Camila Cabello || prólogo

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- Camila Cabello Estrabao, sua inútil! Vai alimentar suas irmãs ou esqueceu das suas responsabilidades?! - Ouvi minha mãe soltar gritos estridentes do outro lado da casa e, imediatamente, senti vontade de sair correndo, como se nunca os tivesse visto em minha vida.

Por que eu sou obrigada a cuidar dessas gêmeas babonas, que nem sequer são minhas irmãs de verdade? Tudo culpa daquele embuste, Tony, que engravidou minha mãe. O que caralhos ela enxergou nesse cara?

Não tem o que fazer agora, sou obrigada a cuidar. Então apenas bufei como resposta, e fui em direção as duas, que estavam em um daqueles carrinhos duplos super caros.
- Oi, maninhas, vocês não têm culpa de terem nascido em uma família como essa. E aliás - dei uma leve absorvida no aroma que o shampoo para bebês havia deixado naqueles poucos fios que pertenciam à elas - até que a cabeça de vocês cheira bem.

Soltei um leve riso nasal e comecei a alimentá-las, enquanto pensava sobre a todos os absurdos que era obrigada a aturar. Me lembrei claramente do pior dia da minha vida, enquanto uma lágrima escorria pela minha bochecha... Eu era apenas uma criança indefesa.

Chega, de qualquer jeito, não posso recordar mais detalhes daquela época, dá desgosto só de pensar. Ahh, por falar em desgosto, hoje já é dia 27. Só mais três dias nesse inferno, as férias acabam e eu volto para a escola.

Tá, não sei porque isso me alegraria, eu odeio aquela droga também. É nessas horas que penso em apenas desistir; ir para qualquer outro lugar que não seja por aqui.

Hm, talvez seja por isso que eu goste tanto de olhar para o céu. Observar as nuvens e sol, a mistura de todas aquelas cores me dava essa sensação se fugir da realidade...

- Merda, merda, MERDA! - Acordei da minha total distração quando ouvi aquele choro exagerado que fazia meus tímpanos ficarem a um passo de estourar - Desculpa, Karla, eu derrubei a comida em você e... AI MEU DEUS, Sofia, você vai cair desse carrinho se não parar de se mexer desse jeito - Se minha mãe visse que eu fiz uma cagada dessas com suas preciosidades, já era. - Aqui, calma. Pronto, resolvido, menininhas chatas!

Agora Sofia estava em meu colo, onde se sente mais a vontade. E Karla, limpinha, pois eu havia acabado de tirar o rastro de sopa de legumes que tinha em seu casaco de lã.

Por um segundo, foquei na profundidade do olhar das meninas, e apenas conseguia pensar em uma coisa... Será que um dia eu seria capaz de resgatar minha paz novamente?

The End of the F***ing World // camrenOnde histórias criam vida. Descubra agora