Na manhã seguinte éramos a notícia do dia e os primeiranistas não paravam de fazer perguntas sobre como tudo aconteceu. Eu não me sentia bem diante dos cinco minutos de fama, talvez por ter crescido com câmeras perseguindo minha família como se fossemos membros da família real. Ser filha de dois grandes heróis de guerra tinha muitas desvantagens, embora não fosse de todo um ruim.
O garoto Krum também não ficou de fora dos curiosos e antes que eu terminasse de comer, ele se aproximou sorrateiramente.
— Rozza. — Chamou com seus lábios curvados num sorriso tão sexy capaz de fazer qualquer pessoa querer beija-lo. Naquele momento, até eu mesma me perguntava como ele podia ser tão bonito. — Você estar bem? Se machucou?
— Eu estou bem, Rurik. — Sorri em retribuição. — Estou viva e isso é o que importa.
Krum achou engraçado o meu comentário e me deu um tapinha nas costa, um pouco mais forte do que ele esperava. Tentei fingir normalidade, mas... Esse tipo de coisa era muito estranho para um rapaz fazer com uma garota.
— Você ser muito engraçada, Rozza.
— Obrigada, eu acho.
Rurik estava começando a me deixar sem jeito. Não que ele estivesse flertando comigo - ou pelo menos eu achava que ele não estava -, mas o fato do estrangeiro bonitão agir como se fossemos grandes amigos me deixava com um sentimento estranho. Era como se eu soubesse que todas garotas agora deveriam estar querendo me matar.
— Você ter que aula agor-r-ra?
— Runas Antigas.
— Minha matéria favor-r-rita.
— Sou péssima nessa. — Resmunguei. — Apenas não conte a ninguém. Tenho uma reputação a zelar.
— Se precisar de ajuda, pode me pedir.
Ele me deu uma piscadela gentil, mas dada as circunstâncias – e minha mente com mania de perseguição – aquilo foi o suficiente para me fazer corar. Rurik não notou, apenas se afastou, desaparecendo do grande salão. Sem sua presença pude terminar de comer em paz... pelo menos por dois minutos.
— Krum está flertando com você? — Lily perguntou, direta como sempre e completamente louca para saber cada detalhe.
— Por Merlin, Lily! É óbvio que não!
— Ai. Meu. Deus. — E lá estava minha prima surtando por algo que nem mesmo havia acontecido. — Eu super apoio o casal!
Outra vez, Lily criava histórias de amor em sua cabeça. Era como se todo mundo tivesse que encontrar sua cara metade para que a existência dela fosse completa.
— Devagar aí, sua maníaca! — Suspirei, tentando encontrar um modo de acalmar a ruiva ao meu lado. — Somos apenas amigos.
— Amigos. Ficantes. Namorados. Não há muita diferença.
— Como você e meu irmão, não é?
Os olhos azuis de Lily quase saltaram para fora com minhas palavras. Eu havia jogado sujo com ela naquele momento e, conhecendo a mais nova dos Potter, tinha certeza que haveria volta no futuro.
— Eu e Hugo não temos nada além de amizade.
— Eu e o Rurik não temos nada. — Corrigi. — Você e Hugo até se beijaram no verão, Lils.
— Em minha defesa, foi um ato de caridade! — Ela protestou. — Ele nunca tinha beijado antes!
— Caridade? — Hugo havia aparecido repentinamente, pego a pior parte da conversa.
— Hugo! Não, não foi isso que eu quis dizer.
— Mas foi o que você disse.
Minha intenção nunca havia sido provocar uma briga entre os dois, mas as coisas acontecem e Hugo saiu do salão extremamente chateado com Lily tentando incansavelmente falar com ele.
Suspirei, exausta sem nem mesmo ter começado o dia. Desvie meu olhar para a mesa da Sonserina. Scorpius estava lá, mas quando os nossos olhares se encontraram, ele desviou para... Scarlett.
Levantei tentando conter que a inundação que meus sentimentos causavam toda vez que tentava compreender que não tínhamos nada. Tudo que eu precisava era me controlar. Será que era tão difícil de esquecer um romance de verão?
