A indulgência condenando-os ao paraíso

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Quando despertei, Tsunade jazia ao meu lado,observando meus ferimentos. Ao me ver acordada, soltou um ruído desconhecido e sua mão quente aconchegou minhas têmporas. A sensação quente transbordando de suas mãos com magia.

- Sente alguma dor? – indagou, as orbes transmitindo emoções desconhecidas para mim.
- Um pouco – ajeitei-me sobre a maca, apertando o lençol com meus dígitos –Nada que deva se preocupar – assegurei.

Ela assentiu, recuando da maca e pondo-se de pé. Parecia enevoada de dúvidas e pretendia escapulir palavras, temendo minha reação de alguma forma.

- Sakura – chamou-me com receio – Eu estava pensando, não sei se será seguro permanecer aqui.

O baque de suas palavras atingiu-me em cheio. Minha face não escondeu minha indignação perante ao seu dizer.

- Do que está falando? Por que não posso ficar aqui? – meu desespero era nítido, e senti meu olhos marejarem.

- Sua magia, ela é perigosa – confessou,como se todo o peso do mundo saísse de suas costas – Se isso aconteceu só porque era um teste, imagine em uma batalha real. Tem sérios riscos de se tornar uma fragmentada, ou morrer, na pior das hipóteses.

- Tsunade – murmurei,em um tom de lamentação.

Logo quando tive a chance de mostrar meu poder, usufruir da magia e meu poder ser considerado “perigoso”, dava um gosto amargo em meu paladar.

- E sei, Sakura! – exclamou,aturdida – Sempre foi seu desejo, mas não posso esquecer a cena de você ensanguentada em meus braços, desfalecida como um cadáver! E ainda tem essa demora do Jiraiya, somado a isso,sinto que não tenho um coração suficiente para aguentar – emendando em um fio de voz, Tsunade chorou à minha frente como nunca, era raro como a aclamada guerreira titânio lamentava-se aos prantos como uma criança ferida.

Comovida por suas lágrimas, estiquei o suficiente meu corpo para atar sua mão à minha. Parte do meu âmago queria chorar com ela, e a outra tomando espaço para determinar a minha parte de permanecer no Instituto.

- Eu posso ficar aqui, e me esforçar para ter uma magia secundária, de cura, como a sua – pronunciei, analisando seu rosto vermelho – Mas preciso ficar aqui,senão sentirei de verdade que estarei morta.

Tsunade não retrucou, enxugando as lágrimas com sua mão desocupada.

- Ficarei de vigília – proclamou por fim.

Eu sorri,beijando a costa de sua mão e o alívio vibrando em meu coração.

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Ouvir Ino já era tedioso o bastante, mas agora também havia Hinata que não economizava palavras. Konan parecia tão entediada quanto eu ao canto do dormitório provisório. A festa de iniciação aos calouros, a primeira oficial realizada anualmente pelo instituto. Não que não houvesse outras, segundo a Hinata que tinha um primo veterano. Os alunos sempre se organizavam após o período de testes, às vezes no meio tempo também, dependia do humor de uns.

- Então, nós vamos né, Sakura? – sorri abertamente, e claro que não perderia por nada. Ainda mais os olhares que iriam dirigir a mim após o teste.  Medo ou admiração? Pena de certa forma não seria, o que já era um bom começo.

- Apesar de não possuir todo esse seu entusiasmo que por sinal é bem suspeito, eu irei. – resmunguei em um falso tom teatral pensativa.

- Por que suspeito? Você sabe que adoro uma festa. - fez-se de desentendida.

Awake: O despertar do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora