Capítulo 5 - Sem limites no momento em que chorei

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Isabelle não sabia o que sentir quando seu noivo beijou-lhe a testa antes de se despedir. Os lábios rosados dele eram suaves contra sua pele e ela tinha certeza de que sentiria imensas saudades enquanto o rapaz ficasse na cidade, longe dela.

Era a primeira vez que ficariam realmente separados desde que Will colocara um anel no dedo de Isabelle.
O tempo que haviam passado juntos em Londres havia sido um dos mais felizes de sua curta vida. Haviam feito longos passeios a pé, embaixo de lindos céus azuis, com a luz do sol tocando e aquecendo a pele fria de Isabelle. Pela primeira vez na vida ela realmente apreciou a cidade, esquecendo das indústrias crescentes e a espessura do ar cinzento ao redor deles. Will parecia-se muito com heróis dos grandes livros, era perfeito na medida certa, ao menos para Isabelle. Ela adorava a ingenuidade nos olhos azuis do rapaz, ele olhava para os outros com humildade independente de quem fosse, de como parecesse ou do que fazia. Quando parava para pensar ela se considerava sortuda, pois conseguira juntar o útil ao agradável. Muita gente queria que ela se cassasse logo e, finalmente, ela podia fazer isso e ainda admirava a pessoa com quem se casaria.

Will sorriu-lhe pela última vez e ela sentiu seu coração apertar. Não sabia exatamente porquê. Talvez fosse porque estava começando a gostar demais dele, talvez porque simplesmente sentiria saudades, ou talvez porque se casariam na próxima vez que se vissem. A rapidez com que tempo estava passando apavorava Isabelle, ela não conseguia pensar em nada além disso quando encostava a cabeça no travesseiro a noite. Em pouco tempo se tornaria administradora de sua própria vida, estaria morando em sua própria casa, provavelmente na cidade, e o sítio, assim como sua vida antiga, seriam coisa para os finais de semana. Doía-lhe pensar assim , pois não queria deixar nada para trás, embora parecesse algo indubitável.

A garota escondeu as mãos nos bolsos do vestido. Embora o céu ainda estivesse claro, já era tarde o suficiente para estar frio.
O sol devia estar perto de se pôr e ela sentia-se estranhamente melancólica, como se estivesse em uma cena descrita por Emily Brönte em O Morro dos Ventos Uivantes. A grama era verde e alta o suficiente embaixo de seus sapatos, o vento fazia seus cabelos esvoaçarem, o cheiro de terra chegava-lhe aos sentidos e o céu estava manchado como se um artista tivesse dado pinceladas delicadas sobre uma tela azul. Tudo parecia certo e errado naquele momento e ela não fazia ideia do que eram os sentimentos que estava sentindo. Era uma espécie de euforia. Nem boa e nem ruim.

Fechou delicadamente os olhos e deixou que o cheiro daquele lugar fizesse a limpeza necessária dentro de si. Aquele sempre seria seu lugar preferido, ela tinha certeza.
Ela havia se tornado um estado mental enquanto respirava profundamente. O oxigênio chegava facilmente até seu pulmão e sua cabeça, e era refrescante. Isabelle só abriu os olhos quando ouviu passos atrás de si. Pés pesados contra a grama.

- Olá, Harry.

- Isabelle.

O rapaz parou ao seu lado, ele também encarava a mesma estrada por onde Will havia partido, embora, provavelmente, não soubesse disso.
Ela ainda espantava-se ao ver o quanto o amigo havia crescido, até sua sombra no chão era muito mais longa que a dela.

- Então, ele foi embora?

- Apenas por um tempo.

- Você está triste?

A garota movimentou os ombros levemente. Não sabia porque, mas não queria falar sobre isso.

- Você está?

Mistery of Love - H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora