Bloody Roots

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Eu agradeço o buraco que você cavou em mim

Preenchido com cimento, me afundou no seu mar

Obrigado por ser tão obsceno

Eu agradeço por nunca me olhar

Nadando na lama, nunca ficando limpo

Eu agradeço por nada entre isso

Sim, agradeço por você ter ido embora.

(Roots - In this moment) 

- Aquele maldito...

Por mais que amaldiçoasse Dabi em seus pensamentos, no fundo Tomura não poderia negar a forte atração que sentia pelo moreno, entretanto não era a Dabi quem ele realmente amaldiçoava em sua mente.

As lembranças vinham fragmentadas, algumas com imagens nítidas, outras não passavam de borrões ou imagens embaralhadas e as piores eram tão vívidas que chegavam a doer em sua carne. Estes fragmentos de seu passado traumático eram em parte o motivo de sua personalidade tão deformada, era o reflexo de sua infância roubada, de sua inocência violentamente corrompida...

Encolhido em sua cama, quase em posição fetal, ele enfrentava a grande batalha que surgia em sua cabeça, às imagens daquele homem sobre si, o cheiro, a temperatura, a sensação daquele corpo contra o  seu, a dor... Ele infelizmente lembrou se, mesmo vagamente ele recordou se da agonizante sensação de ser sufocado, da dor excruciante, das palavras obscenas e daquele ato que ele tão pequeno e desprotegido se quer sabia o que era, mas tinha ciência de que aquilo não era normal... Encolheu se ainda mais.

O colchão em que estava deitado parecia enorme aos olhos carmins daquela doce criança, seus dedos tateavam o vazio, seus olhos encaravam fixamente o teto daquele quarto de paredes descascadas e encardidas. Seus olhos estavam arregalados e as lágrimas caíam como uma enxurrada silenciosa, fazendo o seu curto caminho pelas laterais de seu rosto arredondado e macio, jazendo em seus cabelos acinzentados e às vezes em seu ouvido,  assim como as risadas e sons estranhos que saíam da garganta daquele homem... Seus pequenos e rosados lábios estavam crispados, sua respiração desregulada, o pequeno coração batia tão rápido como o de um cavalo em fuga... Ele havia lutado, havia resistido, gritado, esperneado inutilmente acabou com mais alguns machucados. Ele ainda era pequeno e fraco. Suas pequenas mãos repletas de ferimentos recentes e cicatrizes antigas foram amarradas para que não pudesse ativar sua recém desperta individualidade. O corpo magricelo e pequeno foi exposto, revelando a pele jovem de mais para ter tantas marcas, ferimentos, hematomas, cicatrizes... A mão que cobria quase toda a sua face exercia uma enorme pressão, por várias vezes ele sentiu que iria sufocar, e às vezes ele desejava que realmente acabasse sufocado. O roçar daqueles lábios sedentos em sua pele lhe causava uma enorme ânsia, os toques sempre violentos deixavam marcas em seu corpo e em sua alma, o sorriso sádico daquele indivíduo pífio lhe dava medo. Ele queria fugir daquele ser horripilante, daquele ogro faminto pela carne jovem. O peso daquele corpo sobre o seu tornava se insuportável, quando aquele homem começava a investir contra ele rápida e violentamente... A partir daquele momento ele sentia se dormente, todo o seu corpo entrava em um estado quase catatônico, ele procurava não sentir, não emitir som e tentava inutilmente segurar as lágrimas que teimavam em cair, aquela mão continuava a fazer uma forte pressão em sua face tão pequena, tão inocente, tão infantil... Ele focava seu olhar na única imagem que conseguia ver por entre os dedos daquele sujeito, o teto encardido e com a pintura desgastada, ele sabia que não adiantava gritar, se debater ou chorar, tudo o que podia fazer era manter se dormente até que ele terminasse...

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