntou quando abri a porta.
- Sim, eu mesma - disse e ela me olhou dos pés à cabeça - entre, por favor - dei espaço e a mulher entrou.
- Quero que me conte a história de quando encontrou a criança - ela não tinha uma cara nada simpática, olhava minha casa e fazia anotações, olhava o bebê e fazia anotações, e por fim me olhava e escrevia novamente.
- Eu cheguei ontem em casa, por volta das 21 horas e o Miguel estava em uma cesta na minha porta...
- Miguel? - ela me interrompeu.
- É... Eu resolvi chama-lo por um nome - ela me encarou e novamente fez anotações - Veio um bilhete com ele... - entreguei o papel a ela que lê com atenção - continuando...
- Não preciso mais saber - mal educada, digo mentalmente - posso ver sua casa? - ela diz já se levantando.
- Claro, vamos - a conduzi por cada cômodo.
- Este é o seu quarto? - ela me pergunta quando entramos no cômodo e faço que sim com a cabeça - Você comprou aquelas coisas? - apontou para todas as coisas que eu havia comprado no dia anterior.
- Sim, o bebê estava sujo ontem e não tinha nada em casa... - Eu o levei até minha cama e fiz uma cerquinha de travesseiros em volta dele para que pudesse dormir em segurança.
- Entendo - a mulher volta a anotar - então Mariana, por que não pode ficar com ele? - ela pergunta quando chegamos a sala novamente.
- Minha vida é muito corrida, eu não tenho planos de ter filhos, não estava nos meus planos ser mãe solteira, e passo muito tempo trabalhando, uma criança na minha vida agora atrapalharia tudo. - Falo sincera.
- Quantos anos você tem? - Ela me encara de uma forma que sinto medo.
- 30 - respondo sem entender o que minha idade tem a ver com isso.
- Você sabe quantas mulheres na sua idade queriam ter a sorte que você teve? Aparecer um bebê na porta delas pois elas não conseguem gerar uma criança e a adoção está enrolada? - ela me faz pensar um segundo.
- Então, você pode levar esse bebê e dar para uma delas - respondo com obviedade.
- Bom Mariana, você tem uma condição boa, se alguém o deixou aqui, não foi por acaso. Nossa instituição preza por ajudar aqueles que estão mais necessitados, mães que realmente não tem condições de sustentar suas crianças, bom, vou mandar meu relatório para diretoria e até amanhã entraram em contato com você - ela guarda os papéis em uma pasta e se levanta.
- Enquanto isso terei que ficar com o bebê? - Não podia ser real, ela só podia estar de brincadeira.
-Sim - responde ríspida.
- Senhora, eu tenho que trabalhar, não tenho com quem deixá-lo - penso naquele relatório atrasado, Pedro infarta se eu disser que vou demorar ainda mais para entregar.
- Pense como uma experiência, em último caso, nos ligue novamente! - ela vai até a porta - meu relatório será enviado para análise, suponho que dentro de algumas horas, entraram em contato com você sobre a decisão final.
Vou até meu quarto e pego Miguel, mando uma mensagem para Pedro dizendo que só vou poder ir trabalhar a tarde, ele apenas visualiza, encontro o telefone de uma agência de babás na internet e peço que mandem uma para minha casa.
A babá chegou pouco antes das 12 horas, uma senhora rechonchuda, expliquei onde ficavam as coisas para fazer o leite do bebê e as coisas para troca-lo, ela não fez perguntas sobre berço ou brinquedos como pensei que faria, apenas assentiu e logo eu saí de casa.
A tarde passava lentamente, pensei em tudo que acontecera na noite anterior, e agora teria que cuidar de um bebê, estava tão perdida em pensamentos que nem notei a presença de Giovane no laboratório.
- Por que não veio trabalhar hoje de manhã? - me encarou - Eu tive que ficar fazendo as pesquisas sozinho - Giovane era um tanto quanto bonito, tinha cabelos pretos que contrastava com sua pele morena e deixava seus olhos ainda mais verdes, seu corpo era de se admirar, uma vez, depois de várias doses de tequila numa festa da empresa, transei com ele, e foi muito bom, não posso negar, mas, não sei, o jeito dele me irrita, ele é muito feliz, nada nunca abala ele, sempre fazendo piadinhas o tempo todo, se acha o rei das garotas, eu realmente o odeio, mas infelizmente tenho que trabalhar do lado dele todos os dias.
- Não te interessa - respondo seca.
- Ei bravinha, não precisa me tratar com grosseria, só fiz uma pergunta - e eu só respondi, acrescento em pensamentos.
-Ah Giovane, sinto tanta pena por você ter que ficar fazendo as pesquisas sozinho - ironizo - você também não sente pena da pobre Mariana ficar todos os dias após o horário de expediente porque você não pesquisou sobre as malditas batatas ontem!? - disparo, apesar de ver seu olhar um tanto chateado, isso fez um peso sair das minhas costas.
- Não está mais aqui quem falou! - ele se vira para o computador, mas sei que não voltou a pesquisar - Eu vou ajudar José, ele vai carregar umas madeiras pesadas no caminhão - falou e em seguida saiu do laboratório, sinto uma pontada de arrependimento em ter falado com ele daquele jeito.
O observo pelo imenso vidro do laboratório, ele tirou a blusa de moletom que usava já que lá fora está muito quente, exibia seus músculos através da regata branca colada no corpo, sorria conversando com José enquanto carregava o caminhão.
- Só não baba Mariana - saio dos meus devaneios nos músculos de Giovane quando ouço Pedro falar da porta.
- Eu só estava observando se vai demorar muito, as pesquisas dele estão atrasadas e não posso continuar sem ela. - minto.
- Ah claro! - ele diz como se não tivesse acreditado em mim - Você tem alguma justificativa para seu atraso hoje?
- Desculpa Pedro, tive que resolver algumas questões pessoais - Não queria contar sobre aquele bebê, não era o momento.
- Questões pessoais? - Eu assinto - ok você já ficou até mais tarde nos últimos dias, é seu direito um descanso... - concordo com a cabeça - Vou pedir que Giovane venha te ajudar, vocês terão um tempo a mais para entregar o projeto... - ele faz uma pausa - pega leve com o garoto, você é chefe mas ele também é, e se os dois continuarem brigando como crianças vou demitir os dois - dito isso ele sai e meu celular começa a tocar.
- Alô!?
- Senhora Mariana Morgado? - pergunta uma voz do outro lado da linha e meu pensamento vai em Miguel, será que é a senhora que deixei cuidando dele? Será que aconteceu alguma coisa?
- Sim, ela mesma - respondo com medo do que vem.
Atualizei a capa e espero que vocês gostem!!!
Sei que estou demorando para postar, mas estou lendo e relendo para tentar dar o melhor dessa história para vocês.
Beijos, até o próximo capitulo!!
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Família por acaso
RomansaMariana é uma mulher digna ao verdadeiro significado de seu nome: senhora soberana cheia de graça. Uma mulher autêntica, sempre estudou muito para alcançar o sucesso, hoje é uma engenheira agrônoma muito respeitada na sociedade, ela criou seu própri...