06/01/2010
Sob os olhares atentos de Amy, Alec e Ethan, Winter mudou de posição. Ela contorceu-se debaixo do cobertor cor de rosa, abriu a boca em um longo bocejo e voltou ao mesmo sono tranquilo de antes.
- Ela não faz muita coisa, né? - Ethan verbalizou o que estivera permeando sua mente durante boa parte da última hora.
Amy fitou-o com descrença.
- É um recém nascido, o que você esperava? Cambalhotas?
- Sei lá. - Ethan respondeu, afastando-se do berço. - Só não achava que fosse ser tão... parado.
- Fique feliz por isso. - Hollie disse. Sentada na cadeira de balanço na parede oposta do quarto, ela fitava as unhas com desinteresse. - Quando ela não 'tá dormindo, 'tá berrando sem parar. Faz três dias que ninguém consegue dormir nessa casa.
Ethan sentou-se no tapete felpudo e Chanel desceu da cômoda para ajeitar-se em seu colo. Apesar da fama de mal-humorada e antipática, a gata persa da família de Hollie adorara o novo visitante e agora seguia-o por todos os lados. Ele entrelaçou os dedos no pelo branco e macio, tentando não suspirar entediado.
- Daqui a pouco passa. - Havia uma esperança genuína nas palavras de Amy, mas sua prima só deu de ombros, não parecendo muito convencida.
- Sim, daqui a pouco além de dormir e chorar, ela vai estar puxando meus cabelos, jogando comida no chão e fazendo drama toda vez que for contrariada. - Hollie enumerou desanimada e os demais fizeram o possível para não rir. Não era difícil perceber que o que a incomodava mesmo era o fato de ela não ser mais o alvo exclusivo de todo o afeto e atenção de seus pais.- Muito animador.
Alec, que ainda estava concentrado no bebê adormecido, desviou o olhar para Hollie.
- Qual é, não pode ser tão ruim assim. Ela é tão fofinha.
- Sim! Dá vontade de apertar! - Amy concordou, o tom de voz um pouco alto demais. Assustada, Winter remexeu-se outra vez e abriu os olhinhos castanhos. - Olha só, ela acordou.
Hollie arregalou os olhos.
- O quê? - Perguntou atônita, desviando a atenção dos dedos para erguer o tronco em alerta. - Saiam daí. Agora. Devagar. Sem movimentos bruscos.
Confusos, Amy e o irmão entreolharam-se sem entender.
- Por quê? - Alec indagou confuso e ao ouví-lo, Winter esboçou o que pareceu um sorriso. Então sua boquinha se contorceu, surgiram dobrinhas em seu queixo e seu rosto ficou vermelho. Um choro estridente saiu de sua garganta e Alec sentiu vontade de chorar junto pela morte de seus tímpanos.
Hollie escondeu o rosto em uma das mãos.
- Por causa disso. - Disse com pesar, preparando-se para levantar e acudir a criança que chorava como se alguém a estivesse torturando. Ela estava a meio caminho do bebê quando a porta do quarto foi aberta e Charles, o pai dos gêmeos, entrou. - Eu juro que não fiz nada.
Julian, o pai de Hollie, não pareceu nada convencido. Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Keith colocou uma mão sobre os braços cruzados do marido, a fim de interrompê-lo.
- Eu sei que não, querida. - O padrasto de Hollie respondeu. Apesar do sorriso acolhedor em seu rosto, as olheiras escuras debaixo dos olhos denunciavam seu cansaço. - Ela deve estar com fome.
- Posso? - Charles perguntou e Keith fez um sinal com as mãos como se dissesse "é toda sua". Ela andou em direção ao berço e, com cuidado, tomou Winter (que continuava chorando copiosamente) nos braços. - Pronto, pronto. - Repetiu, sacudindo lentamente a criança até que ela se acalmasse. O silêncio se estabeleceu logo depois e Charles foi agraciado com um sorriso por parte da recém nascida. Comovido, ele não pensou antes de dizer em um tom um pouco mais alto. - Amor, acho que quero mais um.
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Present Perfect
General FictionAos vinte e um anos, tudo o que Amelia mais queria após terminar a faculdade era ter seu merecido descanso antes de começar o mestrado. Mas quando seu irmão gêmeo decide escolher esse exato momento para ficar noivo e seus pais aproveitam para ressus...