Capitulo 1

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Cheguei depois das onze, meus pais me matariam, mas o mestre aqui sabia como se livrar. Pulei a cerca do quintal, escalei até a janela do meu quarto que havia deixado aberta, prevendo que chegaria tarde, quando empurrei ela estava trancada.
Então ouvi passos e uma luz ligando, a cortina da janela se abriu e minha mãe dá um sorriso malicioso, me ferrei...
Ela abre a janela, eu entro e ela começa o show de horrores, também conhecido como sermão de pais...
- Qual a nossa regra?
- Chegar até no máximo onze horas. - Respondi
- E que horas são?
- São 2:30 da madrugada
- E quem vai ficar de castigo por um mês?
- Mãe, eu não sei. O Edu?? - Respondi ironicamente.
- É o Edu seu lerdo? Seu nome agora é Edu??
- Não mãe, acalme-se. Eu sei que descumpri a nossa regra, mas é que hoje é sexta, amanhã é sábado, não tem escola, pensei que poderia estravazar um pouco. A senhora viu meu boletim? Foi ótimo estávamos comemorando semana que vem é a última semana de aula depois estaremos de férias... Dá um credito vai mãe? Por favorzinho!!!  - E então para fechar com chave de ouro, fiz minha cara de filho inocente misturada com a cara de cachorro pidão.
E ela caiu direitinho. Cheque-Mate.
-Então okay! Mas vê se avisa que vai chegar mais tarde da próxima vez! Você tem pais sabia?? Nós nos preocupamos.
- Sim senhora capitã! - Fiz uma saudação militar. E ela desmanchou-se em risadas. Essa era minha mãe, aquela mulher que batalhou muito para chegarmos onde estamos, nem sempre foi assim, tudo quieto e feliz, nem sempre foi essa harmonia toda.
Deitei- me aquela noite com um sorriso no rosto. Lembrando que mesmo com todos os meus problemas, existiam pessoas em situações piores que a minha.
Relaxei e peguei em um sono profundo.
🌀♨♨🌵
Eu estava correndo, me sentindo triste, o suor pingava em meu rosto. Sentia aquele líquido frio escorrendo na linha da minha coluna. Eu estava fugindo. Podia sentir que a cada passo que eu dava era em vão. Aquilo ou aquela pessoa logo me alcançaria, eu estava perdido, lutando em cada arfada de ar. Até que quando olho pra frente me assusto com aquela visão...

Acordo gritando, foi apenas um pesadelo. Edu entra correndo no quarto me chamando pro café da manhã. Eu levanto vou ao banheiro, lavo meu rosto, escovo meus dentes e me olho no espelho. Ainda tinha aquela imagem na cabeça. Desde pequeno sempre tive uma imaginação muito fértil. Sempre tive pesadelos ou sonhos e sempre acordava assim, suado, assustado, e gritando.
Mas quando fui crescendo fui cada vez menos tendo esses sonhos, até que hoje isso mudou. Não sei o porquê, talvez tenha sido a festa, ou melhor o cansaço da festa. Mas vida que segue. Desci as escadas, peguei uma torrada passei geleia, pus café em minha xícara. Adicionei leite e açúcar. Fui pra garagem. Peguei meu sketchbook e fui desenhar aquela imagem.
Eu sempre gostei de desenhar era um hobbie que eu mantinha com prazer.
Senti uma vibração em meu bolso.

De: Gabriel

E aí Pedro Tudo tranquilo? Como chegou ontem seus pais brigaram?

Respondi:

E aí tá tudo tranquilo sim Gab, minha mãe trancou a janela, quando eu to lá em cima tentando abrir ela me aparece, abre a janela e começa um sermão... Mas deu tudo certo. Nada que uma falácia por misericórdia não resolva... Mas e você? Já estava em casa mesmo...

Enviei e não esperei uma resposta, me concentrei no meu desenho. Quanto mais desenhava mais me lembrava da sensação. Eu até que gostei do resultado...
Subi as escadas e guardei meu caderno lá mesmo. Dei tchau aos meus pais e disse que ia na casa da Andressa.
Então peguei minha bicicleta e segui rumo a casa dela. Não era longe. Na verdade os nossos quintais de fundos eram colados um no outro. Mas eu queria espairecer a mente então fui até o final da rua e dobrei a esquina. Cheguei na casa dela abri a porta e falei com a mãe  dela, ela falou que ela estava lá em cima, como eu já esperava que estivesse. Subi as escadas e bati na porta. Ela soltou aquele gemido de quem acabou de acordar.
- Pode entrar... Você sabe que pode entrar...
Abri a porta deitei ao seu lado 

-Como está? - Perguntei, sabia a resposta. Eu e a Andressa nos conhecemos a muito tempo. Na verdade nos conhecemos na maternidade, eu nasci uma semana depois que ela. Motivo pelo qual ela se aproveita a me pirraçar dizendo que ela é mais velha, porém nós temos aquela relação de irmão mais velho e irmã casula. Somos melhores amigos desde o 3º ano. antes eramos um tanto que arqui-inimigos. Pois é brigávamos feito cachorro e gato.

- Eu estou bem! Como pode perceber acabei de acordar... Mas tive um sonho maluco. Na verdade eu sonhei quando a gente passou de arqui-inimigos para melhores amigos, no terceiro ano lembra?

- Lembro!! Na verdade estava pensando sobre isso... Nós nem somos melhores amigos, nem somos... - Falei naquele tom irônico que apenas eu sei fazer e nos desmanchamos em risadas.

- Você estava tomando sorvete e aquele menino o repetente valentão, como era o nome dele mesmo?

- Gustavo!

- Isso ele mesmo! Ele derrubou seu sorvete, eu corri e dei um chute nas bolas dele... Comprei um sorvete novo pra você e você dividiu comigo. Desde aquele dia não nos separamos mais.

- Pois é desde aquele dia não nos separamos mais...

- Já passamos por tanta coisa... tantas desventuras em série - Começamos a rir porque eu entendi a piada interna.

- Vamos correr no parque?

- Sim! Deixa eu só tomar um banho e tomar um café.

- Tá certo vou descer e perguntar ao Gabriel se ele não quer ir com a gente.

- Falar com o G-Ga-Gabriel??

- É ué! Por que? Você nem tem uma queda por ele nem tem... Você deveria falar com ele somos melhores amigos, não devíamos esconder coisas uns dos outros. E eu acho que ele também gosta de você!

-Pra você falar é fácil, você é todo sem vergonha na cara... Você sabe que eu sou tímida, e não é o caso de esconder ou não esconder algo, é só que eu tenho vergonha. aliás se ele gosta realmente de mim ele deveria tomar a iniciativa...

- Sim também acho que ele deveria tomar a iniciativa...

Desci as escadas e peguei meu celular do bolso, mandei uma mensagem para o Gabriel.

De: Pedro

Para: Gabriel

Gabriel eu e a Andressa vamos ao parque correr. Você também quer ir?

Ele respondeu que iria, que nos encontraríamos lá. Eu me esqueci de perguntar a ele se ele não iria tomar  a iniciativa de pedir a Andressa em namoro, mas eu não queria apressar as coisas, então bolaria um plano para que eles se juntassem. Afinal eu sou o cupido... Rir dessa piada literalmente interna.




Devastação pós-vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora