About Love And Loathing, Part 3

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Lauren's POV

– Camila! – eu exclamei, ao vê-la jogada sobre a lápide da mãe.

Por sorte, eu já havia estado ali antes, o que tornou possível chegar até lá em tempo recorde. Poucos dias após o fatídico e revelador sonho que mudara toda a minha vida, eu havia visitado o túmulo de Sinuhe Cabello. Eu conhecia a história de Camila, é claro, mas não sei o que me levou a visitar a mãe dela. Acho que foi a forma estranha que eu arranjei de me sentir próxima a Camz. De vez em quando eu vinha aqui e conversava, às vezes por horas, com a mãe da mulher que eu amava. Mesmo ela não podendo responder, aquilo me causava uma estranha sensação de conforto. Estar perto de alguém tão importante para Camila me fazia sentir importante também.

Eu corri até ela, sentindo um mal-estar dominar todos os meus sentidos. Mesmo antes de tocá-la, eu pude perceber o frágil estado no qual a caçadora se encontrava. Eu me ajoelhei em frente à forma inconsciente de Camz e a segurei em meus braços.

Era como tocar uma fogueira.

Camila sempre fora mais quente do que eu, é óbvio, mas aquele tipo de calor não era saudável. Era febre, e das altas. O frio cortante somado ao emocional abalado de Camila haviam sido o suficiente para derrubar a caçadora.

– Camz! Abre os olhos! – eu pedi, desesperada, ao reparar no ritmo frágil com o qual seu coração estava batendo – Nem ouse morrer agora, caçadora, você é muito mais forte que isso!

Mas ela não podia me ouvir, e mesmo se pudesse, não adiantaria. Seu corpo estava fraco e sua mente cansada demais para tentar resistir. Em um movimento rápido, eu passei meus braços por baixo de seu corpo e levantei com ela no colo. A pele dela quase literalmente queimava a minha, mas eu apenas a segurei com mais força, deixando que sua cabeça descansasse em meu peito. Eu não a deixaria morrer. Não ali, não assim. Se dependesse de mim, Camila Cabello teria uma vida bem longa.

Oh, as ironias da vida.

Naquela manhã mesmo eu ainda acreditava que seria capaz de matá-la algum dia. Que a morte dela me curaria daquela doença que era meu sentimento. Não sei a quem eu estava tentando enganar. Agora, com ela em meus braços, tão frágil, eu pude perceber como seria. Não teria como eu sobreviver sem aquela garota.

Eu era puramente masoquista.

Camila nunca me dera algum motivo para amá-la. Para ser sincera, na verdade ela me dera motivos até de sobra para odiá-la. E eu odiava. O problema é que, por alguma brincadeira do universo, eu a amava ao mesmo tempo. Amava sua fúria, sua força, sua esperteza... Aquele brilho que só ela era capaz de irradiar. E acima de tudo, eu me apaixonara pela garota que ela escondia dentro de si.
Eu era capaz de ver, quando olhava fundo nos olhos dela, a pessoa maravilhosa que ela lutava para não ser e sufocava em seu interior com todas as suas forças. Mas ela estava lá dentro, nas sombras, sempre se revelando disfarçadamente por trás de algumas das ações de Camila.

Eu levei cerca de cinco segundos para decidir o que fazer. Tentar encontrar o caminho de volta para o prédio estava fora de cogitação. A chuva dificultaria minha capacidade de localização e não era seguro deixar Cabello exposta à chuva por mais tempo. Por uma abençoada coincidência do destino, o cemitério no qual a mãe de Camila estava enterrada era o mesmo no qual estava minha cripta. Não havia escolha a não ser correr para lá.

Eu levei mais tempo para chegar do que levaria normalmente. Cerca de vinte segundos, usando minha máxima velocidade. Até para mim estava difícil enxergar com clareza naquela noite, então por um momento quase me perdi. Tentando combater a sensação de alívio que me possuiu, eu chutei a porta de forma a abri-la, me sentindo grata por finalmente ter abrigo contra a fúria da natureza.

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