Dança da Escuridão [Degustação]

Capítulo Dois

EXTRAÍDO DO JORNAL THE BOSTON HERALD

BOSTON, MASSACHUSETTS

QUINTA-FEIRA, 19 DE FEVEREIRO DE 2015

MONSTRO DA COLINA À SOLTA, da Redação

O assassino Benjamin Francis Simons, vinte e oito anos, escapou do Sanatório Louise Martha, em Tewksbury (também conhecido como sanatório do Condado de Borough, onde estava internado desde 2004, após ter sua insanidade comprovada ao final de longo julgamento), na madrugada do último dia 18, debaixo de uma forte nevasca. Testemunhas afirmam que ele foi auxiliado por outras duas pessoas, um homem e uma mulher, ainda não identificados. Os dois suspeitos trajavam vestes próprias da unidade, o que leva a polícia a acreditar que possam ter recebido ajuda de alguém de dentro do sanatório.

"O elemento foi retirado da solitária durante a madrugada e conduzido pelos corredores em cima de uma maca, como se fosse um cadáver", conta o policial Albert Hank, da primeira viatura da Polícia Estadual de Massachusetts (MSP) a chegar no local. "As câmeras de segurança chegaram a captar os movimentos do trio dentro do sanatório, mas grande parte do material foi deletado de dentro do servidor. Sabemos apenas que trata-se de uma mulher de cabelo curto e loiro e um homem de cabelo castanho, ambos na casa dos trinta anos. Eles estavam armados e trocaram tiros com os agentes da Patriot, a empresa responsável pela segurança do sanatório. Quando chegamos ao local, eles estavam escapando em uma ambulância da unidade. Até chegamos a perseguir o veículo durante um tempo, mas, devido à tempestade de neve e por eles terem saído por um lado do sanatório de difícil acesso, atravessando o muro da área de Carga e Descarga, acabamos por perdê-los de vista. Mas estamos com nossas forças concentradas em encontrar Benjamin e seus comparsas."

A fuga turbulenta do assassino conhecido como Monstro da Colina também deixou sua marca em uma enfermeira, que preferiu não ser identificada, no seu primeiro dia de trabalho.

"Era o meu primeiro dia no sanatório e eu queria muito mostrar serviço. O homem que o ajudou a fugir se passou pelo doutor Friedrich, e eu acreditei... E ainda ajudei a mulher a empurrar a maca que carregava o Benjamin. Cheguei até a colocá-lo em uma das gavetas do necrotério. Meu Deus, quando o alarme soou, ele abriu os olhos como se fosse uma assombração e tentou me enforcar! Em seguida, levei um golpe violento na nuca, que eu nem vi de onde veio, e desmaiei... Foi horrível."

O dr. Liam Jones, que trabalha há mais de dez anos no sanatório, é o responsável pela ala médica e, na ocasião da fuga de Benjamin, estava em sua sala, como de costume. Ele mantinha vigilância constante sobre o rapaz, considerado o paciente o mais perigoso de todos, e quando chegou à solitária para retirá-lo no horário estipulado, surpreendeu-se com a ausência. Aterrorizado, acionou o alarme imediatamente. Liam Jones foi interrogado pela polícia e liberado em seguida.

O atual diretor-adjunto do FBI, Alastor Kingsman, que cuidava do caso desde a captura de Benjamin em 2004, enquanto ainda era chefe de polícia do estado de New Hampshire, apareceu muito irritado no sanatório na manhã de ontem, e fez uma revista minuciosa no local com uma grande equipe de agentes. Ele, que não quis ser entrevistado, deu apenas o seguinte pronunciamento: "O FBI assumirá total responsabilidade pela investigação. Nossa agência atuará em conjunto com as polícias estaduais de todo o país, sem medir esforços para capturar o assassino."

O Departamento Federal de Investigação pede para quem tiver quaisquer informações que levem a Benjamin ou a um de seus comparsas que ligue imediatamente para o 911 ou entre em contato com o Departamento de Polícia local. Não tentem se aproximar do elemento, pois ele é instável e extremamente perigoso.

***

Amanda e Andrew trocaram de roupa na parte de trás da ambulância e limparam o interior da cabine como profissionais. Ao perceberem que suas luvas cirúrgicas haviam rasgado em diversos pontos, não quiseram correr o risco de deixar impressões digitais pelo painel. Pensei, achando até certa graça, que se encontrassem as minhas não haveria nenhum problema. Àquela altura eu não era exatamente desconhecido, mas eles não poderiam se dar ao luxo de entregar informações valiosas de tão bom grado. Andrew também fez questão de verificar o que tinha utilizado da ambulância e colocou tudo que continha o menor resquício de seu sangue numa sacola, que carregou consigo para fora do veículo.