• Cece
Caminho perdida pelo aeroporto de New York, estou tão cansada! Foram 10 horas de voo e eu estou desorientada por estar sozinha e não dominar o inglês, pego meu celular e vejo as 17 chamadas perdidas de Alessa e um sms falando que se atrasaria pois não conseguia arranjar um táxi, me rendo ao cansaço e sento no chão frio do aeroporto. Observo as pessoas passando ao meu redor, todas com muita pressa e por um momento lembro o que me levou até aquela viagem, o término do meu noivado, a briga com os meus pais...eu não estava suportando tanta pressão. Até que a minha melhor amiga Alessandra ou melhor...Alessa, me convidou para visitá-la em NY, foi como se uma porta de escape abrisse para mim. Ela foi a pessoa que mais me apoiou durante essa fase difícil, mesmo tendo uma vida corrida de modelo, me ligava todos os dias implorando que eu a visitasse, e conseguiu...aqui estou eu.
Meu celular vibra fazendo com que eu acorde dos meus pensamentos.
" Sam, consegui um táxi, MAS esse trânsito está um inferno!!! Ainda nem saí do meu bairro, acredita?! Acho melhor você pegar um táxi daí e a gente se encontra no meu apartamento, você tem o endereço, certo? Beijuuuu, AINDA NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TÁ AQUIIII!!!
-Alessa"Eu rio e ao mesmo tempo fico com raiva daquela mensagem, como eu vou conseguir pegar um táxi sozinha com esse meu inglês péssimo ?! Me levanto e procuro plaquinhas de informação que me levem até a entrada do aeroporto, pelo menos isso eu consegui fazer. Por sorte havia apenas um táxi no local, entro rápido no carro e respiro aliviada.
- Hello, I would like to go to...- paro para pegar o endereço na minha bolsa - SoHo! ( olá, eu gostaria de ir para...SoHo!)
Levanto a cabeça sem entender porque o carro ainda não havia andado e o motorista estava me olhando sem entender o que eu fazia ali, até que olho para o lado e percebo que já havia um homem no táxi, ele usava óculos escuro e um boné, parecia que estava tentando se esconder de alguém.
- Soho? It seems like your lucky day - ele acena para o motorista e fala - you can go. ( SoHo? Parece que é o seu dia de sorte, pode ir)
- I'm sorry, I did not notice he was already busy...- digo forçando uma risada para amenizar o meu constrangimento. ( me desculpe, eu não notei que ele estava ocupado)
- Okay, I'll forgive you just because you're not from here.- ele fala com um sorriso sarcástico no rosto, percebo que ele tem um sorriso lindo. ( ok, te perdoou só por que você não é daqui)
- my english is so bad? - coloco as mãos no rosto com vergonha. ( meu inglês é tão ruim?)
- the accent does not deny - ele diz rindo - where are you from? (O sotaque não nega, de onde você é?)
- I'm from Brazil - ele se espanta e passa alguns segundos sem dizer nada, como se estivesse tentando lembrar de algo. ( Eu sou do Brasil )
- Brasil, nunca me esquecerei do brigadeiro, do açaí e da cachaça! - sinto um enorme alívio ao ouvir ele falando português, já não aguentava mais falar inglês.
- Você fala português?! Nossa que alívio, eu ainda tenho dificuldade no inglês - eu digo suspirando de alívio enquanto ele sorri para mim.
- Eu tenho alguns amigos brasileiros, costumo visita-los no verão e acabei aprendendo um pouco de português - ele diz enquanto se aconchega no banco, tentando se sentir mais confortável.
- Sério? Onde você costuma ficar? - ele se aproxima e estende a mão direita.
- Ok, já fui para o Rio, claro! São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Maranhão.- ele diz contando nos dedos os Estados.
- Faltou o meu Estado natal, Ceará.
- Bom, agora eu tenho a oportunidade de ir com você...- ele diz olhando fixamente para os meus olhos através dos seus óculos levemente escuros.
O Táxi para e o motorista fala que terá que parar na esquina da rua SoHo, pois estava com um engarrafamento muito grande e grita o valor da viagem, fazendo com que nos assustemos. Abro a minha bolsa para pegar a minha carteira e sinto a mão do homem no meu ombro
- Tudo bem, vai ser o meu presente de boas vindas - ele sorri de lado, entrega o dinheiro e descemos do carro.
O taxista grita para que eu tire as minhas malas, que eu já estava esquecendo! fazendo com que o homem risse do meu jeito avoado, eu o olho com desaprovação e ele levanta as mãos se rendendo. Ele leva a minha mala enquanto eu seguro a sua maleta e a minha bolsa.
- Eu não sei o seu nome - digo enquanto caminhamos pela calçada.
- Eu também não sei o seu - ele diz enquanto tira os óculos e guarda dentro de seu casaco.
Vejo que seus olhos são azuis, mas não era um azul comum...
- Cecilia, mas só a minha mãe me chama assim! Eu sou a Cece. - eu estendo a minha mão e ele beija.
- Ok, Cece! Eu me chamo Jake - ele para como se esperasse alguma reação minha e ao ver que não era o que ele esperava da uma risada sarcástica.
- O que? - digo sem entender a sua reação enquanto ele continua rindo.
- Nada eu só...- ele para por um instante como se estivesse pensando o que dizer - não tinha conhecido uma Cecília antes de você - ele da um sorriso leve.
- Eu duvido muito que eu seja a única Cecília em NY, mas vou considerar esse elogio - digo rindo enquanto seguimos pela rua.
Eu mostro um papel com o endereço de Alessa para Jake e ele diz conhecer o prédio de número 23. Enquanto ele conta sobre sua última viagem para o Rio, eu observo sua fisionomia, seu jeito de falar e de se expressar, ele era um homem muito interessante, mas eu não estava pronta para nenhum tipo de envolvimento. Caminhamos até o prédio de Alessa e por coincidência ela estava na portaria falando com o recepcionista, provavelmente perguntando por mim. Ela me vê chegando ao prédio e corre para me abraçar, um recepção bem brasileira, assustando o Jake e algumas pessoas que passavam na calçada.
- Não acredito que você está mesmo aqui!! Quanto tempo faz? 2, 3 anos? - ela olha rapidamente para Jake e o vê de cabeça baixa cobrindo o rosto com o boné. - e esse gato? - ela fala alto em português.
- Esse é o Jake, ele fala português perfeitamente, acredita?! que tal ir chamando o elevador? eu já vou - ela pega a maleta das minhas mãos e a mala que estava do meu lado e entra no prédio - Desculpa por isso, não nos vemos faz muito tempo...
- Eu imaginei - ele diz rindo enquanto passa a mão na nuca - sabe, eu também moro nessa rua... poderíamos sair qualquer dia...- ele diz enquanto coloca as mãos no bolso de sua calça e me olha esperando uma resposta.
- É, seria ótimo - eu entrego o meu celular e ele digita o seu número - até mais, Jake...- Ele acena com a cabeça e da um leve sorriso, eu entro no prédio sem olhar para trás.
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Gyllenhaal
RomanceCecília é uma garota comum: brasileira, 21 anos, alta, poderia ser considerada um padrão. Sempre estudou para ser médica, assim como o seu pai, mas em segredo ela almejava um futuro diferente. Até que na noite de ano novo ela flagra seu noivo com ou...