- Oi, filha! - meu pai disse me abraçando assim que me aproximei dele no aeroporto.
- Oi, pai! - respondi, retribuindo o abraço.
- Oi, Nanda!
- Oi, senhor Pedro! - minha amiga cumprimentou meu pai.
- Vamos? - meu pai perguntou, me ajudando com minhas malas. Eu e Nanda assentimos. Iríamos dar uma carona para ela, que não morava tão longe da nossa casa.
(...)
Quando cheguei na minha casa, faltou pouco para minha mãe e minha irmã mais nova me matarem de tanto apertar em seus abraços.
-Vamos jantar? - minha mãe perguntou assim que me soltaram - Emilly e eu estávamos só esperando vocês chegarem! - minha mãe disse enquanto todos se sentávamos à mesa.
Comemos e também conversamos bastante sobre minha viagem, sobre a virada do ano que eles foram na praia de Copacabana e sobre as festas da nossa família nesses últimos dias. Minha mãe Helena contava os momentos engraçados que toda a bebedeira de meus tios e tias tinha proporcionado neste ano. Eu gostava desses momentos com a minha família, de sentarmos, conversamos e essas coisas, já que vivia fora de casa quase o ano todo.
(...)
Já era por volta das 21h00. Meu pai já tinha ido deitar pois na manhã seguinte a rotina de trabalho voltava. Minha irmã ainda assistia desenhos que passava na TV. Minha mãe estava ajeitando a cozinha, já que não precisaria de preocupar com trabalho no dia seguinte por ainda estar de férias. Saí do meu quarto, onde tinha ajeitado algumas coisas da minha mala e fui até a cozinha.
- Mãe, posso falar com você? - disse a ela, enquanto a mesma lavava a louça.
- Claro, Manu!
- É que... É que eu conheci uma pessoa lá em Noronha! - disse enquanto guardava alguns pratos já secos. Minha mãe não disse nada, apenas me olhou como se tentasse me incentivar a prosseguir - O problema é que ele não é uma pessoa muito comum - minha mãe desligou a torneira e me olhou sério.
- Não vai me dizer que você se apaixonou por alguém que está envolvido com a polícia, Manuela?
- Não, mãe! - eu ri do desespero dela - Ele é jogador de futebol.
- Do Flamengo? - ela voltou a lavar as panelas.
- Meu sonho que ele jogasse no Fla, né? Mas na verdade ele joga no Manchester City! - minha mãe fez uma careta.
- Onde fica isso?
- Na Inglaterra! -ela fez uma cara de desdém e não pude deixar de rir.
- Ele também joga na seleção brasileira, dona Helena!
- É o Neymar? Mas não estavam falando por aí que ele voltou com aquela atriz, Bruna Marquezine?
- Não é o Neymar, mãe! O Neymar joga no PSG - eu já ria muito da minha mãe - É o Gabriel Jesus.
- Já ouvir falar! - ela diz pensativa.
- Vou te mostrar uma foto dele - disse pegando meu celular no bolso do meu short e abrindo o Instagram.
- Vi ele na TV uma vez, acho! - ficamos em silêncio por um tempo - Mas e aí? -minha mãe não precisou dizer mais nada para entender do que ela se referia ao me fazer essa simples pergunta.
- Eu gosto dele, mas é meio complicado! - minha mãe suspirou.
- Eu entendo que é, minha filha! Lembra de como era quando o seu pai vivia viajando para lá e para cá por causa do trabalho? - assenti, me recordando das histórias que me contavam - Foi a época mais difícil para mim porque você tinha um pouco mais de um ano de idade. Tive que me virar para cuidar de você, da casa e além disso, eu era muito insegura, sabe? - ela olhou para mim e eu assenti - Ficava imaginando o que seu pai poderia aprontar estando longe mas ele fazia questão de deixar claro toda vez que a gente se falava, se via, que ele me amava muito, que amava você, a nossa família e que logo logo ele conseguiria ficar com a gente mais tempo. Isso me deu muitas forças para não desistir do nosso casamento, porque mesmo eu amando ele muito, era complicado para mim - minha mãe terminou de lavar as louças e me puxou para sentar à mesa - Eu te conheço muito bem para saber que está muito insegura mas que também quer muito ficar com ele. Então, como mãe, te digo se é o que você realmente quer, sabe, estar ao lado dele... - assenti - Eu vou fazer o possível para te apoiar, tá? - ela sorriu para mim e me puxou para um longo abraço.
- Obrigada, mãe!