Kissed

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Lauren's POV

O sol já havia se posto há quase sete horas.

Não que isso fizesse diferença para mim. Eu ainda me encontrava deitada em minha cama, usando apenas meu jeans e um sutiã preto, encarando o teto de pedra acima de mim, sem nenhuma vontade de sair.

Meu entusiasmo por ver Camila após a noite de ontem morrera assim que eu acordei há horas atrás. Sim, seria divertido ver a cara dela, após toda a humilhação que ela infringiu sobre si mesma, mas por outro lado... Por outro lado não seria tão divertido assim. A Camila que eu conhecia agiria de uma dessas duas formas: primeira, fingiria não se lembrar de nada e me chamaria de mentirosa. Segunda... Bom, a segunda seria fugir do assunto. Eu sabia que ela teria raiva de mim ao lembrar o quanto revelara na noite anterior. Sabia que não iria querer me ver pela frente e, pior do que tudo... Não me agradeceria por nada. Não demonstraria sequer um pouco de simpatia por mim, mesmo depois de tudo o que eu fiz por ela.

Aquilo era cansativo demais, eu me sentia esgotada. Por isso resolvi permanecer aqui essa noite, para não ter chance de esbarrar com ela na rua. Eu havia chegado ao meu limite. Meu orgulho pessoal em relação a amor sempre fora zero, mas aquilo já era demais. Durante toda a minha vida eu fui ou a piada ou o capacho das mulheres que amei, ou pensei amar. Porém Camila conseguia ser pior do que todas juntas, e até a minha falta de orgulho tinha limite. Eu precisava me lembrar de quem eu era, do que eu era. Uma vampira que por anos esteve entre os vampiros mais temidos, os mais cruéis... O amor foi a minha fraqueza durante todos esses anos, já era hora de eliminar isso.

O som da porta do nível superior sendo aberta e de passos percorrendo o chão da cripta acima de mim de forma desesperada me fez levantar e correr para a escada que me levaria até lá. Eu reconhecera o cheiro da garota assim que ela atravessara as portas, mas o que diabos Clarke queria aqui?

– Aí está você! – disse a loira, em tom aliviado, assim que minha cabeça surgiu pela porta aberta do alçapão no chão – Eu não sabia que isso aqui tinha um andar inferior.

Isso porque ela nunca viera aqui antes. O que podia tê-la trago até aqui a essa hora da noite...? Ei!

– Clarke, você tá maluca? – eu exclamei, finalmente me dando conta da gravidade da situação. Em um salto eu estava fora do alçapão e na frente dela

– Como você sai de noite, pra um cemitério, sozinha desse jeito? Tem vampiros por aí!

A garota apenas me encarou, com uma máscara de ceticismo por cima do aparente nervosismo que ela parecia não conseguir abandonar. Seja o que fosse que a trouxe até aqui, era grave.

– Tem uma vampira na minha frente nesse exato momento, mas isso não vem ao caso. Lauren, a Camila está em perigo.

– O quê? – eu perguntei, qualquer outra preocupação sumindo em um "click".

– Ela... – Clarke respirou fundo – A Camila encontrou com um bando gigante de vampiros que ela estava seguindo e quase morreu essa noite. Só escapou porque o Mestre apareceu e os impediu. Depois disso ela enlouqueceu, voltou para a sede dizendo que queria respostas, que precisava saber, que não entendia o que o Mestre queria... A Normani e eu demos um jeito de acalmá-la com uma poção, e nós pensamos que tinha funcionado, mas... Mas eu fui agora ver como ela estava e o quarto dela estava vazio, Lauren. Eu procurei por toda a sede, mas... Ela saiu. Ela saiu e eu sei que ela foi atrás dele sozinha de novo. Por isso eu corri para cá. Lauren, só você tem como localizá-la, por favor...

Era como levar um soco no estômago. Entender que eu quase havia a perdido para sempre era um pensamento escuro e doloroso demais. Tudo porque eu me recusara a sair naquela noite. Se eu estivesse nas ruas, se eu a tivesse procurado... A consciência do que poderia ter acontecido com Camila essa noite por estar sozinha me fez sentir doente. Seria tudo culpa minha. Tudo culpa minha por tê-la deixado sozinha. Todos os meus pensamentos sobre limites, e orgulho, e até mesmo tudo que eu sofrera foram totalmente esquecidos. Quem se importa se eu era uma babaca que aguentava tudo calada? Quem se importava se eu não tinha um pingo de orgulho ou respeito por mim mesma quando se tratava de Camila Cabello? Não era um assunto no qual eu tinha escolha, de qualquer forma. Eu nunca optara por me tornar uma idiota tão grande, mas em momentos como esse, era mais forte do que eu. Eu precisava encontrá-la.

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