A colina dos Ecos

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— Andy! — senti alguém me chacoalhar pelos ombros, me fazendo despertar do meu sono. — já está de manhã. — Abri os olhos e percebi que era Mikey.

Me sentei no sofá e fechei os olhos novamente, toda a iluminação que vinha de fora parecia querer me cegar. Senti minha cabeça dolorida, como se eu tivesse levado uma pedrada, e um gosto amargo na minha boca.

— Que horas são? — perguntei.

— Hora de ir pra aula. — ele respondeu. Voltei a me deixar.

— Eu não vou.

— Por que?

— Não estou me sentindo muito bem.

— Quer que eu chame um médico?

— Não, eu só preciso descansar.

Ele me olhou preocupado, mas não insistiu.

— Tudo bem, volto depois, tem comida na geladeira.

— Obrigado Mikey.

Ele saiu e eu fiquei lá, sozinho. Fui me levantando aos poucos, decidi que não iria ficar ali deitado o dia todo, não faria bem para mim. Fiz um sanduíche e peguei um copo de leite, comi até me sentir satisfeito, o que já me causou uma melhora.

A casa do Mikey ficava perto do rio Lower, do outro lado dele ficava a parte rural de Clovelly, os campos, as plantações, arvores, a capela da cidade, e o cemitério. Decidi que precisava tomar um ar puro, então caminhei até o outro lado. O rio estava calmo hoje, consegui ouvir a correnteza durante a noite, o que de certa forma era bom para pegar no sono.

A capela da cidade era pequena, e por conta disso não considerávamos uma igreja, o padre Joseph fazia algumas missas ali uma vez na semana, as vezes enchia de gente, deixando algumas pessoas do lado de fora.

— Olá? — me aproximei da entrada, uma melodia angelical tocava em algum canto da capela num tom tão baixo que era quase imperceptível. Eu não sei ao certo qual sensação o lugar me causava, as vezes era de paz, mas as vezes, era um tanto bizarra. Olhei pela janela e pude notar no campo ao lado o pequeno cemitério, meus avós estavam enterrados ali em algum lugar, eu não conseguia me lembrar onde.

— Com licença — me virei rapidamente sendo tirado do meu transe. Um rapaz alto vestindo camisa e calça preta estava ali, segurando uma bíblia na mão, era Liam, sobrinho do padre Joseph. — Andy?

— Me desculpe, eu achei que estava vazia.

— E estava, eu fui até a minha casa buscar isso. — ele mostrou o livro.

— Seu tio não está?

— Não, ele foi para Londres, tem uma convenção na catedral, precisa de ajuda?

— Não, eu só vim tomar um ar.

— Você parece abatido, quer um copo com agua?

— Não, eu estou bem, só não consegui dormir muito bem a noite

— Oh, eu entendo — ele sorriu. — essa época do ano é complicada, as energias negativas estão por todos os cantos.

— O que quer dizer? — ele apontou para o céu através da janela.

— A superlua, está prestes a acontecer, é um fenômeno que alimenta as energias, sejam elas positivas ou negativas.

— Não sabia que teríamos uma superlua esse ano. — falei.

— E ano que vem teremos a lua de sangue.

— Você sabe muito sobre astrologia, estou surpreso.

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