Wild, part. 1

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Era por volta das sete da noite quando o telefone da casa da família Joseph tocou. E depois de atender, a senhora Joseph falou: 'Tyler, telefone pra você!', em alto e bom som para o garoto de 13 anos de idade, que desceu os degraus da escada correndo com certa euforia.

"Tyler?", era Josh, seu melhor amigo de 14 anos de idade.

"Hm?"

"Eu posso dormir na sua casa hoje?", ele falava em sussurros.

"Eu não sei, Josh", respondeu Tyler, olhando para trás e verificando se sua mãe estava por perto. "Acho que minha mãe não irá deixar", concluiu.

"Ela não precisa saber", o garoto ficou quieto e pensativo. "Por favor."

"Como você vai entrar aqui em casa?", Tyler fechou os olhos por alguns segundos, suspirando, mas no fundo se sentiu feliz por ouvir o outro comemorar do outro lado da linha.

"Damos um jeito", outra vez uma risadinha fora dada por Josh. "Logo estarei aí. Até daqui a pouco, Tyjo."

"Até", disse Tyler em meio a um sorriso.

Tyler esperava Josh chegar e não via à hora de poder saber o porquê dele ter pedido para dormir lá, mas ele talvez tivesse uma ideia do que se tratava.

De minuto em minuto o garoto olhava pela janela do quarto, para ver se conseguia ver Josh vindo em sua bicicleta, e ao mesmo tempo ele pensava em um jeito de poder colocar o melhor amigo para dentro de casa sem a sua mãe ver. Não que ela não permitisse, mas era porque era meio da semana e eles ainda teriam aula no dia seguinte, e geralmente Josh dormia por lá nos finais de semana.

Tyler, ao ver Josh aparecer na esquina pedalando a bicicleta com agilidade, sorriu, e sentiu o coração acelerar por ter uma ideia de como fazer o amigo entrar sem ser visto. Ele desceu os degraus da escada correndo como sempre fazia e foi direto para a porta, abrindo-a devagar e vendo Josh já no gramado da casa.

Os garotos até pareciam pensar igual, pois só de um olhar de Tyler para os arbustos, Josh imediatamente correu para lá arrastando a bicicleta e a escondeu atrás das plantas, deixando escapar um sorriso para o amigo ao se aproximar. Eles tinham um toque especial, mas naquele momento não era uma boa hora para fazê-lo. Então só começaram a cochichar.

"Ok", disse Tyler. "Eu vou deixar a porta entreaberta e vou até a cozinha falar com minha mãe. O meu pai está na sala, então você vai pra o meu quarto sem fazer barulho, certo?"

"Certo", concordou Josh, ouvindo tudo em silêncio e balançando a cabeça em afirmação. Cumpriram com o combinado e Josh foi para o quarto enquanto Tyler distraia a mãe na cozinha, que preparava a janta.

-

"Seu pai outra vez?", perguntou Tyler para ele ao entrar no quarto e fechar a porta. Josh estava sentado na ponta da cama com a mochila que ele carregava nas costas, agora no chão.

"Sim", ele respondeu, acompanhando o outro com os olhos e o vendo sentar-se ao seu lado. "Eu o deixei dormindo."

"Ele não irá dar falta de você?"

"Não. Ele está bêbado. Então..." Josh levantou os ombros e baixou o olhar. Ele estava triste e era visível para Tyler.

"Quer falar sobre isso?"

"Já não basta à conselheira da escola?", Josh o olhou.

"Eu só queria ajudar", respondeu Tyler, fazendo o mesmo que o outro fizera; levantando os ombros e baixando o olhar. Josh suspirou e jogou o corpo para trás, deitando na cama.

"Desculpa. É que tudo isso me tira do sério."

"Posso imaginar", Tyler o olhou por cima do ombro. "Vai ficar tudo bem", ele concluiu.

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