era eu e a solidão

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Hoje me olhei no espelho e o que estava lá não me agradou.
Meu cabelo está emaranhado, meus olhos estão inchados e percebi que ainda estou com meu blusão de dormir.
Dou mais uma olhada de leve só pra ter certeza do que estava lá. Agora uma última encarada só que dessa vez seguia de um balançar de cabeça num tom decepcionante.
Peguei meu celular e li todas as mensagens, a maioria delas de parentes e de alguns amigos próximos, estou nesse exato momento jogada na cama que ainda não arrumei. fico um instante imóvel olhando para o teto rachado de meu quarto decifrando os desenhos que formara lá. as vezes parecia com algum bicho estranho, olhando de cabeça pra baixo, mas, se olhar de outro ângulo parecia com as montanhas de algum lugar qualquer. era só invenção da minha cabeça, mas era melhor imaginar coisas bizarras a ter que ficar com a mente vaga.
Eu ando pra lá e pra cá o dia todo, não faço nem esforços pra se quer vestir uma roupa decente ou sair para olhar o que há la fora. lá fora não há nada pra mim, estou cansada de olhar as mesmas coisas, era tudo entediante. tudo mesmo.
A televisão está tentando me dizer como devo ser, eu fico mal porque não correspondo com o padrão de beleza imposto por eles. Semana passada comprei o vestido que vi naquela atriz (cujo o nome não é importante pra mim) e quando coloquei em mim, entrei em um colapso tive crises de desespero, começei a gritar comigo mesma na frente daquele maldito espelho.
Que merdaa! Isso é uma grande merda!.
- o que tem de mais nessas malditas roupas?
Digo isso pra tentar enganar a minha mente de que o problema sou eu.
- ok(suspiro).
Retiro as roupas e me sento na cama quase nua, eu gosto da sensação de liberdade que meu corpo toma quando me deito na cama sem algumas de minhas vestimentas. Eu olho para os lados e avisto o meu livro favorito " orgulho e preconceito" eu pego e dou algumas folheadas, quando me deparo já com o cair da noite, levanto-me e caminho ate o banheiro, ligo o chuveiro e deixo a água cair lentamente sobre mim, a água escorre pelo meu corpo como a chuva escorre pelas ruas. aproveito pra pensar um pouco enquanto sentia o frescor d'água.
Estava tudo tão silencioso, podia escutar somente o barulho da água, sem risadas pela casa, sem conversas, sem gritarias ou barulho da tevê, era somente eu.
A solidão não era o pior de tudo, o pior de tudo era eu que não sabia conviver com ela.

O Que Eu Fiz Com O Que Fizeram De Mim.Onde histórias criam vida. Descubra agora