4. Lúcia

154 48 18
                                    

LÚCIA

Odiava quando passava por situações em que perdia o controle, como ambientes propícios a que minha fobia tomasse conta.

Toda experiência tinha um peso ainda maior quando outras pessoas dividiam o ambiente em que estava presa. No caso de amigos e parentes conseguia depois levar a situação tranquilamente, mas ter ficado trancada com o Felipe não tinha nem de longe sido o meu sonho de consumo, para completar aquele beijo! Meu Pai do Céu! Que beijo foi aquele?! Como ele pôde ter me beijado?! E o que significou? Tantas perguntas passavam pela minha cabeça.

Estava em um redemoinho infinito enquanto cruzava o hall do prédio para encontrar com a Vivian na saída.

Tinha agradecido aos céus ela ter retornado, pois com toda certeza não queria dirigir até em casa, ao mesmo tempo não queria conversar com a minha melhor amiga sobre o que aconteceu, pois teria que explicar detalhes como: que há muito tempo já reparava no Felipe, o quanto fui egoísta e infantil impedindo sua promoção só para que não mudasse de setor e escapasse das minhas rédeas e como uma mulher que se determinava autossuficiente virava uma adolescente perto dele, incapaz de dizer o que realmente pensava.

Entrei no carro e posso jurar que meus lábios mantinham o sabor daquele beijo, estava meio em transe, felizmente como a Vivian sabia o quanto claustrofobia mexia comigo ela não me fez muitas perguntas, apenas tentou me deixar à vontade contando como tinha se livrado da Sofia, ou seja, que a pegou nua no arquivo da empresa se oferecendo de forma vulgar para o Miguel.

- Que vaca, Vi! Você fez certo, só tem que pensar que o Lucas não deixará passar assim tão fácil. Observei, tentando sinceramente me distrair com a história da minha amiga.

- Com toda certeza. Você está melhor? Perguntou voltando ao que me aconteceu, justamente o último assunto que gostaria de conversar.

- Estou mais calma, obrigada por ter voltado.

- Lu, você é a minha irmãzinha, não a deixaria desamparada, se bem que não estava sozinha no elevador. Disse.

Pronto. A última coisa que precisava era que a Vivian lembrasse a existência do Felipe, pois significava pensar no beijo e me deparar com algumas inseguranças que confesso que eram vividas pela primeira vez.

Uma parte bem louca dos meus questionamentos femininos levava em conta que talvez tenha errado feio em não deixar que fosse promovido, mas outra dizia que como ainda não tinha resolvido minhas pendências nada melhor que mantê-lo na coleira.

Mulher era um bichinho complicado como dizia o meu avô.

Meu relógio biológico pedia por um lar com paredes brancas, janelas azuis e margaridas no jardim, em algum momento senti que Felipe era o cara para isso, não me perguntem como? Pois não sei explicar.

Porém ele era comprometido e invés de tentar uma aproximação de uma maneira correta e quem sabe investir as minhas fichas, busquei diminui-lo, pois assim continuaria mandando na situação e na minha ilusão teria o controle.

Em meio aos meus devaneios, percebi que Vivian esperava uma resposta, sabia que tinha que ser a resposta para tira-la do foco, afinal minha amiga me conhecia muito bem e não era momento para explicar a outra pessoa o que nem eu mesma conseguia.

- Estava com o Felipe, desde quando é alguém que se considere? Disse torcendo a boca.

Vivian me olhou daquele jeito desconfiado que sabia que me testaria na próxima oportunidade, com toda certeza exagerei na resposta, mas graças as deusas protetoras das pobres mulheres sem noção, chegamos a minha casa.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Aug 06, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Quando menos se espera ( RETIRADA DO WATTPAD 31/03)Where stories live. Discover now