textos que destroem

nosso dia 24.

É isso aí, mais uma vez, nosso dia 24. É o dia mais doloroso pra mim em todos os meses, o dia que eu tenho meu coração apertado pela lembrança que essa data traz. É tolice relembrar disso, eu sei. Justamente hoje, logo hoje que faz exatamente um ano que você se foi, mas é inevitável não lembrar, é em vão as vezes que eu tento te afastar do meu pensamento, justo esse dia.

Quando o relógio marca 20h da noite, é aí a hora que meu peito me traz uma sensação ruim de vazio. Era esse horário que você chegava em casa e na mesma hora me mandava mensagem dizendo que queria me ver, e eu que passava o dia inteiro esperando por essa mensagem, corria até você.

Seus olhos cansados sorrindo pra mim era o que eu queria pra vida toda, e assim passávamos horas e horas, as vezes passávamos a noite inteira juntos, sem nos preocupar com nada. E hoje em dia, das 20h até o resto da noite é só tristeza, é só saudade, é só arrependimento.

Porque, por mais que eu diga que não sinto nada por você, e grite aos quatro cantos do mundo que eu não te amo mais e que você sair da minha vida foi a melhor escolha que você fez, só eu sei o quão hipócrita estou sendo.

Porque, por mais que eu faça e diga de tudo pra provar que a culpa do fim do nosso amor é sua, eu sei que a culpa não é só sua.

Pois não foi o destino que separou a gente, nem as brigas, nem os quilômetros, nem os defeitos. Não foram nossas famílias não foram nossas opiniões políticas opostas, não foi o mundo, não foi seu gosto musical ridículo, e muito menos foi a sua alergia a alguns produtos para a pele. Fui eu. Depois de tudo que passamos, tudo que vivemos e tudo que aprendemos, quem separou a gente fui eu.

E é por isso que eu escrevo a minha dor nos lugares onde você jamais irá ver, e é por isso que eu escrevi o pedido de desculpas que você nunca ouviu, e talvez nunca ouvirá.

Desculpe, por não ter acreditado em você quando tudo que você precisava era que eu tivesse acreditado. Desculpe, por ter agido como se eu estivesse certa mesmo quando já era óbvio que eu não estava. Desculpe, por ter dito para todo mundo que você foi a pior coisa que me aconteceu quando isso nunca passou nem perto de ser verdade.

Desculpe, por nunca ter atendido as suas ligações de madrugada. Desculpe, por nunca ter respondido às suas mensagens me xingando, me avisando, tentando fazer com que eu sentisse algo, quando já era quase tarde demais, tentando me impedir de cometer o erro que eu cometi.

Desculpe, por te tratar como segunda opção, quando na verdade você sempre foi a única opção. Desculpe, por ficar bêbada em uma noite e tentar voltar atrás e consertar tudo que fiz. Desculpe, por ter te abandonado no momento da sua vida em que você mais precisava de mim.

Desculpe, pelo ano bagunçando a sua vida quando tudo que você queria era que as coisas fizesse um pouquinho mais de sentido. Desculpe, pelas vezes em que não te animei e pelas vezes em que desistir de tentar animar e pelas vezes em que nem tentei te animar.

Desculpe, por escrever poemas sobre outros caras, quando o único cara que realmente importou era você.

Sabe, eu passo tanto tempo tentando te condenar pelo que você fez e pelo que você não fez, que precisei de uma sexta-feira sozinha e de uma garrafa de vinho para reconhecer meus erros, um pouco atrasada demais, mas estou aqui: desculpe, do fundo do meu coração! Eu sinceramente espero que você ainda acredite que eu tenha confundido seus defeitos com você.

E mesmo com todos os meus erros, com todos os seus erros, tenho a plena convicção que eu te amei com o amor mais puro que podia haver em mim.

Talvez você encontre alguém melhor que eu, com mais maturidade do que eu, com menos orgulho, com mais experiência, com menos problemas. Alguém que não seja um problema em si, alguém que vai facilitar tudo para você ao invés de dificultar mais ainda, tá me entendendo?

Alguém que vai te proteger e te afastar de tudo que te assusta, alguém que vai compreender teus medos bobos, e que vai te dar colo naqueles teus momentos sensíveis e acessos de choro.

Que vai saber as coisas certas para dizer e a hora certa de dizer também, que não vai ter orgulho quando se trata de você, que andaria até a puta que pariu a pé só pra ver o teu rosto.

Que escalaria o Monte Everest se fosse o necessário para arrancar um sorriso de ti, que iria até o fim do mundo para conceder teus desejos e vontades, mas na moral? Achar alguém que te ame mais do que eu, isso aí já vai ser difícil.

Enfim, boa sorte aí. E só pra você lembrar, esse texto é só um pequeno desabafo, do nosso dia 24.