Terror de Grace Murder

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+ __:__h . Casa McCain +

Quando as entidades poderosas surgem... o tempo congela, o relógio se torna inútil, e sua agonia se transforma em um sofrimento causticante.
É o que acontece quando as crianças são despertadas, pequenos anjos que deviam haver descansado em paz, depois de fechar seus pequenos olhos pela última vez, no massacre de Sault River 74 em 1992.

" + 24 de Agosto de 1992 +

Era uma manhã como qualquer outra na cidade de Sault, 08:00h em ponto, as crianças espanholas iam para a escola, ocupavam um grande pátio Central da instituição River 74, todos vestidos devidamente com seus uniformes brancos, e o lindo laço azul no peito de cada um, tão linda vista brindavam, como um extenso clarão resplandecente de inocência e patriotismo

Assim o faziam todos os dias, como uma hierarquia de comando.
As crianças eram ensinadas a cantar com orgulho, os hinos de batalha em honra da bandeira espanhola e de seus exércitos, mas desta vez, tudo foi diferente.
Alguma coisa aconteceu naquela manhã, e um batalhão de soldados rebeldes invadiu a escola, em confronto com a infantaria espanhola, resultando na morte de centenas de crianças, e quando as estúpidas bombas caíram, tudo o que restou ao desvanecer da fumaça, foram as chamas ardentes em um solo destruído, partes de corpos espalhados sem motivo, e do céu desciam suavemente pedaços do que eram brancos uniformes, agora manchados de cinzas e sangue.

Almas inocentes foram vítimas mais uma vez da estupidez do homem, trazendo à tona o terror das guerras que tanto exaltavam de suas bocas aos sete ventos, ao sobrar uma triste melodia do que um dia foi motivo de honra e glória, agora é símbolo de dor e sofrimento, de ecoantes memórias do passado intrincadas em um mesmo lugar, lembranças corrompidas de vidas interrompidas sem ninguém para culpar.
Atos hediondos que levam a crer que a existência humana, é um grito de socorro à natureza, coisas que não podemos compreender, como o fato de não saber como nem quando pôde ser, que esta raça tão privilegiada de inteligência e raciocínio, pudesse ser tão negligente à para com sua própria espécie, seus próprios filhos, anjos que se foram, deixando para trás suas lembranças doloridas, dando lugar a uma miserável corja sem vida onde habitam hoje seres malignos, os quais graças a imprudência infinita do ser humano, estão livres, para continuar o que rebeldes e espanhóis começaram, um ciclo de morte sem fim, sem razão, sem sentido. Só nos resta agora, aprender, aceitar e evoluir.
A história é longa, miserável, feia e intragável, deixemos as crianças dormir, e que Deus guarde suas almas... hoje e sempre.

+ __:__h Casa McCain +

Antes de subir as escadas para ver o que houve com Molly... McCain e Wanessa viram a TV ligar novamente, revelando uma imagem grotesca.

Surge na tela a mesma mulher estranha, mas ela finalmente desce a câmera lentamente, porém sua imagem refletida continua aparecendo como se estivesse sendo gravada por outra coisa, revelando seu rosto incoerente desfocado, uma horrorosa expressão de tristeza brutal distorcida, sofrimento devastador agonizante, que de tão fulminante sensação de horror, a TV explodiu partindo-se em dois pedaços, causando um completo blackout na casa.
Em seguida pôde se ouvir um estrondo de um impacto seco vindo lá do quarto onde estava Molly, e Wanessa sentiu seu coração apertar, não consegue se mover, não queria ver o que aconteceu, mas sentia que precisava fazer alguma coisa, mesmo que já fosse tarde demais.
Ela correu escada acima, mas cada passo seu era inútil, era como se o tempo estivesse lento, e suas forças se esvaissem do seu corpo como sua esperança, um incompreensível nó na garganta, um desatino gritante pela própria vida.

Ao chegar na porta do quarto, Wanessa põe a mão na maçaneta, e sente um gélido arrepio percorrer seu corpo,

A força da presença desta vez era tão grande, que ao girar a maçaneta, Wanessa sente como se seu braço estivesse se rasgando, e de fato estava, em seu antebraço surge um corte extenso, mas não profundo. Ela abre a porta, e em seu rosto sente o cheiro de açougue, como um sopro da morte sobre sua face, causando náuseas sufocantes.
Não consegue ver nada ali dentro, tudo tão escuro, mas entrou mesmo assim, à essa altura Wanessa já não sabe o que lhe dá forças para prosseguir, mas continua andando, e sente sob seus pés, como se estivesse andando por sobre vísceras, algo pegajoso e escorregadio, a sensação é insuportável, o frio aumenta a cada passo, e seu choro congela afogando-se em medo, e quanto mais perto da coisa chegava, mais o seu corpo sofria os efeitos.

