One Night

Can you Remember?

Eu convivi com Hoseok desde que éramos crianças. E se tem uma coisa que eu posso afirmar é que foi difícil. Eu, Eddy, Amy e ele sempre fomos amigos. Nossos pais são parceiros nos negócios e, portanto nós sempre nos víamos. Mesmo assim não foi fácil pra mim quando comecei a reparar no quão gato meu amigo de infância tinha se tornado. A puberdade tinha feito boas mudanças em todos nós, verdade seja dita, e apesar de sempre ter sido bonito, Hoseok melhorou consideravelmente ao chegar nos seus vinte anos. Na época eu tinha dezessete e também tinha sido agraciada pelos hormônios e pela genética.

Era difícil esconder o quanto Hoseok me atraía, a cada dia meus olhares ficavam mais notáveis. Mesmo assim, optei pelo anonimato, apenas por saber que, se nos envolvêssemos, as coisas poderiam não terminar muito bem. Mas foi difícil, como foi! A cada momento os músculos dele pareciam saltar mais. Os lábios dele pareciam chamar pelos meus. E os olhares que ele me lançava eram cobertos de pecado, não sei como ainda resisti por dois anos inteiros.

Foi no meu aniversário de dezenove anos que eu percebi o quão inútil eram meus esforços. Eu andava meio revoltada com tudo, então optei por uma festinha mais particular. Uma viagem para Nova Iorque, uma cobertura de um hotel com vista pro Central Park e apenas meus melhores amigos, o quarteto fantástico! Admito que isso fosse bem Gossip Girl, eu sei. Mas foi nessa cobertura que eu finalmente percebi que fugir de Hoseok era burrice e que só ele poderia saciar meus maiores desejos.

Nós bebemos muito, os quatro. Eddy e Amy haviam desaparecido dentro de uma das suítes, depois descobri o que aconteceu por lá, mas prefiro não comentar. Na sacada, eu e Shin aproveitávamos a jacuzzi. Eu nem sei quantas taças de champanhe já havíamos bebido, mas com certeza foi o suficiente pra encorajar o rapaz. Lembro-me dele se aproximando, seu braço passou por minha cintura e me enlaçou. Sua pele alva, molhada e convidativa, em contato com a minha parecia ferver. Mesmo assim, arrepiei-me até a alma com sua voz aveludada invadindo meu ouvido. "Quero te dar um presente! Tem algo que quero há muito tempo e que reparei que você também quer." Eu ri e depois disso que as coisas começaram a esquentar.

Fomos de beijos para algo mais íntimo e eu não poderia ter gostado mais do presente. Pude ver aquele corpo cuidadosamente esculpido por completo e nunca mais me esqueci de seus detalhes. Deixei-o tomar o controle da situação e não me arrependi. O doce garoto que eu conheci se mostrou uma pessoa bem diferente e eu amei conhecer esse lado dele. Cada toque, cada suspiro, cada sensação, guardei tudo. Debaixo das estrelas daquela cidade eu o deixei me amar e o amei como se não houvesse amanhã.

Mas o amanhã chegou e quando acordei no dia seguinte, na grande cama daquele hotel, nua e abraçada à Hoseok, me desesperei. Mil perguntas borbulhavam em minha mente. E se ele mudasse comigo? E se nossos pais descobrissem? E se isso não tivesse futuro? E se eu fosse só mais uma? E se... Eram tantos "e se's" que eu não sabia o que fazer. Respirei fundo e dei mais uma checada naquele deus grego (asiático, na verdade) adormecido ao meu lado. Desvencilhei-me de seu abraço e fui ao banheiro daquela suíte.

Não consegui não me surpreender ao ver meu reflexo naquele espelho. Haviam marquinhas vermelhas em meus seios e na região da clavícula. Eram muitas, mas eu sabia que nem se comparavam às que minhas unhas haviam deixado nas costas de Hoseok. Relembrei tudo e me permiti sentir uma breve felicidade. Mas meu frenesi não durou muito, já que rapidamente as perguntas voltaram a me assombrar. Foi então que achei uma solução. Olhando no espelho, prometi pra mim mesma que aquilo não se repetiria, jamais!

Só que as coisas não foram bem assim. Hoseok mudou comigo, mas pra melhor. Sempre me mostrando que queria ficar comigo, quando não estávamos em público, claro. Eu não vou dizer que dificultei as coisas pra ele, muito pelo contrário. Eu havia me viciado em Shin Hoseok e, até onde pude perceber, o vício era recíproco. Mesmo com todo esse envolvimento, nós não assumíamos nenhum compromisso para nós mesmos. Mas, depois de dois anos de enrolação mútua, decidimos que não tinha pra onde correr, éramos namorados.