O Céu é Nosso

Capítulo I

     Acordei, era sábado, e logo veio a decepção de lembrar que teria que trabalhar. Estava com tanta preguiça que sentei na beirada da cama, encostando meus pés no chão de madeira gelado, me perguntando, qual é o sentindo da vida? Na verdade, nem estava me perguntando nada, estava apenas dormindo de olhos abertos. Meu despertador não havia tocado, oque significava que estava muito cedo e poderia dormir mais um pouco, mas foi só eu deitar que o barulho irritante começou, resmunguei de raiva. Logo me levantei e fui ao banheiro fazer oque toda pessoa normal faz de manhã, eu acho.

     Após fazer tudo fui acordar Lana, que dormia como pedra. Somos amigas desde o ensino médio, e desde então nunca mais se separamos. Mexia, remexia e mexia de novo, nada fazia aquele ser humano acordar, foi ai que tive a ''brilhante ideia''. Água, água é a solução, não era a primeira vez que fazia isso com ela, sabia que ela ficaria irritada. Fui a cozinha, enchi um copo com água e subi para o mezanino, onde ficavam nossas camas. Nem pensei e logo despejei o copo inteiro nela:

- Aurora! Você é doida? – Resmungou toda encharcada.

- Sou! – Respondi rindo. – Acorda Bela Adormecida, estamos atrasadas. – Completei olhando no relógio. Eram 7:30 e a Cafeteria abria as 8:00. Como vamos a pé, demoraria mais para chegar.

- Só não esquece que o nome da Bela Adormecida é Aurora! – Lana disse se levantando para ir ao banheiro.

- Achei que fosse Bela. – Disse. – Ou Lana. – Rio.

- Ha, ha, ha, engraçadinha. – Disse Lana lá do banheiro.

     Me troquei, colocando o uniforme, porque querendo ou não, tínhamos que ir uniformizadas, estava nas regras. Me troquei e bati na porta do banheiro para Lana sair:

- Vamos Lana, estamos mais que atrasadas. – Gritei.

- Vou ter que ir com o cabelo molhado de novo? – Resmungou.

- Vai! – Respondo rindo. – Você fala como se fosse a coisa mais grave do mundo!

     Lana se importa muito com a aparência e com oque os outros acham dela, já conversei com ela sobre isso, mas não posso mudar isso. Cada um tem sua personalidade, e quem sou eu para mudar a personalidade de alguém não é mesmo? Lana saiu com o cabelo preso em um rabo de cavalo, me lembrando de amarrar o meu também, pois bem, amarrei.

- Vamos? Pega uma maçã, estamos atrasadas. – Digo a ela.

     Descemos as escadas do loft, pegamos duas maçãs e entramos no elevador, aquele elevador sempre me deixava tonta, no começo ele ia muito rápido, chegava lá em baixo ele parava rápido, isso me deixava tonta. Não sei explicar, deve ter algo haver com a física. A porta se abriu e saímos no hall de entrada, o prédio era muito chique, nunca me imaginei morando em um lugar assim. O chão era extremamente brilhante, as escadas eram feitas de vidro, com um pequeno jardim em baixo. A atendente era muito simpática, sempre que passamos lá ela nos acena com um sorriso, e respondemos com o mesmo.

[...]

      A manhã estava linda, havíamos acabado de chegar na Cafeteria, estava bombando, não parava de chegar gente, eu e Lana estávamos a mil, andávamos para lá e para cá entregando cardápios e atendendo os pedidos. Até que acabamos, por enquanto, pois Aline Jey Marian estava entrando pela porta, ela é a mulher mais rica da cidade e estava com um menino, que aparentava ser seu filho. Lana foi atende-los com os pedidos:

- Vou querer um café com chantili! – A mulher pediu de nariz empinado.

- E eu vou querer um milk shake no copo médio! – O menino pediu.

     Lana entregou o cartão para eles e voltou com o pedido em mãos, entregando para Carla, uma amiga que trabalha conosco, a mesma foi até a cozinha. Enquanto isso eu e Lana fofocávamos. Não demorou muito para o pedido sair e fui lá levar na bandeja, chegando lá coloquei o milk shake do garoto na mesa, e ao olhar para o seu rosto fiquei totalmente sem controle, minha mão desequilibrou fazendo o café cair em cima de Aline, que ficou pasma com a situação.

- Desculpe senhora, desculpe! – Digo pegando um guardanapo afim de ajuda-la a limpar.

- Sai, sua idiota! Sujou minha roupa branca de marca! – Eu ri junto com o menino. – Vamos Dylan! – Disse Aline se levantando.

- Mãe espera, tenho que pagar a moça pelo milk shake! – Disse ele sorrindo para mim.

     Ele tirou uma nota de 20 do bolso e me entregou, me dizendo:

- Olha no meio. – Ele sorriu e foi embora.

     Fui até ao balcão assustada.

- Amiga, oque foi aquilo? – Disse Lana.

- Não sei, eu olhei para o garoto e perdi o equilíbrio. - Respondi

- Hmm, ele pagou? – Lana perguntou.

- Sim, e disse para mim olhar no meio do dinheiro, estranho não? – Disse.

- Para de frescura e abre isso ai! – Disse Lana.

- Ai, tá booom! – Suspirei e abri, tinha um papelzinho, abri o mesmo e MEU DEUS. Ele me deu o número de telefone dele. Naquele momento Lana olhou para mim com aquele olhar malicioso que eu odeio!

- Arrasando corações miga. – Disse Lana.

- Ai para, eu vou ficar envergonhada! – Disse a ela.

- Não está mais aqui quem falou!

[...]

     O final do dia não teve muitos detalhes, foi como sempre, mas com um toquinho especial, não conseguia parar de pensar em Dylan, oque aquele garoto fez comigo? Porque mexeu tanto comigo? Varias perguntas vinham a minha cabeça, e só sabia responder algumas. Foi amor a primeira vista? Não, nem o conheço direito. Vou ver ele novamente? Quem sabe. Estava descontrolada, por mais que tentasse ele não saía de minha cabeça, oque teria acontecido? Não via a hora de chegar em casa e adiciona-lo em meus contatos, preciso conhece-lo melhor, quem sabe onde isso chegaria? Será que estou me iludindo? Nem sei se ele pensa em mim assim como penso em ele. Nem o conhecia mas sentia que era especial, era uma sensação nova, diferente, incondicional. Porem não sabia se era reciproco. Oque estou falando? Nem o conheço direito, enfim, preciso o conhecer melhor!