A viagem até o apartamento de Kara é relativamente calma, principalmente, porque o rádio continua desligado. Lena sabe que a única coisa que deve estar sendo comentada nos canais de comunicação é a invasão Daxamita, por isso o silêncio se sobressai como a melhor opção, mesmo que as cenas da destruição causada ainda fossem nítidas conforme o carro atravessava a cidade.
Eventualmente, ela sabe que precisará enfrentar o que os jornais irão noticiar sobre suas ações, mas agora só existe exaustão nos seus ossos. Essa noite, Lena não queria mais pensar em cenários e consequências, ela queria só descansar.
– Você está com fome? – Pergunta quando Marcus, seu motorista, aproxima-se do cruzamento onde fica o restaurante chinês favorito de Kara. – Podemos parar e comprar um pouco de comida.
– Não. Não estou.
Kara estava mesmo recusando potstickers? Loucura. Sua amiga nunca recusava uma boa comida chinesa (ou qualquer comida na verdade), contudo, seu timbre arrastado e penoso deixava claro como ela também só queria descansar por hoje.
Lena ergue o braço, atravessando o assento do meio que as separava e pega a mão de Kara na sua. Seus dedos entrelaçaram com facilidade. Seus olhos se encontram. A jornalista sorri.
Elas vão passar por isso juntas.
Ao chegar ao apartamento, Kara insiste em levar sua bolsa enquanto Lena observava a entrada do prédio com certa descrença. Ela estava mesmo fazendo aquilo. Dormir na casa de Kara, de alguma forma, liderava seu ranking pessoal de loucuras cometidas naquele dia.
O caminho pelas escadas também foi silencioso, mesmo com Kara segurando o molho de chaves nas suas mãos. Ela abre a porta e Lena se sente um pouco deslumbrada em como aquele lugar parecia ter sido feito para ser a casa de Kara. Talvez, por isso parecesse tão quente e acolhedor.
– Então... – Kara coloca sua bolsa na mesa de café. – Fique à vontade! Eu acho que você sabe onde está a maioria das coisas e você pode se instalar como quiser. Desculpe, eu sei que não é muito grand-...
– É perfeito. – Lena afirma em um sussurro, querendo realmente dizer isso. O apartamento podia não ser enorme, mas transbordava aconchego e conforto, coisas que para alguém que havia acordado na cama de uma nave alienígena eram a visão do paraíso.
Sendo uma ótima anfitriã, Kara a guia até o quarto, indicando que ela poderia por sua roupa de trabalho em um dos seus cabides para não amassar. Lena boceja e sua amiga mostra o banheiro para que ela possa se preparar para dormir. De fato, ambas pareciam necessitadas daquela noite de sono.
– Vou esperar você aqui, mas não garanto ainda estar acordada se você demorar muito. – Comenta Kara em um tom bem-humorado.
– Não se preocupe, eu me troco em um minuto.
De fato, não demorou mais do que isso para ela se trocar para um par de pijamas estupidamente caros de seda, trocando também suas lentes de contato para os óculos guardados em um estojo. Seu reflexo a encara de volta mais leve, enquanto ela começava sua pequena rotina noturna e consegue respirar mais aliviada quando lava do rosto os últimos resquícios de maquiagem. Sem base, sem delineador, sem batom.
Ela parece jovem.
Ela é jovem.
Às vezes é fácil esquecer daquilo, de como, ela tem apenas vinte e quatro anos.
O peso de ter seu nível de responsabilidade, poder e força tinham uma conta alta. Era cansativo. Principalmente, tendo de ser forte naquela intensidade por tanto tempo, mais forte que qualquer um que tentasse a derrubar, mais forte que o peso da vergonha e do ódio de uma nação a esmagando. Mais forte do que o mau que seu sobrenome carregava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Lar para Lena Luthor ♙ supercorp
Roman d'amour| Concluída | Após a invasão Daxamita à terra, Kara descobre que Lena não tem um apartamento. Sem perceber, ela a acaba fazendo encontrar um lar.