Friendship - Chapter Three

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Sentado no bar da festa, o esverdeado tinha apenas um plano: Evitar os noivos a todos os custos.

Ele só se lembrou que não era o único com aquele objetivo quanto viu, de canto de olho, Kyouka Jirou sentando-se a seu lado.

    Mesmo sabendo que a cena de uma garota de estilo gótico, com maquiagem preta pesada e tudo, com uma postura curvada e uma garrafa na mão, usando um vestido rosa claro cheio na saia e apertado no busto, sentada ao lado de um garoto de aparência dócil, cabelo extremamente bagunçado e bochechas levemente coradas do álcool em terno preto arrumado, pareceria quase ridícula, se não hilariante para qualquer espectador, nem um dos dois pareciam ligar ou ter energia o suficiente para pensar e fazer algo sobre aquilo.

    Ela inclinou a garrafa na direção dele, em uma oferta silenciosa que ele aceitou de bom grado, pegando a garrafa de sua mão e dando  gole, devolvendo-a para ela em seguida.

    Eles não sabiam ainda, mas uma amizade imensurável nasceria daqueles simples gestos de apoio que fizeram um pelo outro naquele momento, mesmo que aquela paz não tenha durado muito.

    "OE! DEKU!" Uma voz conhecida exclamou das costas deles. E enquanto Jirou apenas se virou, enquanto o citado apenas jogou a cabeça para traz, suspirando e fechando os olhos.

    "O que você quer Bakugou?" Ele perguntou com uma voz fria que nem ele acreditou qua havia usado.

    No entanto, diferentemente do esperado, ao invés de faze-lo enraivecido, as palavras de Izuku, tanto o tom quanto a falta do uso do apelido, o perecerem o afetar profundamente.

    "Vem comigo?" Perguntou o loiro, desviando o olhar e suavizando o tom, mesmo que a mesma permanecesse raivosa.

    Midoriya ficou tão chocado que acenou a cabeça, contradizendo todas as ordens que seus sentidos gritavam para si dentro de sua cabeça.

    Eles passaram por varias mesas e pela pista de dança até uma entrada que se localizava ao lado da caixa de som, onde, pensou o esverdeado, ninguém poderia o ouvir gritar por ajuda.

    O fato de que Izuku era, na maior parte do tempo, um pessimista, muitas pessoas já sabiam, porém ninguém nunca chegou a saber todas as possibilidades que ele contemplou quando adentrou aquela sala, pois por mais tamanhas e assustadoras que fossem, o esverdeado nunca se incomodou de tentar botar todas para fora.

    Algo que também era inegável, era que Katsuki Bakugou era, de fato, uma força da natureza. O loiro nunca tivera o melhor dos temperamentos, para se dizer o mínimo, mas nunca tinha chegado a mortalmente ferir outro ser, embora tenha tido vontade.

    Para ele, o esverdeado sempre tinha sido uma pedra na sapato. Sempre sorrindo e murmurando pelos cantos, sempre dizendo que seria um herói, mesmo sem ter individualidade. Era simplesmente agonizante.

    Quando ambos entraram, o loiro fechou a porta sem tranca-la. A sala era relativamente pequena, mas tinha um espaço decente para duas pessoas, considerando que o esverdeado conseguiu se posicionar numa distancia que considerou segura em relação ao outro ao se encostar na parede, sem aparentar tão nervoso quanto estava.

    Depois de alguns segundos de um silêncio constrangedor, com Bakugo parecendo estar tentando se decidir do que fala e Midoriya analisando todos os cursos que aquilo podia tomar, e não gostando de nem uma das possibilidades, o maior finalmente se pronunciou.

   "Você ficou com ele não ficou?" A voz dele era fria e cortante, mas não havia ciúme como o esperado para uma frase como essa, apenas um pequeno tom de indagação e talvez curiosidade.

   Em circunstancias normais o esverdeado teria negado as acusações e seguido sua vida, mas meio bêbado e de coração partido, Izuku parecia ter perdido todo o senso do que era perigoso.

   "E se eu fiquei?" Sua voz mais elevada do que ele suspeitava ser segura de se falar com o loiro, levantando os braços acima da cabeça e largando-os ao lado do corpo. "Você vai me dar lição de moral?"

   O silencio falou mais alto do que qualquer coisa que Katsuki pudesse ter dito naquele momento e um sorriso amargo cortou o rosto do outro.

   "Foi o que eu pensei." Finalizou quando o loiro desviou o olhar. "Agora, se me da licença."

   O esverdeado fez menção de ir até a porta quanto foi parado.

   "Não."

   "Não?"

   "Não."

   O silêncio ensurdecedor que reinava na sala aumentava a tensão no que se poderiam ter sido segundos, minutos ou até horas antes do maior finalmente quebra-lo.

    "Quer saber? Que se foda essa merda." Disse, mais para se mesmo que para Izuku, fechando seus olhos e mãos com força, abrindo apenas as pálpebras em seguida, mostrando as orbes vermelhas agora cheias de determinação e alguns resquícios de medo. "Eu quero me desculpar."

    O esverdeado piscou duas vezes, em completo choque, tentando processar o que havia acabado de acontecer e tendo como primeira reação desviar seus olhos para os do outro, e ficando impossibilitado de desvia-los em seguida, desacreditando seus próprios ouvidos.

    "O que?" As palavras escaparam fracas com a respiração do esverdeado, enquanto ele se desencostava da parede, perdendo a

   De todas as possibilidades, nem aquilo nem algo remotamente parecido tinha passado por sua cabeça, fazendo-o ficar atordoado a ponto de se desequilibrar ao se desencostar da parede enquanto descruzava os braços, derrubando alguns baldes de tinta que estavam perto dele. Nem um deles pareceu se importar com o barulho, devido ao som alto que batia no fundo, abafado o suficiente para que ambos ouvissem qualquer coisa que fosse dita, e talvez até um suspiro pesado que fosse dado, mas alto o suficiente para ainda ser ouvida, pulsando pelos ouvidos de ambos os garotos.

    "VOCÊ É SURDO OU ALGUMA COISA ASSIM?" Gritou o mais alto, fazendo uma pergunta retórica ao outro, que permanecia em choque. "Eu quero me desculpar. Por tudo." Concluiu, desviando o olhar no que Midoriya concluiu, incrédulo, ser um tipo de vergonha.

Depois de tentar diversas vezes se convencer de que não havia ouvido o que ouvira, ele acabou por desistir, soltando o ar que nem havia percebido que estava prendendo enquanto um minúsculo sorriso se formava involuntariamente em seus lábios.

Quando percebeu, ele estava rindo.

Uma risada incrédula e levemente sarcástica ecoava pelas paredes do lugar, quase totalmente sufocando o som alto da festa que ocorria ao lado.

   "Você?" O esverdeado perguntou quando finalmente recuperou seu fôlego, apenas para voltar a rir novamente. "Você quer ser meu amigo?"

   Os olhos vermelhos do loiro estavam arregalados, indicando que qualquer que fosse o cenário que ele tivesse imaginado, aquele não era ele.

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