primeira

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estou no banheiro de uma boate e são 2 da manhã;

mesmo que saiba que nada de bom acontece depois desse horário,

e que às três são os 60 minutos dos espíritos — de acordo com os filmes de terror que vi —

a única coisa na qual consigo pensar é nela.

bem no meio termo entre o horário das coisas ruins e a hora dos espíritos,

os olhos azuis me vêem a mente.

não quero fazer alusão deles à rios, a céus ou a qualquer clichê que seja.

porque eram tão mágicos e tão únicos
que a única comparação que posso fazer
são a eles mesmos.

porque
que blasfêmia seria
resumir toda aquela imensidão
em um lugar coberto de água
quando sei que é bem mais.

e a única coisa em posso encaixar meus caos
e as horas
e ela
nesse mesmo momento
é pensar que:

aqueles olhos desenhados a mão
são a brecha do último minuto das 1:59 da madrugada
e o fato de
ela ser tão mágica
quase ao ponto de não estar fisicamente aqui.

cartas escritas sob efeito de drogas ilícitas | √Onde histórias criam vida. Descubra agora