De repente, Ela se vê em um paradoxo de lembranças aleatórias de sua infância, todas correndo para algum lugar, as lembranças de quando iria abraçar Molly, mas não havia mais Molly nessas imagens, e sim apenas um vazio, como se a garota nunca tivesse existido.

Como em um pesadelo, Wanessa não pode ver onde está, nem por onde andar, tenta gritar mas sua voz não sai, como se estivesse muda.
Nesse instante o cheiro de carne putrefata fica muito mais forte, sente uma respiração pesada em sua face, e uma mão gelada tocar em sua barriga, o toque dessa mão impede Wanessa de respirar, sufocando, tudo o que pôde ouvir nesse momento foi a voz de McCain, que ecoante gritava

- "Siga minha voz!... Wanessa siga minha voz!" -

Wanessa olha para o lado, e a única luz que enxerga quase desmaiando, é a da porta, onde vê a figura de uma mulher segurando uma cruz.
Mas não há nada a fazer, Wanessa não consegue se mover do lugar, e seu corpo está quase morrendo, quando sente um doce beijo no rosto, e em seguida um sussurro triste que diz:

- "Descanse em paz" -

Os olhos de Wanessa começam a se fechar, e em segundos não sente mais nada, apenas uma grande escuridão, um imenso vazio, uma infinita solidão

+ 17:58h, Local desconhecido +

Um foco de luz se abre, embaçado e dolorido... Wanessa em fim acorda.

É ajudada a se sentar por McCain, que parece estar machucada e com alguns curativos no rosto, mas nada tão grave.
Ao tomar consciência de si mesma, Wanessa olha ao seu redor, e vê que estão todos em um pátio vazio de uma escola velha e abandonada.

Wanessa: - Onde estamos? ... Que lugar é esse? -

McCain: - Uma escola velha, foi onde deu pra se esconder, não tinha pra onde ir -

Wanessa olha para si mesma, e vê seu braço direito com ataduras ensangüentadas, e uma forte dor no seu abdômen ao tentar se mexer.

- O que aconteceu? - Pergunta ela confusa

Helena: - Você não lembra? ... você... não lembra de nada mesmo? -

Wanessa tenta se lembrar de alguma coisa, mas tudo o que vem a sua mente é uma completa escuridão, e dor.

Wanessa: - Não... Eu... só me lembro de ter apagado -

McCain: - As entidades de escala 9 como aquela são pesadas demais para o cérebro humano compreender, então a imagem que poderia causar um dano irreparável à mente, é bloqueada, como se fosse uma ilusão de que tudo está bem, quando na verdade está frente a algo horrível ... traumatizante -

De repente Wanessa lembra do quê havia ido fazer no quarto, e olha ao seu redor, mas não vê Molly.

- Cadê a Molly? - Pergunta ela assustada

Todos a olham e abaixam a cabeça, mas não dizem nada.

- Cadê... a Molly!? - Exclama Wanessa ja derramando lágrimas.

- Eu sinto muito - Responde Helena, que também chorando abraça ela fortemente, que inconformada grita olhando ao céu em uma explosão de tristeza e raiva.

"No momento em que perdemos as forças, podemos gritar aos céus com toda mágoa, com todo ódio do mundo... que vamos nos sentir cada vez mais pequenos e insignificantes perante tanta dor... e tanto sofrimento... e nada adiantará... nada irá voltar"

De repente surge uma voz feminina, doce e calma, porém fria e decisiva:

- Deixa a garota sofrer... quando acabar, não vai ter o que chorar, e temos muito a fazer -

Wanessa olha para sua frente, e descendo o último degrau das escadas velhas do pátio, surge uma estranha mulher, vestida de preto da cabeça aos pés, uma loira usando ponytails, com um vestido gótico e botas largas em spike.

- Quem essa arrogante pensa que é!? - Grita Wanessa indo para cima da mulher, mas Helena a abraça forte impedindo de prosseguir, e McCain diz:

- Ela está do nosso lado... o nome dela é Alexia Richot, a garota que me ajudou a enfrentar Grace Murder na escola 74 uma vez... e vai nos ajudar agora -

Continua....

Grace Wolfergan 1992®Onde histórias criam vida. Descubra agora