Está Acabado

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Se lembram da garota que foi colega de quarto da Lisa? Se você achou que ela era só uma personagem secundária, achou errado. Enfim, chega de enrolações.

A semana no hotel passou rapidamente e quando notou já era hora de ir pra casa. Liz havia se divertido bastante, tinha até se esquecido que havia vida fora daquele resort fechado. Pena que essa sensação tinha durado pouco, estava de novo no ônibus, o mesmo que tinha a levado para onde teria os melhores 3 dias da sua vida, agora a transportava para a realidade cruel de novo.

Dessa vez, não tinha nenhuma pessoa no assento ao seu lado, era a única que estava sozinha. Entretanto, não era de todo ruim já que ficou conversando com seu namorado durante o caminho inteiro, tudo por SMS, claro. Seu celular era muito simples, seus recursos só foram novidade no início dos anos 2000. As funções se restringiam em ligar, mandar mensagens de texto, jogar os poucos jogos que ele tinha e escutar as poucas músicas que nele cabiam.

E isso não era por falta de dinheiro, sua família tinha condições de lhe dar um celular melhor, porém, Liz não tinha permissão para isso. Todos as conversas que tinha eram em segredo, por isso certificava-se de sempre deletar seu histórico antes de dormir, o medo de ser descoberta por seus pais era maior que tudo, afinal, não tinha autorização para ter outros contatos com exceção de sua família.

Ao descer do ônibus, se encontrou com seus pais no pátio e evitou falar com eles. Seus pais e ela apenas entraram no carro e foram para casa, ninguém falava nada, nem pareciam uma família.

Liz morava em uma casa relativamente pequena, tinha um sótão, mas não tinha um porão. Sua mãe entrou e começou a falar com seu pai sobre Liz estar indo para uma nova escola, que na sua opinião, era melhor do que o colégio anterior e seria mais "saudável" para sua filha, pois ela estaria longe de seus amigos.

Liz já estava acostumada a ser ignorada por seus pais, foi para o seu quarto e continuou conversando com seu namorado. Afirmava que estava com medo, pois tinha gritado com a sua mãe e a tratado como se fosse uma pessoa qualquer. Ele sempre tentava a consolar dizendo que uma hora as coisas iriam melhorar e que ela poderia denunciar os maus tratos que sofria.

Queria continuar conversando, porém, escutou o barulho dos seus pais subindo as escadas e foi logo excluindo suas conversas. Sua mãe abriu a porta do quarto e se deparou com Liz já pronta para dormir, seu pai observou durante alguns segundos mas depois seguiu em direção ao seu quarto. Liz e a mãe ficaram a sós fazendo nada durante horas, quando deu 1 da manhã, a mãe da jovem ascendeu o abajur que ficava ao lado da cama de Liz e pegou uma corda, 2 estiletes, tesoura e faca.

– Você tem sorte que as suas aulas começam amanhã, por conta disso, eu vou ter que pegar leve hoje.

– Por que faz isso comigo? – perguntou Liz, insistindo em saber a resposta para a sua pergunta de anos.

– Cale a boca! – gritou a mulher, cortando os pulsos da garota.

Sua mãe tinha métodos de tortura simples, sempre que ordenava que Liz ficasse calada, fazia alguma coisa que a fizesse agonizar de dor. Ela ficava na maior parte das vezes se segurando para não gritar, mas nem sempre dava certo, sua mãe fazia questão de cortar em algum lugar que estava cicatrizando. Por ironia da vida, a dito cujo era médica com doutorado, entendia até onde poderia ir, sabia métodos de como disfarçar agressões e obrigava Liz a executa-los.

Essa tortura tinha começado a 5 anos, quando sua mãe descobriu que estava sendo traída por outra mulher e que Liz sabia disso, porém, nunca tinha contado. E no lugar de brigar com o seu marido, descontou tudo em sua filha. Todos os dias fazia questão de lembrar a Liz o quanto ela tinha desgraçado a sua vida.

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⏰ Última atualização: Oct 12, 2018 ⏰

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