Recomeço

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Ótima leitura a todos ☺️

Ótima leitura a todos ☺️

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Selena

⏤ SAI DA RUA, SUA MALUCA! ⏤

Uma buzina seguida de uma voz estridente me tirou do transe que aquela lembrança me causara.
Gritei um desculpa enquanto atravessava a rua apressada mas o motorista já estava longe acelerando seu carro importado. Cheguei á rodoviária mais cedo do que eu esperava, o sol tinha nascido, e estava encoberto por nuvens escuras e carregadas, prontas para deixar a chuva cair.

Apertei o sobretudo com a esperança de mandar o frio penetrante embora, mas em vão. Caminhei com meus salto apressada até a bilheteria. Uma senhora com cabelos curtos tingidos de vermelho e óculos com armação grossa da mesma cor fez um gesto com a mão indicando que eu era a próxima.

⏤ Para onde moça? ⏤
Não sabia o que responder, simplesmente porque não sabia para onde ir.
⏤ Qual o lugar mais longe que eu consigo ir de ônibus? ⏤
A senhora me avaliou por um momento, na certa pensando que eu era uma doida fugindo de alguma coisa. E ela estava certa.

⏤ Se quer um lugar longe, tem uma cidadezinha ao norte daqui, fica a três dias inteiros de viagem, eu tinha uma prima que conheceu um cara que era de lá, lugarzinho mais abandonado aquele, uma moça bonita como você não vai gostar de ir pra um lugar daquele. O ônibus faz uma última parada lá. ⏤ Ignorei maior parte do discurso da mulher faladeira.

⏤ Acredite, um lugar assim é tudo que eu preciso agora. Uma passagem, por gentileza. ⏤
A senhora deu de ombros e franzindo o nariz começou a digitar no computador.
Comprei por precaução e um pouco de claustrofobia os dois lugares juntos no assento, para garantir que ninguém me incomodasse, também fiz questão de escolher um lugar no fundo do ônibus.

Ainda faltavam alguns longos minutos para o ônibus partir, o que me dava tempo de sobra para comer alguma coisa e andar pelas lojas de conveniência que haviam por perto da rodoviária.
Me acomodei no banco do corredor, deixando o assento ao lado da janela vago, para colocar minha bolsa, era um alívio poder soltar aquele peso e respirar fundo pela primeira vez em dias. Fiquei atenta vendo quem entrava no ônibus, analisando possíveis perseguidores, mas ao que parecia, aquela seria uma viagem tranquila.

Não estava tão lotado quanto minha claustrofobia temia, há algum tempo eu não tinha um ataque de pânico e ali não era o lugar para ter um.
A viagem seguiria por pelo menos sete horas para ter a primeira parada, por isso eu tirei meus saltos esticando os dedos doloridos. Um suspiro involuntário escapou dos meus lábios. Não ousei olhar o conteúdo daquela bolsa até ter certeza de que nenhum passageiro curioso poderia dar uma espiada.

Felizmente não havia ninguém na minha frente, um casal idoso estava a dois acentos depois do meu. Um cara acima do peso com uma barba cheia e careca estava sentado na outra fileira.
De início, quando o vi entrando eu fiquei apreensiva, mas ele nem ao menos olhou na minha direção, sentou e não olhou para trás, no momento só se ouvia o seu ronco. Os demais passageiros ficavam bem na frente e logo os descartei como possíveis ameaças. Abri a bolsa com cuidado, quem olhasse de longe jamais imaginaria que ali tinha mais de quinhentos mil, as notas amarradas em elásticos, o dinheiro amarrotado por estar socado de qualquer jeito, tentando caber na bolsa preta e simples.

"Tem que ser agora." Pensei, assim que Alessandro saiu do quarto me deixando estendida na cama, sabia que ele iria demorar para voltar, depois de saciar seu desejo doentio, só me procuraria quando voltasse da sua viagem. Estava me controlando para não cheirar, 8 semanas 3 dias e 13 horas era o tempo que eu estava limpa. Mas quem estava contando?

Alessandro ainda não tinha se dado conta que eu não era mais a viciada que ele conhecia, eu já era tão experiente com aquela vida que conseguia fingir muito bem. Mal sabia ele que toda a cocaína que eu fingia usar era dispensada pela descarga do banheiro. O pouco tempo que estava tentando me livrar desse maldito vício estava sendo um verdadeiro inferno.

A abstinência era a pior parte, a vontade de voltar atrás e cheirar uma carreira era cada dia mais sufocante. Mas meu propósito de ser livre era maior, eu tinha que ter fé. Corri até o cofre onde ficava guardado todo o dinheiro do tráfico. Minhas mãos tremiam, o suor fazia a camisola grudar em meu corpo. Não tinha nenhum guarda na porta, o lugar por si só já era uma fortaleza, e quem em sã consciência iria roubar de Alessandro Viscento? Bom, eu iria tentar.

⏤ Não se esqueça de fazer como combinamos. ⏤ Disse enquanto Lúcia me ajudava à enfiar o máximo de dinheiro na bolsa que podíamos.
⏤ Meu Deus menina, não sei se consigo fazer isso.⏤ Parei por um momento segurando suas mãos geladas.

⏤ Você precisa fazer, é o único jeito de te proteger de tudo que vai acontecer quando ele descobrir que eu fugi. ⏤
⏤ Eu sei, mas te entregar Selena? Isso é loucura, eu quero te ajudar, não te jogar na boca do lobo. ⏤
⏤ Esse é o único jeito dele não desconfiar de você, só assim estará à salvo, espere somente algumas horas, enquanto o efeito do sonífero durar, então você começa a gritar que eu não estou no quarto. As coisas andaram à partir daí... ⏤

Estamos apenas começando a jornada da Selena. Continue lendo para ver o que acontecerá a seguir.

E não esquece da estrelinha para ajudar a autora que vos escreve ⭐️😃

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