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★ Capítulo 1

Olá, Bem vinda ao lar
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Eu amo rotinas, sua sequência interminável de normalidade me acalma. Você sempre sabe o próximo passo, a próxima decisão, eu amo rotinas. Mas odeio mudanças, elas requerem um planejamento novo para minhas rotinas e planejamentos novos era o que estava acontecendo por demasiado aqui em casa.

A três anos minha mãe morreu, minha rotina foi mudada. A dois meu pai começou a trazer suas novas namoradas para me conhecer, minha rotina foi mudada. A um ano ele conheceu Leslie e a trouxa para morar conosco, minha rotina foi mudada. E agora sua filha foi expulsa da casa do pai e irá vir morar aqui e dividir o meu quarto, como sempre, minha rotina foi mudada.

Meus livros e CDs, estão agora em caixas e meu quarto que antes era uma imensidão se restringe a metade.
Respiro fundo e ajeito meus óculos na fula tentativa de esquecer que a qualquer instante ela chega. Eu gostava mais quando Leslie apenas comentava o quanto sua querida filha estava feliz com o pai e ela não tinha o direito de afasta-lá dele. Que tipo de felicidade acaba em um exílio?

- Filho, ela chegou – Meu pai aparece na porta do quarto, todo animado. Eu não o via feliz assim desde que minha mãe se foi e Leslie o fazia assim. Então posso lidar com uma intrusa em minha rotina, para um bem maior.

- Eu estou um pouco febril – minto – Não posso descer na hora do jantar?

- Claro – a serenidade em pessoa afirma e sorri se virando.

Levanto com pressa retirando meus últimos pertences do armário que agora pertencia a minha destruidora de rotinas.
As horas se passaram, mas não sei quantas afinal. Meu único panorama era que o dia agora deu lugar á noite, enquanto eu terminava de arrumar minhas coisas nas gavetas e cômodas.

- É aqui? – ouço um grito vindo do corredor e não reconheço a voz.

- Sim – essa voz eu reconheço é do meu pai.

A porta é aberta e meu corpo se vira, encarando a menina parada. Sua pele extremamente branca faz contraste a minha morena, seus cabelos em uma espécie de branco, cinza e lilás faz contraste ao preto dos meus.

- Essa é minha cama? – sua voz é diferente, menos delicada do que deveria ser, visto sua aparência.

Balanço a cabeça em um sim e vejo seu corpo se jogar na cama, bagunçando um pouco o lençol perfeitamente dobrado. Reviro os olhos e volto a minha tarefa.

- Seu lado do quarto é enfeitado – sua voz sai alta, mas parece que a afirmação não foi para mim. E sim para ela mesma – Posso enfeitar o meu também? – agora foi para mim.

- Bom – me viro, vendo que agora ela estava sentada na beira da cama – Como você mesma disse, é o seu lado. Pode fazer o que quiser – digo sincero – Desde que não toque em nada do meu lado.

- Ta – sua voz é debochada e seu corpo se levanta indo ao corredor e voltando com três malas.

Ela abre uma delas e tira uma peça de roupa e nesse instante que reparo em sua vestimenta. Suas calças são largas, como calças de moletom e seu casaco é branco com algum desenho de prisão nele.

- Te vejo no jantar, maninho – ela se vira para a porta e vai na direção da mesma.

- Eu não sou seu irmão e nossos pais se amarem também não nos torna irmãos – digo sereno me levantando.

- Hum – suas sobrancelhas se levantam – Isso torna as coisas, muito mais interessantes – um sorriso diferente nasce em seu rosto, mas não consigo identificar seu significado.

Seu corpo some pelo corredor e me jogo para trás na cama, pondo as mãos sobre o rosto. Ela inalava problemas e catástrofe. E só tem uma coisa que eu odeio mais que mudanças, catástrofe.

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