"O CASAMENTO NÃO DEU CERTO"

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“Meu marido é um ótimo homem fora de casa. Trata todo mundo bem, é admirado por todos. Mas comigo ele é um capeta”, desabafou uma esposa durante nossa sessão de aconselhamento. Aspalavras dela ecoam as de muitas esposas e maridos que se frustram em ver as duas caras de seus
cônjuges. Esta síndrome das duas caras na verdade é causada pela falha da pessoa em processarcorretamente suas emoções negativas.
  Quando não descarregamos as emoções de forma útil e positiva, elas vão se acumulando eacabamos jogando tudo em cima do nosso parceiro. Conseguimos segurar as emoções no trabalhoporque pensamos que os estranhos não têm a obrigação de aguentar nossas frustrações. Mas achamos, erroneamente, que nosso cônjuge, sim, tem a obrigação de nos ouvir e entender, não importa comonos comportemos. Por esse motivo, vomitamos todo o nosso lixo sobre o parceiro, sem aquelaconsideração que temos com os estranhos. Somos educados com os de fora, mas dentro de casasomos uma peste.
  Não é preciso dizer que essa atitude vai desgastando o relacionamento, causando profundas feridas,e assim muitos casais vão se distanciando e esfriando no amor.
  Entenda uma coisa: a pessoa que você é em casa é quem você realmente é.
  Pessoas com a síndrome das duas caras costumam se aprofundar ainda mais no erro quando observam o seguinte: em casa, o parceiro está sempre infeliz e vive reclamando do comportamentodelas; mas fora, os amigos e colegas todos as apreciam e admiram (porque não conhecem a outra
cara). A conclusão a que chegam é: “O problema é meu parceiro. Todo mundo gosta de mim, mas ela/ele não. Tenho que sair desse casamento”.
  Porém, o problema claramente não é o parceiro. Se elas o tratassem com a mesma educação econsideração que tratam os estranhos, também teriam a admiração e respeito do parceiro.
  A pessoa que somos em casa é quem realmente somos. Por isso, mesmo se nos divorciarmosdaquela pessoa que achamos ser o problema, e nos casarmos com outra que nos parece maravilhosa enos admira tanto, esta pessoa também começará a ver nossa outra cara e passará a fazer as mesmasreclamações que a primeira. Na verdade, nós é que estamos errados. Muitos não enxergam isso e vãocasando e descasando, tentando achar “a pessoa certa”. O problema não é que não achamos a pessoa certa. O problema é que não estamos fazendo as coisas certas dentro de casa com aquela pessoa.Estamos agindo racionalmente com os de fora, mas emocionalmente em casa, jogando nossas
emoções negativas em cima de nosso parceiro.
  Por essa razão, há muitos que são um verdadeiro sucesso no trabalho, mas um terrível fracasso noamor.

  CASEI COM A PESSOA ERRADA
  Quando o relacionamento começa a dar errado e a pessoa não consegue que o parceiro seja do seujeito — alguém que aceite todo seu lixo emocional e atenda a todos os seus caprichos —, então a conclusão óbvia vem a sua mente: “Casei com a pessoa errada.”
  “O casamento não deu certo” ou “Casei com a pessoa errada” ou “Não somos almas gêmeas” sãoexpressões que nos isentam totalmente de culpa quando o relacionamento destrambelha para o
fracasso. O que aconteceu com o senso de responsabilidade?
  Nos velhos tempos, um casamento fracassado era vergonha individual. Quando o casal tinhaproblemas e alguém corria para a família ou amigos reclamando um do outro, o conselho quegeralmente ouviam era: volte, converse, e se resolvam. A mensagem era clara: lute por seu casamento. Se o casamento fracassar, o fracasso é de vocês.
  Hoje, quem dá os conselhos costuma tomar as dores da outra pessoa e dizer: “Como ele ousa fazerisso com você? Você merece melhor, dê um chute nele!” “Tem mulher aos montes por aí, por quevocê vai tolerar isso? Não deu certo com essa, pega outra!”
  Quer dizer, a culpa é do casamento que deu errado, ou da outra pessoa por não ser a “certa”. É anova moda da transferência de culpa e da isenção da responsabilidade pessoal em fazer o casamentofuncionar. É como se o casamento fosse uma pessoa com vontade própria que pudesse ser responsável pelo sucesso ou fracasso da união, ou como se somente a outra pessoa pudesse garantir ocasamento feliz.
  Na verdade a culpa é dos indivíduos. Casamento não é uma pessoa. As pessoas dentro docasamento é que são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da união.

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