Hannah - Conto (Concluído)

Epílogo

"O dia fora longo, mas a noite seria a mais longa de toda a minha vida.."

- Descobri quem poderia ter matado o seu pai.- começava.

- Shiiiu! - pousei meu dedo indicador entre os lábios, mas não conseguia esconder meu choque com aquilo - Não tenho tanto tempo, vai logo.

"O lugar que nos encontramos era na beirada de um rio que soava baixo entre os postes de luz na calçada das ruas. Era noite. Era escuro. Era só nos dois."

- ...a um tempo atrás, comecei a estudar como esse negócio de governo funcionava, - ele se apoiava no poste - as aulas sobre socialismo começaram a surtir efeito e minha família idolatra esse partido como ninguém e durante um tempo escutando as conversas do meu avô com alguns companheiros de artilharia, descobri coisas interessantes e queria dividi-las com você tudo o que eu ouvi em segredo, mas aí o seu pai foi assassinado do nada e então... - endireitou-se - eu entrei.

- VOCÊ O QUÊ?! - esbravejei.

- Shiiiu! - sorriu - seu pai é um detetive incrível Hannah, quero ser assim um dia.

" ...Na mão direita de Kevin, estava uma pilha de fotos e documentos roubados do gabinete de papai -nem tudo foi esquecido ou vendido-, sua última investigação também estava com ele. De detetive para detetive, de soldado para soldado. Kevin investigou durante todo o tempo em que estive fora. Kevin Jacobs realmente se importava? Se preocupava? Foi o que pensei..."

- Helena Aigner e Norma Weber eram amigas, mas seu pai descobriu.. - Kevin observava o papel rasgado do jornal - homossexuais. "Mortas em setembro de 1929 por afogamento". Errado, o detetive anotou "sufocadas pela garganta". - ele esperava alguma reação minha até prosseguir - Sofie Diehl, judia e tinha 19 anos. Ela foi morta no mesmo ano, jogada numa das ruas de Munique - ele ia explicando tudo o que fora escrito por meu pai - Elisabeth Bishop era uma inglesa e foi fuzilada e escondida no lixo, mas o pescoço não mostrava evidências claras de que ela foi realmente sufocada, mas o seu pai acreditava que ela e a empregada tinham algo a mais.. -continuava - a empregada doméstica era negra e se chamava Derby. Irmãs de criação... - ele ajeitava os ombros

- outro foi.. - respirava - um menino de 6 anos. Judeu morto em 1931.

- Isso não para nunca? - olhei para os documentos.

" O último que ele mencionou foi a última pessoa que foi investigada, mas parecia ter muito mais segredos a serem revelados. A mulher era diferente de todas as outras vítimas e de acordo com o detetive Shadov, foi uma mulher alemã comum e ao que tudo indicava meu pai queria muito mais sobre ela do que quem poderia tê-la matado. O caso dela envolveu os policiais de toda Alemanha por ela ser a esposa de um general rico da alta burguesia, mesmo sendo de uma origem pobre. Kevin e eu ficamos na beirada do Rio olhando para as estrelas. Em uma mão, estava a foto da ultima vítima que o meu pai investigou antes de ter sido a próxima."