Talk me down, part. 3

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O sol esteve presente nas últimas semanas, porém, naquele exato dia ele resolveu não aparecer. O céu estava nublado e a ventania bagunçava os cabelos de todos que estavam ali, especialmente os cabelos azuis desbotados de Josh, esse que chorava em silêncio enquanto ouvia o padre falar suas últimas palavras antes de, finalmente, o caixão preto descer sem pressa de chegar ao seu destino.

Tyler observava seu melhor amigo de longe, e a única coisa que ele desejava era abraçá-lo e dizer que ele estava ali para o outro e que logo tudo iria ficar bem, mas ele não podia porque, ao lado de Josh, uma garota de cabelos ruivos vestindo preto assim como todos que ali estavam presentes, segurava a mão dele e parecia o consolar. Aquela mesma garota que Josh quase a beijou há alguns anos atrás e que agora, o namorava.

Os pensamentos de Tyler se desfizeram quando vários 'améns' entraram em seus ouvidos o fazendo repetir a frase com atraso. Todos ficaram de pé e Tyler percebeu Josh chorar ainda mais quando o caixão do seu pai começou a descer. Ele definitivamente precisava abraçá-lo, e todos começaram a ir embora depois de alguns minutos, exceto Tyler que falou para o pai e a mãe que eles poderiam ir, e que logo ele os alcançava. Chris e Kelly concordaram.

Tyler voltou a entrar no cemitério e caminhou devagar com as mãos nos bolsos da sua calça social preta, e ao mesmo tempo ele pensava em quais palavras usar para falar com Josh naquele momento tão frágil o qual ele estava passando. Ele continuou, e avistou o outro sentado em um degrau não tão distante de onde se encontrava, agora, a sepultura do seu pai. Tyler parou, suspirou pesadamente e voltou a caminhar em direção a Josh que estava de cabeça baixa.

"Eu... eu sinto muito", disse Tyler, sentando-se ao lado do outro, esse que o olhou e Tyler pôde ver seus olhos úmidos e ainda avermelhados.

"Obrigado", Josh respondeu, deixando pairar sobre os dois o silêncio que todo aquele ambiente melancólico tinha.

Josh mantinha os olhos para frente, provavelmente para o túmulo do pai, e Tyler o olhava na maior parte do tempo, observando com atenção todos os detalhes do rosto do amigo; desde as orelhas com alargadores, até o preto do cabelo que se misturava com o azul desbotado. Tyler sempre amou o cabelo azul de Josh, e ele sabia que Tyler amava aquela cor e por isso que ele nunca o tingiu com outra cor qualquer.

"Você está bem?", Tyler, enfim, perguntou.

"Não, mas irei ficar", ele respondeu.

"Eu... eu estarei aqui se precisar, ok?"

"Sei que sim", Josh observou Tyler ao seu lado e viu que o mesmo estava muito diferente de antes. Fisicamente. "Sabe, Tyler, eu sei que o meu pai não era um dos melhores do mundo, mas... eu sei que irei sentir falta dele."

"Sim, eu sei sim. Ele era seu pai, então... é normal que você sinta falta dele. Acho que... acho que até eu irei sentir falta de quando ele nos levava pra assistirmos futebol, ou basquete quando éramos crianças."

"Sim", Josh sorriu ao se lembrar e o silêncio voltou por um breve momento.

"Josh", Tyler o tocou no antebraço, fazendo o outro olhar para sua mão ali.", vai ficar tudo bem, de verdade. Eu estou aqui com você."

Josh olhou para Tyler e, como sempre fora, sentiu que as palavras vinham do fundo do peito do amigo e que o quê Tyler falou sobre sentir muito pela perda dele no começo, foi ás palavras mais sinceras que ele ouvira até aquele momento. Josh sorriu, e o outro retribuiu o sorriso na mesma intensidade.

"Será que... eu posso abraçar você?", Tyler concordou com um sorrido e ambos ficaram de pé.

Tyler passou os braços por cima dos ombros de Josh, esse que o envolveu a cintura e descansou a cabeça em seu ombro. Ele acariciou os cabelos desbotados do seu melhor amigo e inalou o perfume do mesmo, fechando os olhos e se lembrando de muita coisa. Josh virou o rosto de encontro com o pescoço de Tyler e ali, deixou um beijo calmo, fazendo cada pêlo do corpo de Tyler ficar arrepiado. Era notável que apesar de tudo os dois melhores amigos ainda se gostavam, e muito.

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