— Terra numa tentativa fracassada de contatar Millie Brown — me cutucou, mordiscando em seguida seu sanduíche aparentemente suculento. Mas eu não me importava com o que ela desejava de mim. Estava ocupada demais com meus próprios pensamentos, preferindo naquele momento estar presa dentro de minha cabeça com os tais — e, embora não fosse algo que eu costumava fazer muito, me parecia o melhor lugar para se estar. Eu possuía uma enxurrada de coisas pendentes para resolver comigo mesma. — Ei, está tudo bem com você? Porque não diz nada? Millie!
— O lobo comeu sua língua, por acaso? Ah, mil perdões. Eu digo, o gato — a voz irritante de Noah ecoou ao meu lado, e eu logo pensei que sua companhia havia voltado a ser exaustiva como antes. Mas as coisas bem que podiam voltar ao normal também, tão rápido. — Brownie, que droga! Fale alguma coisa, faça alguma coisa!
— Eu estou bem — eu não estava nada bem. — Não faço e falo nada porque não tenho nada para fazer ou dizer. Quer que eu pague uma de Noah Schnapp e saia rastejando pelo chão agora? — e eu tinha sim muito a dizer. Mas nem tudo era para eles, sobre eles.
— No crédito ou no débito, doçura? — ele deu um violento revirar de olhos, a cabeça logo sendo enfiada entre os braços sobre a mesa, depois de algum tempo de silêncio reclamando da dor de cabeça que sentia, devido ao burburinho do local.
— Os meninos, onde foram, Sasa? Acham que teria algum problema se eu fosse embora sem a companhia deles? Porque, nossa, estou tão cansada.
— Mesa oito, atrás de você — Sadie bufou, os olhos rolando como Noah fizera, enquanto ela apoiava indelicadamente os cotovelos na mesa e a cabeça em mãos. Ela deslizava as unhas pela mesa plastificada do food truck em que nos encontrávamos, parecendo talvez até mesmo mais desanimada que eu. — Mas não te aconselho a esperá-los e nem a olhá-los. É uma péssima ideia. Eles são um bando de idiotas insensíveis. Se quiser ir, apenas vá.
— Posso questionar o porquê disso tudo, senhorita? — ergui as sobrancelhas de forma que, segundo a tal ruiva, apenas eu sabia erguer, e que na maioria das vezes fazia com que ela se sentisse pressionada a dizer algo. Mas aquela não era minha intenção. Eu nem mesmo sabia se desejava entender o que ela dizia.
— Não questione, também é uma péssima ideia — a voz abafada e arrastada de Noah soou de repente, e a ruiva bufou.
— Eles não estão sozinhos — Noah finalmente levantou a cabeça, e ambos olharam por cima de meus ombros. E eu, muito tentada a olhar, depois de algum tempo obviamente o fiz. Então crispei os lábios, franzi as sobrancelhas, contraí o maxilar, fiz tudo o que alguém exposto a tamanha situação de estresse faria. Estávamos sentados à mesa da barraca mais cheia de todo o parque de diversões, mas eu não ouvia nada além de batidas descompassadas. Minhas batidas descompassadas. Eu perdi a conta de quantas vezes me ajeitei naquela cadeira que de repente tornara-se desconfortável.
É, eles não estavam sozinhos. E eu não sabia que algo podia me afetar tanto. Tinha certeza de que havia sido substituída, porque era aquilo que a loura, tão próxima a Finn que quase sentava-se em seu colo, me mostrava. E eles pareciam tão eufóricos, animados com a conversa como se a conhecessem há tempos. Ela era realmente bonita. — Maravilha. Agora ela empedra de vez, Sadie!
— Casa... — murmurei, mal conseguindo pronunciar tal palavra de tão estática. — eu vou para casa. Estou esgotada, definitivamente vou para casa.
— Não, não, nem pense! — Noah exclamou. — Mesmo que tudo o que eu mais queira nesse mundo é que você diga isso sempre que me vê, eu não terei quem perturbar se você for embora agora. E ela... — ele encarou Sadie. — É muito bruta comigo.
— Eu não sou nenhuma pacifista, mas você bem que poderia colaborar mais para que ser tão "bruta" fosse desnecessário — murmurou ela em sua defesa.
— Que eu saiba, não se domestica cobras com delicadeza, Schnapp — então me ergui da cadeira, agarrando meu adorno de pulso ao encarar a loura outra vez, e ainda com mais força ao vê-la retribuir meu olhar. E não demorei a começar a me dirigir para longe dali, ainda que Noah implorasse para eu ficar. — Vejo você amanhã, Sasa!
— Millie! — ele chamou-me inúmeras vezes, a voz de fato desesperada, até que se tornasse apenas mais uma em meio a multidão.
Eu não gostava de ignorá-los, mas era o que minha situação pedia. E cruzei o parque de diversões, realmente cansada. Cansada daquilo. Deles. Física e mentalmente. Deixei o local que tanto desejei visitar, tendo junto a mim pensamentos tão desanimadores que até mesmo Tristeza, de "Divertida Mente" pareceria mais contente que eu naquele momento, e carreguei por um bom tempo a imagem de olhos azuis na mente. Como dois imensos oceanos. Da mesma forma ela me sufocava.
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ventured to say ˓ fillie
Fanfictionquando uma menina se mudou para o burgo dos wolfhard, levou consigo todas as suas inseguranças. eles se deram bem (certamente não de primeira, mas se compreendiam). no entanto, seu convívio podia ser melhor, pois haviam atingido um nível de estreite...