– Ahh eu disse, não disse? – Takanori praticamente gritou dando soquinhos no braço de Akira. Será que tinham apostado algo a respeito da minha vida pessoal? – Casamento depois de poucos meses de namoro! – Ele ria, mas recebeu um puxão de Reita pela roupa que o fez ficar quietinho.
– Po Ruki te flagra – o baixista ainda advertiu.
– Não ele ta certo Akira, foi um erro, a Aika não é a pessoa pra mim – Respondi.
– Que isso cara, vai ver toda mulher pira mesmo na semana do casamento, ela ainda pode voltar. – disse Kai todo solidário, eu realmente adoro isso nele.
– Valeu Kai-chan, mas fui eu quem terminou e eu garanto que não tem volta – Sim eu disse triste, pois estava triste mesmo. Consegui bagunçar toda minha vida e a da coitada da Aika que definitivamente não me merecia, sem falar no que isso estava custando à banda.
– E o que foi que te fez mudar de ideia? – dessa vez eu gelei, a voz calma e profunda de Kouyou me atingiu como um tapa bem dado, assim como o olhar nada humorado que eu estava recebendo mesmo antes dele voltar a se sentar em sua cadeira a minha frente, tomando um gole do suco que tinha pegado na geladeira.
– Traições despudoradas. – respondi evasivamente, porém claro o suficiente para ele entender, ele ia ficar agindo daquele jeito frio? Eu não tenho medo da cara de boneca dele, linda por sinal. Vi ele se engasgar com o suco, acho que ele não achou que eu responderia assim.
– Certo Aoi, vamos aproveitar os dias que ganhamos pra terminar o trabalho, aí se tudo der certo e a música ficar boa quem sabe o empresário e o diretor não nos matem. – declarou Kai bem com o intuito de afastar o rumo que a conversa estava tomando.
Talvez ele pense que a minha vida pessoal não diz respeito à banda. Já disse que adoro esse cara? Por outro lado, Takanori estava bem interessado em saber dos detalhes que eu não daria, é claro.
Reita declarou que ia preparar a sala de ensaio e arrastou o pequeno consigo antes que o mesmo me fizesse um inquérito pra saber quem tinha traído quem e com quem, como, quando, onde e por que. Vi Kai virar pra mim, certamente ia me dizer algo, mas então o telefone dele tocou assim que ele abriu a boca pra falar e o baterista desviou sua atenção de mim, Uruha também saiu da sala e eu, é claro, fui atrás. Ele não percebeu ser seguido e entrou no banheiro do andar.
Ele estava parado, escorado na pia olhando seriamente para o seu reflexo no espelho. Me escorei na porta de um box que havia atrás dele, assim ele me veria pelo espelho, e sorri. Não sabia exatamente o que esperar dele.
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Uruha
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Ele me seguiu. Eu percebi, mas fiz que não. Me escorei na pia do banheiro, sabia que ele não se demoraria, eu tinha ainda coisas a perguntar a ele sobre sair da banda e essas coisas não precisavam ser respondidas na frente dos outros.
Não sabia o que esperar dele, não sabia se as duras palavras que havia lhe gritado no almoço omitiram a sutil declaração de amor, feita também com palavras rudis. Acho, com sinceridade, que aquele lerdo não havia entendido a primeira parte do meu surto.
Ele sorriu, lindo como sempre, talvez seja melhor tirar minha armadura, acima de tudo não queria que Yuu saísse da banda. Por mais que amasse aquele imbecil, tinha que saber dividir as coisas.
– Você vai ficar? – perguntei o olhando pelo espelho. Ele fez que sim com a cabeça.
– Sair não é uma resposta. Será que você pode me desculpar por toda ignorância? – dessa vez virei para encará-lo, mas ainda escorado na pia. Não, eu não precisava de um ponto firme que me mantivesse em pé, precisava sim de um ponto imóvel onde prender minhas mãos para não sucumbir ao desejo de agarrá-lo.
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Irresistível atração
FanfictionAoi e Uruha compartilharam uma amizade com benefícios por tempo demais