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"Assim nos erguemos, assim caímos"

Tau

- Quem era ao telemóvel? - Thomas pergunta quando saio do quarto já com as minhas coisas para a viagem. Sinto o meu coração acelerar. Será que ele ouviu alguma coisa? Não. Eu falei baixo era impossível ele ter ouvido alguma coisa mesmo que estivesse com o ouvido colado à porta do meu quarto.

- Um amigo do Alaska. Só depois de um mês é que dá pela minha falta. - eu forço um pequeno sorriso divertido. Ele sorri também. Não desconfia de nada. Ainda, pelo menos.

- Grande amigo. - ele graceja. Ele continua igual desde que o conheci, porém agora parece que estou com outra pessoa. Agora olho para ele e vejo um ator. Uma farsa. E até posso estar enganada. Espero estar enganada.

- É apenas um conhecido para ser honesta. Não interessa. - eu encolho os ombros tentando encerrar o assunto.

- Ex-namorado? - ele pergunta deixando-me cada vez mais nervosa.

- Não. - eu abano a cabeça forçando de novo um sorriso.

- Vamos. Temos um voo para Berlim daqui a 3 horas.

- Berlim? Não era Moscovo ou Sydney? - eu pergunto confusa e um pouco apreensiva com a resposta à mudança de planos repentina.

- Mudança de planos. - ele responde curto.

- Não vais dizer o porquê ainda?

- Não há tempo agora. Explico-te no voo. - ele abana a cabeça fazendo-me sinal para irmos.

(...)

- Vais explicar-te agora? - eu pergunto impaciente a Thomas quando já estamos sentados no avião.

Pergunto-me se terei feito uma boa decisão em ter entrando num avião onde permanecerei durante mais de 8 horas. Se ele for um agente da Hydra não terá sido uma decisão inteligente. Se bem que eu tenho vantagens. Tenho os meus poderes. E agora tenho a tática. Mas suponho que ele continue a ser melhor que eu em combate corpo a corpo. Ele tem a prática em seu favor.

Tento pensar nas possibilidades de fuga caso a situação piore. Não temos armas. Oh espera. Há dois inspetores a bordo com armas. Tenho de tentar encontrá-los. Não. Que estupidez. E o que raio faria eu com a arma? Ele sabe que eu jamais a conseguiria utilizar contra ele ou qualquer outra pessoa. E caso conseguisse e se falhasse o alvo e acertasse no avião? Morríamos todos. Bem sei que tenho uma pontaria impecável mas é demasiado arriscado.

Ok. Tenho de manter a cabeça fria e pensar com clareza.

- O que se passa contigo? - Thomas repara na minha cara séria. Caramba ele já me conhece tão bem. Se bem que no estado em que estou, sem pinga de sangue, só um tolo não perceberia que eu não estou bem.

- Nada. - eu abano a cabeça forçando um sorriso.

- Tens medo de andar de avião? - ele pergunta sorrindo divertido.

Eu abro a boca para protestar e negar  mas fecho-a imediatamente. É a desculpa perfeita para eu estar nervosa. Eu tenho medo de andar de avião. Tal não podia ser menos verdade, enfim.

- Sim, tenho um pouco. - eu assinto engolindo um seco para ele interpretar como sendo devido ao meu "medo de andar de aviões".

Ele sorri agora de forma carinhosa. Ele coloca a sua mão em cima da minha e aperta-a de forma reconfortante. Eu estremeço um pouco com o seu toque. Mas depois sorrio e aperto a sua mão de volta.

- Ainda não te explicaste. - eu relembro-o encarando-o séria e impaciente à espera de uma explicação da sua parte. Espero mesmo que seja uma explicação com sentido e que faça dissipar todas as minhas dúvidas em relação a ele.

- Não estás a salvo nos Estados Unidos. Eles controlam tudo, até a SHIELD neste momento. - ele diz de forma calma e em voz baixa como se tivesse medo de alguém ouvir-nos. Estamos na zona executiva então há apenas dois assentos juntos em cada fila. Ao que parece a família de Thomas é bastante rica e ele pagou tudo depois de eu dizer que não tinha onde cair morta uma vez que só recebi um ordenado por parte da SHIELD e a minha tia jamais me falaria de novo quanto mais me dar um cêntimo que fosse.

- Como é que podes saber isso? - eu pergunto ainda nada convencida com a sua explicação da treta. Para estarmos a vir para Berlim é porque tem suspeitas de que estamos realmente em perigos. E quando digo estamos provavelmente refere-se apenas a mim uma vez que só eu a aberração da natureza que nem humana nem mutante sou e Hydra deve estar a fazer tudo por tudo para poder me deitar mãos e fazer-me experiências loucas para arranjar uma poção que faça um exército de pessoas iguais a mim ou qualquer coisa assim do género.

- Tens noção do teu poder, Tau? Quando conseguires controlá-lo poderás fazer coisas que ninguém alguma vez poderá imaginar. Até agora não mostraste ter limites. Hydra está a fazer tudo o que lhe for possível para te conseguir apanhar. - ele olha-se sério e preocupado apertando mais a minha mão.

- E aqui estamos nós no avião a caminho de Berlim. Porque a Hydra não consegue ver que uma Tau Mainz e um Edward Hardy acabaram de embarcar num avião. - eu comento sarcástica.

- Ainda temos tempo. - ele argumenta calmo. Eu largo a sua mão de imediato e encaro-o séria. Ele sabe mais do que me está a contar.

- Tom, vais-me dizer aquilo que realmente se passa? Chega de adornos. Conta-me tudo. - eu exijo com firmeza. Ele suspira e hesita antes de me responder.

- Eu recebi informações de um infiltrado da SHIELD na Hydra. Segundo as informações que obtive Hydra está a planear a tua capturação. Ainda temos algum tempo para fugirmos sem pressa mas depois temos de arranjar um disfarce. - ele explica.

- E porquê é que não me contaste isso logo? - eu pergunto indignada.

- Porque não quero que vivas com o medo de ser apanhada e torturada por eles! - ele exclama elevando um pouco a voz fazendo as pessoas da fila a seguir olharem para nós.

- Eu sempre tive noção desse cenário! Foste tu que me contaste dos perigos da Hydra e aquilo que eles fazem. - eu riposto.

- Não é a mesma coisa, Tau. - ele diz calmo olhando-me um pouco triste. Consigo ver um certo arrependimento no seu olhar que desaparece de imediato assim que ele desvia o olhar para a frente.

É então que percebo que ele pode estar mesmo a tentar proteger-me, de facto. No entanto pode ser um infiltrado da Hydra na mesma. Se calhar apaixonou-se por mim. Ele arrependeu-se e como é da Hydra sabe exatamente os seus planos. Não há infiltrado nenhum: é ele que é agente da Hydra que agora me está a ajudar.

Mas preciso de provas. Tenho de procurar nas suas coisas por provas que comprovem que ele é de facto um agente da Hydra. E se o for irei confrontá-lo. Acredito realmente que ele não me fará mal. Ou se calhar fará. Nunca podemos ter a certeza do que uma pessoa é ou não capaz de fazer. Mas sinto que ele não me fará mal. E o meu instinto nunca errou até hoje.

Tau | LokiOnde histórias criam vida. Descubra agora