Handsome Devil [TAEKOOK]

8. Promise

Alguns meses depois...

"Corpo de Jovem desaparecido é encontrado depois de meses, nas margens do Rio Han. A identificação foi feita por um de seus familiares que confirmaram ser de fato o rapaz. Segundo a perícia, a causa da morte de Lee Hyunjae - 29 anos, foi afogamento. A polícia de Seul aposta na hipótese de suicidio, já que suas últimas frases em um diário encontrado em sua casa foram 'Me desculpa, agora estou em um lugar melhor'."

Todos do restaurante prestavam atenção no noticiário da TV que ecoava pelo salão, o choque era o sentimento em comum entre os funcionários, que acreditavam que Hyunjae iria aparecer em algum momento. Apesar de sentir que isso pudesse ter algum dedo do V, a noticia não tinha sido tão surpreendente pra mim porque sabia de tudo que tinha acontecido, a história real.

Era metade do horário de almoço e diferente de como costumava ser, o restaurante estava praticamente vazio. Os poucos clientes que sobraram, frequentavam cada vez menos o restaurante e a angustia era um sentimento compartilhado por todos que trabalhavam ali.

Assim que a reportagem acabou, começou um burburinho entre os funcionários. Percebi que um deles vinha em minha direção e corri para o banheiro para fugir de qualquer contato humano, provavelmente iriam falar sobre o Hyunjae e eu não queria lembrar de nada novamente, principalmente depois de ter demorado tanto tempo pra superar os traumas e lidar com tudo. Cheguei um pouco ofegante e me encostei na pia, ficando de frente para o espelho.

Observei meu semblante cansado. As olheiras bastante marcadas, não sabia o que era dormir a dias. Minha barba rala, e meu grande e bagunçado demonstrava que não tinha noção o que era cuidado pessoal há tempos.

E de fato não estava me importando comigo mesmo, várias vezes acordei no meio da noite por causa de pesadelos relacionados ao hyunjae, na maior parte deles o via sofrendo no inferno e não podia fazer nada. Sem contar a culpa recorrente que, pior do que os tormentos noturnos, me acompanhava o tempo inteiro e momento algum fugia de mim. Para completar o ciclo de problemas, meu cérebro adorava trazer lembranças do V.

Respirei fundo e abri a torneira, molhando meu rosto como se todos os problemas fossem embora junto com a agua suja no ralo, esfreguei minhas palpebras e me enxuguei porcamente com papel-toalha. Quando abri os olhos e me encarei no espelho novamente, tomei um susto vendo um senhor saindo de dentro de um dos boxes. Ele passou calmamente por mim, rindo da minha cara assustada.

- Por mais que seja um velho, eu não sou um fantasma... ainda - Ele deu uma gargalhada enquanto lavava as mãos e me encarou em seguida - Você parece mais cansado do que da última vez que o vi, tão novo e já está se acabando desse jeito...

- Hã? Você me conhece?

- Pode fazer um bom tempo que não venho aqui, mas não acho que envelheci tanto assim dentro de alguns meses.

Encarei aquele senhor, não sei se era por causa das noites mal-dormidas ou porque era péssimo com rostos, mas não conseguia o reconhecer mesmo sabendo que aquelas feições não me eram estranhas...

- Hoje você iria conhecer um diretor de TV muito importante, quer dizer, ainda vai. Por isso precisava trabalhar aqui, mas esse infiltrado de merda tá atrapalhando tudo.

- E o crítico?

- É coisa do infiltrado, esse escroto.

Ouvimos um barulho alto e uns rapazes reclamando, uns dos garçons tinham acabado de derrubar alguma coisa no chão. V me olhou e apontou para um senhor que se levantou reclamando.