Capítulo 04

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DISPONÍVEL ATÉ 16/06.

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Estava jogada no sofá da sala, a televisão ligada, mas eu não estava realmente prestando atenção ao que passava. Fred se aproximou e sentou-se ao meu lado. Tentei não prestar atenção no cheiro dele, que vinha até mim, nem no fato de ele estar sem camisa, ao meu lado, tão perto. Respirei fundo e mudei de novo de canal. Depois de um tempo em silêncio, ele disse.

-Você melhorou?

Eu apenas assenti. Ele ficou ainda um tempo em silêncio, percebi que ele olhava minhas pernas. Tive que rir. Ele riu também e falou:

-É sexta à noite. Você está de férias. Não vai a lugar nenhum?

-Não estou com ânimo. Mas você devia sair, há muitos lugares bons nessa cidade, posso fazer um mapa para você.

Quando olhei para ele, ele me olhava.

-Então, você é do tipo que dá altas festas regadas a sexo na sua casa, mas nunca sai dela? Ou essa sua reclusão desde que eu cheguei aqui tem a ver com você estar passando mal?

-Sinceramente? Eu sou do tipo que dá altas festas regadas a sexo e vou a altas festas regadas a sexo. Era o que você queria ouvir?

Ele sorriu.

-Exatamente o que eu queria ouvir. Agora me fala a coisa mais importante, onde são essas festas?

Fiquei tensa. Eu não queria Fred misturado aos meus amigos, os mesmos que bebiam, que se drogavam, que transavam irresponsavelmente. Ele não era assim. Era um homem, e como homem adorava sexo, mas não do jeito que eu curtia. Não queria explicar para ele como era minha vida até o mês anterior, não queria que ele soubesse dessa parte de quem eu era.

-Não está tendo nenhuma festa esse fim de semana, por isso estou em casa.

Ele estranhou, sabia que eu estava mentindo, afinal de contas era sexta, a faculdade estava de férias. É claro que estaria rolando uma festa em algum lugar. Mas aceitou. Esticou os pés, colocando sob a mesinha de centro e tirou o controle da minha mão.

Eu queria sair de perto dele, o cheiro dele me lembrava muito aquela noite, há tanto tempo atrás, quando ele apareceu para me buscar. Ele era o meu príncipe. Fechei os olhos apagando aquelas lembranças. Julia dizia que o primeiro amor a gente nunca esquece, ela estava certa. Mas a gente supera e ri disso depois. Era o que eu tinha que fazer. Me preparei para ir dormir, mas ele puxou minha mão me jogando no sofá.

-Fica aí, vamos conversar. O que você faz de bom além de ir a festas regadas a sexo?

Eu sorri.

-Não posso falar.

A verdade era que eu não podia mesmo falar, a menos que quisesse que ele soubesse a grande vadia que eu era. Ele me olhou com certa curiosidade e um sorriso perverso, de repente se levantou.

-Se você não quer falar sobre o presente, então vamos falar do passado. Tenho uma coisa para você.

Ele saiu e retornou pouco depois com um caderno na mão. Não acreditei quando vi aquilo e avancei na mão dele para pegá-lo, mas ele foi mais esperto e o levantou, de forma que eu não alcançava.

-Merda, não acredito que você está com isso! Me dá isso Fred.

Ele começou a rir com meu diário em mãos. Era o diário de quando eu era adolescente e escrevia juras de amor eterno para ele. Senti meu rosto corar e tapei com as mãos, comecei a rir também e a resmungar.

-Você não pode ter lido isso.

-Sabe Diana, eu não fazia ideia de que você era tão apaixonada por mim. Porque ninguém nunca me disse?

-Ah, qual é! Você sabia! Eu praticamente beijava o chão que você pisava. E você não ia reparar em mim mesmo.

-Mas eu reparava. Não quando você começou a escrever isso, doze anos, não. Mas quando eu a vi com dezesseis. Você sabe, seus seios estavam crescendo e você não era mais pequena.

Dei um tapa nele e ele riu.

-Eu provavelmente teria tirado sua virgindade aquela noite no baile.

-Mesmo? Se você tivesse me dito isso eu com certeza não teria fugido.

O sorriso sumiu do rosto dele e ele se aproximou de mim, sério.

-Porque você fugiu de mim, Diana? Sei que sua mãe foi uma idiota, te oferecendo daquele jeito, mas não havia motivo para você correr de mim. Eu ia acabar com aquilo, ia dar um basta nela e tirar você dali. Você não me deixou cuidar de você.

Pisquei os olhos confusa.

-Você não é do tipo que cuida de alguém, Fred.

-Não sou. Mas eu ia cuidar de você. Fiquei furioso quando você sumiu. Eu te procurei, você soube?

Eu apenas assenti. Ele estava perto demais, levantou a mão e tocou meu rosto, acariciando minha bochecha e passando o dedo pelos meus lábios. De repente ele jogou o diário no chão e sua mão rodeou minha cintura me puxando para ele.

-Quando eu a vi, com dezesseis anos, e você me disse que não ia ao baile porque não tinha ninguém pra te levar, tudo o que eu queria era ter você. Eu ia fazer a loucura de ser seu primeiro, porque eu a desejava. Então você fugiu e não saciou o meu desejo. – ele se aproximou mais de mim e mordiscou minha orelha – Você precisa corrigir isso, Diana.

Seus lábios tocaram os meus por uma fração de segundo e a campainha tocou, me fazendo dar um pulo para longe dele. Eu podia sentir o desejo no olhar dele, pela maneira como me olhou enquanto ia até a porta. Eu não podia sentir aquilo de novo. Não podia desejá-lo de novo.

Pedro entrou na minha casa com algumas mulheres atrás e eu corri e me atirei nos braços dele.

-Ei, ruiva, o que foi?

Percebendo que eu não estava bem, ele cumprimentou Fred e disse a ele onde estava rolando a festa aquela noite. Eu quis bater nele, não queria que Fred fosse. Queria pedir que ele ficasse. Ele olhou para mim por um tempo, mas eu me apertei mais em Pedro e deixei que ele saísse com as meninas.

Necessário - DEGUSTAÇÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora