Quando menos se espera ( RETIRADA DO WATTPAD 31/03)

1.FELIPE

FELIPE

Olhava para o celular com tanto ódio como se o aparelho tivesse culpa de um dia ter me metido com aquela mulher. Poderia simplesmente ignorar sua existência se não fosse pela minha filha.

Sabia que não era o pai que a Maria precisava, tinha plena consciência de que ela precisava de mais, só que também era um homem que tinha desejos e como qualquer ser humano queria ser feliz.

Sempre quando olhava o Miguel me perguntava como ele conseguia manter uma vida tão árida e triste. Tudo bem que o castelo podia ser um ótimo conforto, mas mesmo assim todos mereciam uma segunda chance e a Michele era a minha segunda chance, o único problema, ela deixava claro o quanto a minha filha era um peso que não dividiria comigo, ainda ficava revoltada porque devido à pensão que pagava seria muito complicado manter uma nova casa, ou melhor, dar a ela o seu casamento dos sonhos que tanto desejava.

Apostava todas as minhas fichas naquela promoção. Seria o meu reajuste no orçamento, meu único e grande empecilho, a praga da chefe do jurídico.

Existia alguém no mundo que odiava mais que a minha ex-mulher, a Lúcia Torres.

A promoção consistia em toda a elaboração de causas orçamentárias para a empresa com saídas para situações de reversões de contratos. Sabia que o que preparei não tinha falhas e nunca o Rafael ou Sonia fariam melhor, mas qual não foi minha surpresa quando a Lucia disse que pequei em dois itens dos quais ela contornou e não explicou como deveria a minha falha, mas concluiu dizendo que o do Rafael sim estava perfeito, por isso ele ganharia o cargo.

Faltava pouco para ter uma síncope, mas precisava segurar e ser forte, a minha filha dependia de mim e não seria aquela vaca da Lucia que acabaria com as minhas chances.

- E então? Conseguiu a promoção? Perguntou Michele quando entrei em casa.

- Boa noite para você também. Respondi cansado.

- Desculpe Lipe, mas está difícil pensarmos em futuro assim, tenho assistido ao casamento de tantas amigas, meus pais me cobram uma solução para o nosso casamento e vejo mais da metade do seu salário se dirigi para sua ex-mulher.

- As despesas da Maria são altas. Disse simplesmente.

- Porque vocês insistem em algo que não dará em nada. Afirmou torcendo a boca.

- Como é? De repente fiquei curioso para ouvir a sua teoria sobre o que minha filha pode ou não fazer.

- Felipe, sei que é triste dizer isso, mas ela é uma inválida, um peso morto que a mãe utiliza para extorquir dinheiro do seu coração generoso. Disse se aproximando e enlaçando o meu pescoço.

Tirei as mãos dela e coloquei distância a olhando e pensando se escolhas ruins faziam parte da minha personalidade.

- Vou tomar um banho. E a propósito não consegui a promoção. Disse seguindo pelo corredor.

Pelo menos no dia seguinte terei um momento só meu onde relaxaria. Jogar vôlei na praia estava se tornando uma das poucas coisas boas que fazia na minha vida, se alguém dissesse que a vida adulta era assim, tinha permanecido preso na barra da calça do meu pai.

Claro que não podia esquecer o castelo, o lugar estava se tornando um hábito. A primeira vez que fui me senti péssimo por estar traindo a Michele, mas depois de discussões sobre a Maria e o fato dela acreditar ter o direito de mandar na minha vida, fizeram do lugar o meu paraíso particular, onde verdadeiramente me divertia deixando correr livre os meus desejos em relação ao sexo. Ah, estava esquecendo a minha adorada noiva era preconceituosa em vários pontos sobre avanços na cama, dizia que o tradicional era o que Deus apoiava e tinha o apoio da minha mãe que como uma carola de igreja preconceituosa, dizia que a Maria era um castigo divino por ter sido um despudorado na minha juventude, palavras dela.