04 - Lee Dahee

5.2K 514 162
                                    

A brisa leve de verão beija meu rosto. Com os olhos fechados consigo sentir tudo ao meu redor com mais intensidade. A grama crescida dança em direção do vento, consigo imaginar perfeitamente aquela cena em minha mente, apenas ouvindo seus ruídos e sentindo o ar puro que preenche meus pulmões com um leve cheiro de terra molha misturada com liberdade.

As risadas das crianças invadiram meus ouvidos quando passaram correndo por mim. Risadas contagiantes que me fizeram sorrir também, queria, entretanto, que elas tivessem durado mais. Senti uma sombra entrar entre mim e o sol do fim da tarde, e abri os olhos para confirmar que era meu pai.

- Fugiu de novo, Dahee? É assim que resolve seus problemas? – o tom do papai foi sério, mas também carinhoso, como se entendesse o que se passa em minha cabeça.

- Eu só queria um livro. A escola não pode emprestar seus livros a ex-alunos. – desviei o olhar dos olhos que me encaravam com empatia. Além disso, também quero um livro para chamar de meu, eles não podem me culpar por querer ter minhas próprias coisas. – Por que ela não me entende?

- Princesa, sua mãe só está pensando no bem de seu irmão. Não a culpe por isso, certo? – estendeu sua mão para me ajudar a levantar, a qual eu recusei e me levantei sozinha. Agi de forma infantil, descontando em alguém que não está envolto na situação, mas meu orgulho não me deixa pedir perdão.

- Ela sabe que eu também sou filha dela, não é? – o olhar tristonho do meu pai partiu meu coração – O livro nem é tão caro, não vai atrapalhar em nada o tratamento do Seojun. – tentei remediar a situação, mas desisti quando percebi que não tinha mais como isso acontecer.

- Vamos, princesa, quero te levar a um lugar especial. – papai passou os braços por volta dos meus ombros e me guiou até sair do parque. Fizemos o caminho até o carro completamente em silêncio, quando entrei no lado do passageiro, notei que minha mãe estava no carro junto com o meu irmão. Meu pai demorou um pouco para entrar no carro e quando entrou, estava segurando uma caixa embrulhada para presente. – Para o nosso querido Seojun! – ouvir os gritos de felicidade do meu irmão foram o suficiente para deixar o ambiente mais amigável.

- Feliz aniversário adiantado meu bebê! – a fala da minha mãe retirou o sorriso do meu rosto. Ele pode receber um presente e isso não vai atrapalhar o tratamento dele? Isso é injusto!

Senti meus olhos arderem com as lágrimas que ameaçavam cair em meio aquele ambiente sufocante, mas o meu pai percebeu a minha reação quando começou a dirigir.

- Abre o porta-luvas, princesa. – ele me instruiu. Abri e me deparei com um livro da Jane Austen, meu coração acompanhou o ritmo da minha emoção, e dessa vez as lágrimas eram de uma junção entre felicidade e tristeza. – Feliz aniversário adiantado, minha princesa.

- Obrigada pai. Mas..

- Um robô samurai! – a voz do Seojun me interrompeu – Olha Da, um robô samurai!

- Que incrível! O que ele faz? – a conversa sobre os poderes que o brinquedo poderia ter se alongou mais do que o esperado. Papai parou em frente ao cinema e eu ainda estava desacreditada.

Foi a primeira vez que fomos ao cinema, assistimos uma comedia romântica horrível, mas, mesmo assim, foi um incrível. Parecíamos uma família feliz e unida, e realmente éramos nesse momento. Foi a primeira vez que fomos ao cinema e o papai ainda nos levou para comer kinchi. Uma sensação ruim me assombrava, mas eu queria apenas viver e aproveitar o máximo possível a dádiva do presente, ignorando completamente essa sensação.

Quando estávamos indo embora, meu pai viu um homem tentando arrombar nosso carro, ele correu em sua direção, para tentar impedi-lo, mas era um erro e todos nós só percebemos quando ele já estava no chão sangrando.

Red Eyes - Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora