★ Capítulo 9

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Ela consegue tudo que quer, quando me pega sozinho.
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Altos e baixos, montanhas e planícies, oceano e deserto, céu e terra, opostos que sabem o quão perigosos são quando se juntam e por esse motivo criaram distância entre si. Mas eu e Fire não, nós não entendemos que somos totalmente opostos e a solução mais segura era o afastamento de imediato.

Porém, meu corpo a correr freneticamente pelo corredor até o local mais perto da sala do diretor, só me mostrava como havia falhado em me manter longe de tudo que envolvesse seus surtos.

-Aqui - ela para e agarra meu braço fazendo com que meus pés se freassem ao chão - Vou repetir pela última vez. Eu vou entrar lá e fazer com que ele venha para fora e fique longe da sala e nesse tempo você vai lá e pega o envelope preto que tem meu nome escrito.

-Meu lembra pela última vez o motivo de está te ajudando? - respiro freneticamente tentando acalmar meus sentidos.

-Porque você é um bom garoto - suas mãos tocam meu rosto - Um bom garoto que não quer que o pai saiba que deixou a irmãzinha o masturba em um local público.

Chantagem, era isso que valia minha dignidade nesse instante, tudo que passei minha vida toda construindo se desmoronou ao olhar nos seus olhos e deixar que ela entrasse em minha mente.

-Boa sorte, maninho - ela sorri e corre para a sala do diretor batendo freneticamente, até que ele abra.

-Fire? - sua voz sai confusa.

-Eu sei que o senhor está ocupado, mas -ela para e uma lágrima cai de seus olhos - Eu fui fazer uma brincadeira infeliz com meu irmão e temo que ele posso fazer algo ruim a si mesmo.

-Onde está o Zayn, Fire ? - sua voz fica mais grave.

-Venha, eu mostro ao senhor - seus passos são firmes ao levar o diretor entre as curvas do corredor.

Tomo todo o fôlego existente que poderia estar em meu corpo e entro na enorme porta de madeira. Os livros pedagógicos organizados em forma alfabética, as pilhas de papéis em sua mesa, os retratos de sua esposa e filhos, o computador ligado em alguma páginas de relatórios, eu conseguia observar tudo, tudo menos aonde aquele pacote estava.

Caminho devagar com medo de até meus passos denunciarem minha localização, sento em sua cadeira enorme de couro e começo a abrir as gavetas de sua mesa. Minhas mãos passam por boletins, provas, cheques, relatórios, mas ainda nada. Coloca as mãos sobre o rosto e esfrego com força meu cabelo tentando liberar o máximo de pensamento possível para que minha mente seja mais clara e objetiva.

Assim que meus olhos se abrem novamente se voltam para uma gaveta escondida na parte interna da mesa. Me ajoelho e a abro devagar, ali estava, todas as coisas aprendidas pelo diretor nesse semestre, drogas, celulares, remédios, facas, isqueiros e ali estava o capote preto todo amassado e com o nome Fire escrito em letras brancas.

O pego rapidamente e escondo de baixo de meu moletom, corro daquela sala com toda a força que ainda me resta, o vento em meu rosto os armários passando em relance, meu coração a palpitar em meu peito como se fosse estourar minha caixa torácica, era adrenalina, a mais pura e irracional adrenalina. Que fez um sorriso abrir em meu rosto e meus olhos fecharem e só pensar em correr e correr. Até senti o mesmo bater em algo e ir ao chão.

-No que pensa ao correr assim pelos corredores, senhor Malik ? - a voz familiar faz meu corpo inteiro se arrepiar, onde antes havia adrenalina, agora existe medo de ser descoberto.

-Desculpe, diretor - ajeito meus óculos emprestados - Eu realmente não sei por onde anda minha cabeça nesses últimos dias - o que era a plena verdade.

-Acho que já o achamos, Fire - sua voz sai firme ao me ajudar a levantar - Os dois para sala de aula, já gastaram de mais de meu tempo.

-Sim, senhor - nossas vozes saem juntas ao ver seu corpo ir se perdendo pelos corredores.

-Pegou ? - seu sorriso é vitorioso e balanço a cabeça em um sim tímido, eu não sabia se agora era uma mistura de vergonha ou  medo que me invadia.

-Aqui - retiro o pacote da minha blusa e a entrego - Que fique bem claro que nunca mais farei algo desse tipo, pode contar ao meu pai o que quiser, mas algo assim não faço mais.

-Zayn - sua voz sai delicada e seu corpo se aproxima muito do meu - Pequeno, Zayn - uma de suas mãos tocam meu rosto - Você vai fazer mais coisas erradas, mas não porquê eu o ameacei e sim pelo simples fato de querer sentir aquela sensação novamente. - sua voz sai tão delicada e tão baixa que parece um sussurro para as portas do inferno.

-Eu não vou - tento ainda ser firme, mesmo querendo que sua mão que está em meu rosto desça mais.

-É o que vamos ver - como se lesse minha mente suas mãos descem e apertam meu pênis, fazendo meus olhos fecharem - Você sabe o que ando pensando? - ela sussurra em meu ouvido, enquanto suas mãos acariciam meu membro já duro por baixo do jeans - Em como te ouvir gemendo deve ser bom - minha boca se abre um pouco e imagino a cena por completo, cada detalhe dela, cada toque, cada gesto, cada sensação, cada centímetro de razão se esvaindo do meu corpo - Obrigada, por pegar meu pacote, pequeno Zayn.

Ela sai de perto  e caminha pelo corredor como se nada acabasse de acontecer e eu, pois bem, eu agora era a porra de um criminoso, a porra de um criminoso excitado.

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