Ao menos a primeira aula era com a Corvinal.
Nem mesmo havia dado dois passos para fora do salão principal e uma voz irritantemente conhecida me chamava.
— Ei, Rosinha, você não pode me ignorar para sempre. — James me segurou de frente para ele.
— Me deixe em paz, ok? — Pedi com a voz chorosa, tentando sumir de sua frente antes que...
— Você está chorando? — Tarde demais.
— Não é nada. — Resmunguei, ainda sendo frustrada por não conseguir escapar dos enormes braços de James. — Só caiu um cisco no meu olho e...
— Rose, eu só te vi chorar três vezes na minha vida e duas delas foram com livros. E isso aqui... — Gentilmente ele secou uma lágrima que havia escapado. — Não é lágrima de sentimentos literários e muito menos ciscos misteriosos que causam soluços.
Permaneci em silêncio. O que mais eu poderia dizer?
— É o Malfoy, não?
— O que? — James havia me pego de surpresa. — De onde você tirou essa ideia ridícula?
— Eu posso não ser o mais inteligente da família, Rosie, mas eu não sou um trasgo.— Ele rolou os olhos, impaciente com minha tentativa de me livrar daquela conversa. — Precisa esquecer ele, Rose. Você merece coisa melhor.
— Jay, preciso ir para aula de Runas.
Ele não se moveu. Pareceu estar pensando em algo.
— Não pode fugir desse assunto para sempre, Rose Granger-Weasley.— James esbravejou quando o deixei sozinho, apressando meus passos para a torre onde ocorriam as aulas de runas.
Naquele alerta, havia algo que James disse que era verdade. Eu não poderia fugir de meus problemas para sempre. Não existia lugar no mundo que fosse longe o suficiente deles e se existisse, eu não poderia ir até lá. No entanto, me esconder deles foi exatamente o que eu fiz nas duas semanas seguintes.
Buscando minha estabilidade emocional, evitei a todos os que poderiam influenciar em meu humor. Ou seja, nada de James me importunando para saber tudo o que havia acontecido comigo no verão, absolutamente nada de Scorpius por perto... Até mesmo Albus entrou na lista de pessoas das quais eu deveria manter distância. Somente assim, eu conseguiria focar minha mente no que realmente importava: minha vida acadêmica.
Tudo estava voltando em perfeitas ordens na minha mente até que Rurik Krum apareceu todo suado – o que havia sido uma visão do inferno, pois aquilo sim deveria ser chamado perdição – na biblioteca, procurando por mim.
— Rozza, — Ele começou a dizer no momento em que parou frente a mim, tentando usar um tom baixo o suficiente para não incomodar a bibliotecária e os outros alunos. — eu não querer te atrapalhar, mas preciso te perguntar uma coisa.
Surpresa, ajustei minha postura na cadeira e procurei por seus olhos. Estava tentando manter um contato visual que me impedisse de focar no quão, como diria Roxanne, o búlgaro era.
— Claro.
Ele hesitou em perguntar. Algo me dizia que sua pergunta me deixaria totalmente vermelha e eu tropeçaria em minhas próprias palavras. Novamente, eu estava errada.
— Poderia me ajudar com história da magia?
— Você está dois anos à frente. — Lá estava eu protestando. — Como vou poder ser útil em alguma coisa?
— O gar-r-roto da Hufflepuff me disse que você é a aluna mais avançada nessa matéria. — Explicou-se. — Pensei que poderia me ajudar.
— Você quis dizer: Frank? — Rurik apenas balançou a cabeça. — Bom, Krum, podemos ver isso hoje à noite? Eu preciso terminar esse pergaminho de astronomia...
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𝐒𝐄𝐏𝐓𝐄𝐌𝐁𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐍𝐆 ━━━ scorose
Fanfiction━━ 𝐒𝐄𝐏𝐓𝐄𝐌𝐁𝐄𝐑 𝐒𝐎𝐍𝐆 © 2018 ❝ o tempo se move devagar quando você tem apenas 15 anos ❞ Após sofrer uma desilusão, Rose Weasley precisa voltar a manter seus focos nos estudos. Provas estão chegando, responsabilidades estão se...