Same old love

1.4K 91 9
                                    

Era uma manhã chuvosa como quase todas as que estava acostumada a presenciar desde que mudei a anos atrás para essa cidade. Estava sentada em uma poltrona na sacada vestida com meu velho moletom que ia até o meio de minhas coxas, meias nos pés e meu grande e velho companheiro chocolate quente em mãos. Um de meus passatempos favoritos era admirar Seattle aquele momento da manhã em que o sol está nascendo. Pouco tempo depois ouço passos e braços quentes me envolvem, seguidos de beijos em minha nuca e não preciso me virar para saber de quem vinham tantos carinhos.

- Pensei que dormiria a manhã inteira, é nossa folga - me viro para morena e me permito sorrir.

-Senti saudade do seu corpo quente ao meu lado, é covardia me largar naquela cama imensa sozinha sabia? - aquele sotaque italiano a essa altura do campeonato havia se tornado música para meus ouvidos.

-Oh - sorri abertamente para ela - me perdoe, meu bem. Sabe como amo apreciar o nascer do dia. - lhe dei um beijo carinhoso na ponta do nariz.

- Tudo bem - sorriu de volta e depositou um selinho carinhoso em meus lábios.

Minha relação com Carina não estava definida, nós nos dávamos muito bem e era divertido passar tempo com ela. Sofia a amava e eu achava linda a relação das duas, acho que na verdade o que me faltava era coragem de pedi-la em namoro e eu sentia que a mesma estava esperando uma atitude minha, o que era esquisito partindo de uma mulher como Carina. Apesar dos pesares eu acho que apenas não consigo ver um futuro próximo com ela, quero dizer... o sexo é ótimo e a companhia também, mas tem aquela coisa que vai além do lance carnal e eu não sinto isso com Carina.

- Vou acordar a pequena para escola - me desvencilhei de seu abraço e a mesma se direcionou para o banheiro.

- Oh, já desço e preparo o café enquanto se arruma para leva-la. - a mesma aparece na porta do banheiro com a escova de dentes em mãos e apenas faço que sim com a cabeça.

- Ta na hora de acordar amor da mamãe - dei um beijo em sua cabeça que estava quase toda coberta e a mesma se mexeu, mas não abriu os olhos. - Você é tão filha de Calliope Torres que às vezes me assusta - soprei seu rosto e a mesma abriu os olhos com uma carranca, mas ao me ver logo abre seu lindo sorriso de covinhas.

- Bom dia mamãe! - me abraça e beija meu rosto.

- Posso saber o por que de tanta felicidade mocinha? - finjo não saber o motivo e ela revira os olhos. Oh, minha menina está cada dia mais crescida.

- Hoje a mamãe vem me ver! - começa a pular em sua cama e a dar gargalhadas.

- Eu sei que está muito feliz, mas nada de pular na sua cama mocinha. - ajudo-a a descer da cama - vá se arrumar pois daqui a pouco irei te levar a escola e mais tarde iremos buscar sua mãe, o que me diz?

- Eba! - sai correndo em direção ao banheiro - A tia Carina irá connosco? - aparece novamente na porta do banheiro.

- Não, só iremos nós duas - arqueio uma de minhas sobrancelhas de maneira curiosa - Porque a pergunta mocinha?

- Acho que a mamãe não ia gostar nada disso - abro a boca mas nada me vem como resposta, apenas saio do quarto.

- Callie havia se separado de sua perfeita Penny a alguns meses, bom pelo menos era o que eu havia ficado sabendo através de Meredith. Nós havíamos nos aproximado muito desde a partida de Callie para NY. A latina tinha prometido passar o fim de semana com a nossa filha e eu havia me prontificado a ceder um quarto de minha casa para evitar gastos desnecessários com hotel já que o apartamento estava alugado. Parei na entrada da cozinha apenas para rir da dança desajeitada de Carina ao fazer suas deliciosas panquecas.

- Bravo - entro na cozinha batendo palmas e Carina se vira para mim assustada - pode continuar o show, só vim avisar que vou trocar de roupa. - não consigo conter a gargalhada diante de seu olhar de reprovação.

- Isso não se faz Arizona, eu poderia morrer do coração - me olha incrédula e acaba por rir.

- Oh, me poupe de seu drama barato essa hora da manhã - lhe joguei um beijo no ar e parti para o meu quarto a fim de terminar de me arrumar.

Após o café da manhã seguimos juntas até a garagem de casa, Carina se despediu de mim e Sofia dizendo que iria resolver algo de última hora no hospital. Deixei minha filha na escola e parti para o supermercado, pois minha dispensa estava quase vazia e não podia mantê-la assim. Após as compras volto para casa e começo a preparar o almoço visto que não haveria nada para fazer no momento e restava pelo menos duas horas até buscar Sofia e partirmos para o aeroporto.

Após preparar o almoço segui para o meu quarto afim de tomar um banho e dispersar toda a tensão que se instalara no meu corpo, afinal eu não vejo Callie a mais de um ano. Acabado o banho, sigo para meu closet e acabo por colocar uma calça jeans, juntamente a uma blusa e saltos pretos. Pego meu sobretudo e saio a fim de buscar Sofia.

- A mamãe já chegou? - a menina entra no carro animada.

- Boa tarde pra você também, pingo. - Sofia faz uma cara de culpada e deposita um beijo em minha bochecha.

- Boa tarde mamãe, então... a mamãe já chegou? - sorri abertamente e eu me derreto com a doçura de minha menina.

- Sim, meu amor. É só o tempo de chegarmos ao aeroporto, ok? Agora ponha o cinto - dou partida no carro e minha tensão só aumenta, sinto minhas mãos soarem e aperto levemente o volante. O caminho até o aeroporto é relativamente rápido, Sofia estava mais falante que o normal e isso me ajudou a esquecer um pouco o que estava indo fazer.

Ao chegarmos no aeroporto fomos ao portão onde Callie disse que estaria. Varri o local com o olhar e nada de achar a latina, me sento com uma Sofia extremamente animada ao meu lado e abaixo a cabeça. Quando levanto a cabeça a fim de dar uma nova olhada no local lá estava ela, linda e de tirar o fôlego (como sempre). Acabei suspirando, o que não passou despercebido por Sofia que ao ver meu olhar reprovador apenas sorriu de lado. Callie vinha em nossa direção com um macacão azul marinho e um sobretudo preto, seus cabelos estavam soltos e bem maiores que da última vez que a vi, afinal haviam se passado um ano. Sofia saiu correndo ao encontro de sua mãe e apenas me mantive de longe admirando a cena com um singelo sorriso nos lábios.

- Boa tarde Arizona. - "meu deus!" Prendi a respiração "como eu senti falta desse abraço"

- Boa tarde Calliope - sorri grandemente ao ver seu sorriso direcionado a mim assim que quebramos o abraço

Infatuation Onde histórias criam vida. Descubra agora