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"Que solidão é mais solitária que a desconfiança?"

Tau

- E porquê eu? Porquê a mim? - eu pergunto a Thomas arqueando as sobrancelhas, não acreditando que realmente me tornarei numa vingadora. Não sei o que Fury viu em mim, mas ele está enganado em achar que eu darei uma boa heroína. Nunca gostei de trabalhar em equipa. Sou péssima em trabalho de equipa. Sou uma pessoa que preza em demasia a independência.

Estamos neste momento a treinar. É o segundo dia de treino. Logo no primeiro dia ele percebeu que era inútil preparar-me fisicamente uma vez que eu estou em bastante boa forma física. Não me interpretem mal. Eu nunca fiz ginásio. Nunca fui fã de qualquer tipo de desporto. Simplesmente nasci assim, com uma enorme força e resistência.

Sendo assim, o treino de hoje consiste em combate. Mais concretamente, técnicas de combate.

- Suponho que tenha um pouco a ver com os teus feitos. - ele responde após ponderar um bocado. Sei ao que ele se refere. Ao estúpido vídeo que mostra eu a empurrar um homem para o lado para impedir a bala de acertar nele para depois acertar em cheio no meu estômago. Só aí descobri que conseguia curar-me muito mais depressa do que um humano ou até que a maioria dos mutantes. A bala trespassara o meu estômago. Uma dor alucinante. Naquele momento desejava estar morta. Mas segundo os médicos eu fui um milagre e qualquer outro morreria ao fim de poucos minutos.

- Eu curo depressa.

- Mas não o sabias na altura, pois não? - ele ergue uma sobrancelha.

- Sabia pois. - eu argumento. É um pouco verdade. Eu sabia que me curava um pouco, ao menos, mais depressa que o resto das pessoas. Mas para ser sincera, quando o tiro me atingiu o estômago pensava mesmo que ia morrer. Simplesmente agi por impulso sem pensar nas consequências. Todos morremos, então sempre disse a mim mesma que se é para morrer pelo menos o faça de forma honrosa.

- És destemida. Ponto final. Não podes negar isso. E tens poderes incríveis com bastante potencial. Tens mais do que o suficiente para seres uma vingadora.

- Com certeza há muitos mutantes que possuem as mesmas características.

- Pensava que achavas não ser uma mutante. - ele diz e eu olho-o um pouco surpresa por ele saber aquilo. Gemma deve ter-lhe contado. Ela definitivamente gosta dele.

- O que importa o que acho? A cientista experiente diz que sou é porque devo ser. - eu comento encolhendo os ombros.

- Ja vi que não simpatizaste muito com Gemma. - ele e consigo notar o seu esforço em tentar não sorrir.

- Tu simpatizaste? - eu pergunto franzindo as sobrancelhas. Ele ri-se.

- Bem, sabemos ao menos que ele não te escolheu pela tua simpatia. - ele graceja. Eu sorrio muito ao de leve. Mas ele reparou e sorri abertamente, visivelmente contente por me ter feito esforçar nem que fosse o mais leve sorriso. Não sou uma pessoa dada a sorrisos. No geral, costumo odiar toda a gente mas Thomas é simpático.

(...)

- Aprendes depressa. - Thomas comenta depois de eu conseguir repetir tudo aquilo que me mandou fazer. Bastou um dia para aprender a base da defesa pessoal. É incrível aquilo que consigo assimilar em tão pouco tempo.

- E depois do treino o que é suposto acontecer? Torno-me oficialmente uma vingadora e vou lutar com aliens? - eu pergunto curiosa por saber o meu futuro que parece bastante promissor. Sentiram a ironia? Não me interpretam mal. Eu gosto de ajudar as pessoas mas salvar o mundo? Isso é demasiado para aquilo que consigo fazer. Posso ser forte mas há coisas que vão para além dos meus limites. Eu não sou nenhuma heroína. Para o ser teria de trabalhar bem em grupo coisa que não acontece. Talvez possa aprender. Mas não consigo deixar de me comparar a pessoas como o Capitão América. Comparada com ele não sou nada.

- Primeiro tens de fazer umas missões antes de te juntares aos Vingadores. - ele explica. Faz sentido.

- E quando vai ser a minha primeira missão? - eu pergunto tentando não parecer muito entusiasmada. Só passaram 7 dias e eu já quero sair deste sítio e fazer alguma coisa a sério. Ajudar pessoas e assim.

- Amanhã. - ele responde apanhando-me de surpresa. Nunca pensei que fosse a uma missão tão depressa. Provavelmente é porque é de baixo risco. Mas continua a ser uma missão e isso já é muito bom.

- E é o quê? - eu pergunto a morrer de curiosidade.

- Vamos nos infiltrar numa festa de um homem chamado Ruán Cardoso para entrarmos no seu escritório e acessarmos ao seu computador privado. - ele explica sem se delongar em detalhes como a quem ele se refere quando diz "nós". Ou como raio vamos acessar ao seu computador. E outro milhão de perguntas bastante pertinentes.

- Quando dizes "nós" referes-te a nós os dois? - eu começo por perguntar. Ele assente.

- Sim.

- E porquê é que vamos acessar ao computador desse homem?

- Isso é confidencial. - ele responde. Já estava à espera de uma resposta desse género. Típico de organizações como a SHIELD. Super secretas e tudo o mais.

- E como vamos acessar ao computador dele?

- Com uma pen que contém um cavalo de tróia. Basta colocar a pen e abrir a pasta que há dentro e já está. - ele explica rapidamente.

- E és tu que vais fazer isso enquanto eu fico de vigia? - eu pergunto e ele assente de novo.

- Exato.

- E suponho que nos vamos fazer passar por convidados reais dessa festa, certo?

- Sim. Eu sou John Lightwood e tu Jennifer Lightwood. Somos marido e mulher. Eu sou CEO de uma empresa de alta segurança e tu és uma pintora bastante conhecida. - ele explica.

- E porquê é que fomos convidados? Quero dizer, porque é que John e Jennifer foram convidados?

- Ruán deve ter interesse em comprar a empresa de Lightwood e aprecia pintura.

- É uma boa altura mencionar o quão inútil eu acho que a pintura é? - eu gracejo e ele ri.

Tau | LokiOnde histórias criam vida. Descubra agora