Cap 4 - Fuga! A promessa sob a Árvore.

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Dois anos se passaram e eu continuava sem sair do meu quarto no orfanato, às vezes a Harley até tentava me animar dizendo que eu precisava socializar com as outras crianças, mas eu não queria nada disso. A única pessoa que se sensibilizava com a minha situação emocional era ela, todas as outras noviças evitavam manter muito contato com as crianças, especialmente comigo. Neste tempo terminamos conhecendo um ao outro, eu sabia todos os hobbys dela, e ela os meus, tanto que sempre tentava trazer um livro novo da sala da Madre Cecília. No geral eles eram livros de história mundial e alguns livros falavam muito pouco, ou quase nada de magia ou Caçadores, exceto um. Foi aquele livro que reacendeu a chama da minha alma, lembrou-me dos momentos felizes do meu passado, fazendo até escapar uma lágrima dos meus olhos. Nesta hora um sorriso confiante se estampou no meu rosto, fazendo Harley questionar-me o que eu estava tramando.

-- Eu vou sair daqui! E você vai me ajudar, não vai? - eu disse com convicção.

--  Não posso, se a Madre descobre que ajudei você a escapar eu acabo sendo expulsa e não tenho lugar para ficar! - falou Harley com certo medo na voz, ao pensar na possibilidade de expulsão.

-- Então venha comigo! - Tentei convencê-la.

-- Tá maluco? Primeiro,  você só tem onze anos e segundo, você também não tem um lugar para ficar - exclamou ela, porém isso não diminuiu minha animação.

-- Bom, se você não vai comigo então terei de ir sozinho e, por favor, não me impeça e mantenha em segredo, ok? 

-- Tááááá - disse ela com  certo ar de birra e desaprovação, apesar de ter 19 anos ela as vezes agia como uma garota de 15.

-- Mas eu não posso levar muita coisa, pois isso me atrasaria bastante e também preciso de algo para usar como proteção. - falei já reunindo duas peças de roupa - Já sei na dispensa deve ter algo que eu possa usar.

Após me dirigir a passos rápidos à dispensa, verifiquei se não havia nenhuma noviça por perto e adentrei o local. Procurando por  algum objeto que pudesse me servir como arma, decidi que um cabo de vassoura serviria melhor do que nada, além do mais, eu não procuraria ferir ninguém, apenas me defender, então uma faca não me serviria. Ferir alguém significaria deixar rastros e eu não precisava de ninguém me procurando.

Depois de preparado, eu sai com o maior cuidado possível para não ser detectado. Usei a porta dos fundos e sai correndo rumo à liberdade. Após alguns minutos passando por um bosque, vi um campo poucas árvores e avistei também uma garota apavorada correndo de javali selvagem. Eu simplesmente poderia ignorá-la e continuar minha jornada, mas meu instinto falou mais algo. Preparei o cabo de vassoura que tinha levado comigo, empunhei como se fosse uma espada e parti correndo em direção aos dois. O animal era feroz e rápido, mas no momento que ele estava quase alcançando a garota, eu o acertei bem no focinho com toda a minha força. Assustado com o golpe e com o focinho sangrando o javali tratou logo de correr de volta para o bosque e eu tratei logo de ver se a garota estava bem.

-- Obrigado - disse a garota ainda ofegante por causa da corrida - meu nome é Lara. E o seu?

-- Bakuryu. - disse enquanto caminhava para sentar à sombra de uma árvore e ela me seguia - E o que você faz por estas áreas, é muito perigoso sair andando assim pelo bosque exatamente porque tem vários animais selvagens.

-- Desculpe, é que eu estava com os meus pais num chalé e eu resolvi sair para explorar, pois não tinha nada para fazer. - ela falou com um tom meio tímido, após isso continuamos a conversar e ela me perguntou - ... e seus pais Bakuryu?

-- Estão... mortos - disse com ar de desânimo.

-- Ahhh... - ela disse meio que com um ar de quem cometeu uma gafe.

-- Mas mudando de assunto senhorita Lara, o que você gostaria de fazer quando for mais velha?

-- Bem, eu não sei, meu vive me dizendo para estudar e que algum dia vou tomar o lugar dele na empresa que ele comanda, mas minha mãe insiste que ele pare com isso.

-- Mas porque você não vai a ele e diz que não quer isso pra si mesma, que ainda não decidiu. Eu mesmo desde pequeno havia decidido me tornar um Caçador, combater o mal, lutar contra monstros, minha opinião sobre isso ficou mais forte depois do incidente. Eu vou me tornar o Caçador mais forte e entrar para a história.

-- Nooossa você parece tão determinado, queria eu ter essa animação toda. - falou ela fazendo um biquinho no final da frase.

-- E por que você não vira uma Caçadora também?

-- Eu sou fraca e não presto pra nada.

-- Nem todos os Caçadores vão pra linha de frente, alguns dão suporte médico e ajudam os outros, vai que essa é a sua especialidade. - falei tentando animar ela e notando que havia surtido efeito pelo sorriso que tirei dela. - Quem sabe um dia eu precise da sua ajuda.

-- É. Obrigado Bakuryu, agora sim eu sei o que eu quero fazer. Vou me tornar uma Caçadora para um dia quando você precisar de mim, eu estar lá para te ajudar, eu prometo.

-- Então eu prometo me tornar o Caçador mais forte para quando você precisar de mim, eu estar lá para te proteger.

-- É uma promessa! - falamos juntos.

Dito isso Lara avistou um carro ao longe. Era do seu pai que tinha vindo buscá-la já preocupado, pois já estava quase no final da tarde. Quando o carro ficou mais próximo, ela se levantou, sacudiu a poeira e falou para mim: "Até mais Bakuryu, eu não esquecerei da nossa promessa. Tchau!". E saiu correndo ao encontro de seus pais.

Eu também tratei de me levantar e voltar para o Orfanato, essa ideia de fugir era besteira, eu tinha que esperar o que o futuro me reservava, mas uma coisa era certa, eu faria de tudo para me tornar um Caçador.


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Continua...

Espero que tenham gostado do segundo capítulo da história principal. Deixe seu voto e apoio à história, comente dizendo o que acho e dando sugestões.

"Vejo" vocês no próximo capítulo, abraços.

ASS: Oghami-san

As Crônicas dos CaçadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora