• Capítulo quatro •

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Sarre
Interior da Alemanha

1925

- O certo não seria eu perguntar quem é você? - ela diz.

A garota me encarava, eu a conhecia, sabia que sim. Ela me me olhava tão intensamente que olhei para baixo para checar se estava vestido, já que me sentia sem roupas diante do seu olhar.

- Desculpe se fui grosso. - mostro um sorriso. - Nunca seria minha intenção ser rude com uma dama.

Mas ela não pareceu se encantar já que a garota continuava a me encarar, brava. Eu me torcia para algum assunto fluir, para quando esse silêncio deixar de existir eu conseguir não ficar só me preocupando em não olhar para baixo.

- As irmãs te deixaram vir aqui? Quem é você? - ela se aproximava, igual um leão quando vê uma presa. - É um médico? Um especialista?

- Sou um médico. - digo, no calor da minha correria mental.

Ela pareceu relaxar um pouco, mas só consegui ver isso pela rigidez dos seus ombros, que desapareceram. A expressão continuava a mesma.

- Tudo bem. - ela diz, parando no lugar e me encarando.

Fica um silêncio durante segundos, até eu perceber minha deixa.

- Vamos se sentar. - digo, finalmente me aproximando.

Sento na beira do pequeno lago, e percebo que do outro lado tem uma casa bem pequena feita de barro. Faço sinal para ela se sentar ao meu lado.

Agora ela estava perto o suficiente para eu conseguir ouvir sua respiração em conjunto com a água de mexendo. Respiro fundo, preciso me manter sã. O brilho que seu lenço reflete do sol bate nos meus olhos.

- O que você tem? - pergunto, curioso demais para esperar. - Ah, e esqueci de perguntar o seu nome. - olho para ela.

E ela tinha sua perna cruzada, seu cotovelo estava apoiado na sua coxa para conseguir segurar sua cabeça. Ela me encarava, e quando paro para analisar seu rosto me sinto um idiota.

Como não reconheci esses olhos negros que tanto me assombraram?

- Sou Magda, mas me chama de Meg. - Ela diz, afogando qualquer duvida que ainda exista na minha cabeça.

Dou uma risada, talvez um ato automático por causa do nervosismo. Ela não era real, foi somente um sonho que tive quando menor que de alguma forma me marcou. Então o que fazia aqui, completamente real, na minha frente?

- O que aconteceu? Tem alguma coisa no meu rosto? - Ela pergunta, me percebendo mais eufórico, ela também parecia mais nervosa.

- Não, óbvio que não. - esfrego minhas mãos nos meus olhos, como uma última tentativa de ter certeza que não era um sonho. - A gente se conhece Meg, eu sou Eli, Elieser.- digo.

Suas sobrancelhas se arqueiam e os olhos se arregalam. Ela lembra. Depois desvia os olhos para o lago, tão espantada quanto eu. Eu, que a pintei anos atrás, agora aqui estou diante da minha musa.

- Pensava que fosse um sonho de uma criança solitária... - Ela sussurra para si.

- Eu também, você não faz ideia de quanto eu sonhei... - mas me corto.

Prefiro guardar o detalhe de que Meg foi uma pequena obsessão que eu tive quando menor para mim mesmo, já que soaria meio bizarro ouvir isso de uma pessoa que você acabou de conhecer.

- E é você que vai me ajudar com isso? - Ela olha pra mim, sorrindo. - Ainda bem que as irmãs me ouviram! Você contou para elas que havia me conhecido? - ela chegava mais perto.- Foi por isso que você não voltou? Elas te proibiram?

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⏰ Última atualização: May 02, 2019 ⏰

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