Capítulo 5

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A cada minuto que se passavam naquela sala de espera eram infernais. Me sentia sufocado, como se alguém estivesse com mãos em minha garganta, minhas sensações quando eu estava nervoso eram as mais estranhas possíveis... A cada minuto que se passavam percebia que algo de errado poderia estar acontecendo. O Relógio preto e branco que estava na sala de espera fazia um barulhinho irritante bem característico de filmes.

Após alguns minutos na sala de espera Gabriel chega com uma cara um tanto preocupada, algumas gotículas de suor percorriam seu rosto suavemente, eu me irritaria bastante se fosse comigo, mas graças a Deus não era em mim que elas escorriam. Ele se aproxima ao me ver e logo pergunta:

- O que aconteceu?

- Andy, está lá dentro. Não sabemos muita coisa. Estamos aguardando o médico chegar para nos dizer algo.

- Mas porque ela veio parar aqui? - Eu hesitei, bem não sabia como passar a mensagem de que a menina pelo qual ele era apaixonado havia tentado se matar. Mas sua mãe respondeu por mim.

- A-andressa tentou se suicidar...

Se o rosto dele já estava feio, agora havia piorado. A mãe de Andressa, não tentou enrolar nada, foi direta, mas nessas horas eu não sabia como usar o eufemismo a meu favor.

- A-ahn... Vamos esperar o médico trazer notícias.

- Sim, vamos esperar - Ele respondeu tenso, mas afinal quem naquela na sala não estava tenso. Pessoas entravam e saíam da sala, algumas alegres por estarem recuperadas e terem recebido alta, seus familiares comemoravam, se abraçavam e agradeciam por Deus ter ouvido as suas preces. Uma menina me chama atenção, ela era linda. Parei para pensar em Andressa, sabia porque estava ali naquela sala, era difícil aliviar as preocupações e o medo que pesavam em  meus ombros. Mas algo me dizia que não seria a ultima vez que iria vê-la, ela percebeu que eu a encarava e me lançou um sorriso reconfortante, sorri de volta, tímido e envergonhado por ela ter percebido meu olhar. Alguns minutos se passam e Gabriel me olha, será que ele assistira tudo? A troca de olhares? Eu respondo com um olhar interrogativo, ele vira os olhos para a porta, havia entendido. Ele estava me falando da menina que saíra da sala de espera, ele havia assistido a tudo. Estava me convidando a falar sobre. Percebia que era só um modo de tentar esquecer porque estávamos ali. Respondi com um olhar como quem dizia que estava tudo bem e que ela foi só um rostinho bonito.
Com alguns anos de amizade, você se aperfeiçoa na arte de compreender os olhares de seus amigos, e pensar que a pessoa que mais me conhecia estava lá dentro em alguma sala. O médico entra com passos calmos pega o tablet e fala Andressa Carvalho Rocha, nós nos levantamos e fomos em sua direção:
- Sim doutor! Tem notícias boas para nos dar?- A mãe de Andressa falou
- Olá Senhora! Tenho notícias a lhe dar.
- Bem, então nos diga logo.
- Os cortes foram profundos, talvez por uns dois ou três dias os movimentos das mão fiquem comprometidos, ela também perdeu muito sangue e com isso tonturas também são normais assim como dores de cabeça. Ela está no quarto, demos soro e uma bolsa de sangue.
Ela vai ficar bem, resumindo.
- Oh Céus! Que bom, quando podemos vê-la?- Gabriel pergunta.
- Agora se quiserem, mas um de cada vez, pois ela está descansando e não devemos interromper seu descanso.
Primeiro a mãe dela entrou, ficou uns 20 minutos lá dentro, ficamos do lado de fora observando pela vidraça.
Sua mãe chorava, estava feliz em tê-la de volta. Por um momento pensar que poderíamos perdê-la foi horrível. Gabriel chorava ao meu lado, também, eu não sabia o que se passava na mente dele, ele a amava, eram amigos e ele era apaixonado por ela. Não entedíamos o porque dela fazer isso, mas iríamos tentar ajuda-la. Quando chegou minha vez eu fiquei alegre.
Entrei, fechei a porta e sentei ao seu lado, dei um beijo em sua testa, levemente.
Comecei a chorar:
- Sabe, eu nunca tive tanto medo assim na minha vida?! - Sabia que ela não estava me ouvindo mas precisava desabafar.
- Quando você acordar espero que confie em mim, eu não sei o que te levou a tentar se suicidar, não sei qual a sua dor, e o estranho é que sempre me contou tudo. Não sei quando foi que deixou de confiar em mim, não sei quando parou de acreditar que estávamos ali com você. Também não sei o porquê de você ter chorado e fugido com a declaração de Gabriel. Eu pensei que fosse seu sonho, e sinceramente nunca me veio nenhuma motivo até agora para você ter fugido, mas eu só posso aguardar você acordar e me dizer o que está acontecendo.
"Eu até conheci uma garota hoje, bem eu não conheci de verdade, nós trocamos um olhar, eu estava tão preocupado com você e eu só pude olhar, mas algo me dize que essa não será a última vez que eu a verei. Gabriel estava chorando a poucos minutos, ele está tão abalado com isso tudo.
Só posso dizer que te amo, você sabe que é como uma irmã mais nova para mim, minha feminista preferida e a melhor amiga que alguém poderia querer. Espero que acorde logo para podermos conversar. Agora quem vai vir ficar com você é Gabriel, acho que assim como eu ele vai desabafar com você. Isso seria bem a cara dele. Bye bye baby!" .
Dei mais um beijo em sua testa e saí do quarto. Gabriel entrou no quarto e ainda estava chorando, mas ele limpou o rosto e eu Fechei a porta. Só poderia dar um mínimo de privacidade a eles.
Continuei andando para a sala de espera, sua mãe estava lá. Ela falou:
- Eu acabei de falar com sua mãe, ela estava preocupada, vai vir te buscar.
- Ah, obrigado tia! E a senhora está mais aliviada?
- Bem ainda estou abalado e um tanto em choque com tudo isso, mas aliviada em saber que ela vai ficar melhor.
- Eu também estou tão aliviado dela estar melhor...
Não sabia bem o que dizer nessas horas. Bem eu nunca sei realmente o que dizer, eu nunca fui e acho que nunca serei eficiente com minhas palavras, mas pelo menos eu consigo passar tudo o que sinto escrevendo.
Não há nada melhor do que pegar uma caneta e começar a escrever aquilo que eu quero, aquilo que eu sinto, quando estou escrevendo eu me sinto aliviado.
As pessoas algumas vezes me confundiam com alguém calado e fechado, mas alguns minutos depois eu começava a fazê-las rirem e elas se enganavam com todo aquele cenário.
Não é como se eu fosse fechado, é só que eu não sou bom em falar coisas importantes, sérias, coisas sentimentais e etc. Mas fazer as pessoas rirem e manter uma conversa imatura e de cunho cotidiano era minha habilidade.
Alguns minutos depois Gabriel vem ao meu encontro, risonho, não sabia o que havia acontecido, mas era bom pela sua cara.
- Nos conte o porquê dessa risada toda jovem! - A mãe de Andressa fala.
- Ela acordou, ela finalmente acordou.
- Vamos vê-la então!

Devastação pós-vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora