Lauren Jauregui || prólogo

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Lauren's pov

- Até mais, bola de pêlos nojenta. Espero que sua dona barraqueira não se importe - Eu disse, olhando com foco para os olhos opacos do serzinho todo contorcido em minha frente.

Ahh, com apenas um golpe, já era. Ver todo aquele sangue escorrendo em meio ao gramado é muito gratificante. A cada momento desses, eu simplesmente me esqueço de tudo ao meu redor. É como se todas as coisas se apagassem em um instante.

Foram inúmeras as vezes em que eu torturei até a morte animais, mas não é o suficiente. Eu quero algo maior e mais valioso do que esse lixo que a minha vizinha chama (ou chamava) de gato, algo que talvez desperte um mínimo de adrenalina em mim. Sonho com o dia em que eu possa lidar com um ser humano da mesma maneira que lido com esses bichos.

Que seja mais do que apenas um último gemido de dor, quero escutar súplicas por socorro. Apenas estarei satisfeita quando o indivíduo chorar, gritar e implorar para eu não destruir a vida merda que ele cultiva há anos, e nem sei porque dá tanta importância.

Não entendo como as pessoas conseguem ter tanta empatia e amor pelas coisas. Eu simplesmente não sei, não sou apta à sentimentos. Isso não normal, é? Pois bem, não adianta, sou assim desde criança.
Meus pais sempre tentaram me fazer rir, mas eu, como sempre, não demonstrava um estímulo sequer. As piadas eram totalmente em vão, por mais engraçadas que os outros as julgavam ser, nunca adiantou.

Okay, parte disso talvez se dê ao meu maior trauma: o suicídio da minha mãe. Me lembro como se fosse ontem, mesmo que, na época, eu fosse apenas uma criança. Agora, com 17 anos, ainda não entendo porque ela propositalmente se deixou afundar, junto com o carro, no rio. Eu estava ao lado dela, inferno! Eu estava ao lado dela... Foda-se, mesmo não gostando de me lembrar, isso sempre volta a me atormentar; é como um peso na consciência. E se eu for o motivo dela ter desistido?

Isso não me importa mais, agora apenas posso matar os outros, assim como o destino fez com a minha mãe. Principalmente pela motivação que aquele encosto com quem eu sou obrigada a morar e conviver, meu pai, Michael, me dá. Todos os dias eu me controlo para não quebrar alguns dentes e destruir aquela cara de sonso que ele tem.

Porra, por que tudo que me rodeia acaba se tornando apenas mais um fardo para eu carregar?

The End of the F***ing World // camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora