quarta

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estou na casa dela. tudo parece oco. e o chão está coberto de caixas.

uma em específico dizia "para H."

e eu fiquei lá. ponderando por meia hora sobre o que deveria fazer.  porque H sou eu e só ela me chamava assim.

e se eu abrir, irei chorar.
e se eu não abrir, irei entrar em pânico.

então me lembro de outra coisa sobre ela, e sua risada, e seus olhos azuis e suas mãos quentes.

eu puxo um jornal antigo do chão
eu tiro uma caneta do bolso e
na seção de quadrinhos
eu começo a escrever

sobre a paz que ela me trazia
quando eu parecia prestes a
entrar em combustão.

e eu stou prestes a entrar em combustão agora.
e pela primeira vez,
tudo que eu tenho dela
são lembranças,
poesias de meia boca
e uma caixa.

porque é errado
transformar pessoas em lares

porque elas vão embora

e, por mais que quisesse,
não fui uma daquelas pessoas
das quais o destino que proteger
do clichê de ter um coração partido.

estou em guerra sem a paz
que seus braços ao redor da minha cintura traziam.

não sei me encontrar em um apartamento fisicamente vazio
mas cheio de memorias do que um dia fomos

sinto falta de casa, L. sinto sua falta.

cartas escritas sob efeito de drogas ilícitas | √Onde histórias criam vida. Descubra agora